Lucas Di Grassi, da Audi, na Fórmula E
(Foto: Fórmula E)

A polêmica manobra que rendeu desclassificação a Di Grassi na Fórmula E

Lucas di Grassi protagonizou uma grande polêmica durante o ePrix de Londres, no último domingo (25,) e apesar de ter cruzado a linha de chegada na frente, acabou desclassificado da corrida.

O brasileiro era nono colocado a 28 minutos do final da prova, quando o safety car foi acionado por conta de um acidente envolvendo o português António Félix da Costa em plena reta dos boxes.

Quando a fila de carros chegou próximo do acidente, ainda no começo da reta principal, o safety car diminuiu consideravelmente a velocidade para passar pelo ponto. A Audi, percebendo a manobra, chamou Di Grassi para os boxes. Não para fazer uma parada, mas a equipe achou que mesmo passando pelos boxes dentro da velocidade máxima de 50 km/h, aproveitando-se do curto pit lane do circuito de Londres, ele poderia ganhar algumas posições.

E a manobra deu certo. Muito certo. Di Grassi passou por dentro do pit lane respeitando o limite de velocidade e saiu na frente do pelotão, em primeiro. Só que claro, foi tudo bastante controverso.

Após algumas voltas, a direção de prova resolveu penalizar o piloto da Audi com um drive through, penalização em que o piloto deve passar por dentro do pit lane quando a corrida está em bandeira verde. A Audi, no entanto, acreditando que poderia reverter a situação, entrou com um recurso ainda durante a corrida para que os comissários revisassem a decisão e optou por simplesmente não informar Di Grassi que a manobra estava sendo discutida.

O recurso da Audi foi quase que prontamente recusado. E como o brasileiro não cumpriu a penalização, mesmo cruzando na frente, ele perdeu a vitória. De forma automática, a cronometragem transformou o drive through em uma punição de tempo, o que jogava o piloto da Audi para oitavo. Pouco depois, no entanto, a direção de prova resolveu desclassificar Di Grassi e multou a equipe em 50 mil euros.

O que o regulamento diz e qual foi o problema para Di Grassi

Por incrível que pareça, a manobra de Di Grassi não é ilegal pelas regras da Fórmula E. Os boxes não ficam fechados durante o período de safety car. Porém, existe um ponto importante para que ação seja válida. O carro deve parar no pit de sua equipe para pelo menos perder o tempo do que seria uma parada no box. E é aqui que a coisa pegou para o brasileiro.

O artigo 38.11 do regulamento desportivo da Fórmula E estipula que “qualquer carro que entrar no pi lane sob essas circunstâncias [safety car] deve parar em sua área de garagem designada”. Di Grassi cometeu um erro neste momento, pois ele chegou a entrar em sua posição de pit e freou. Suas rodas chegaram a travar e parar de rodar, o que lhe deu a impressão que ele tinha cumprido a exigência.

Só que analisando o vídeo da passagem do brasileiro pelo pit lane, os comissários chegaram à conclusão que apesar das rodas travarem, o carro do brasileiro deslizou por um instante e ele voltou a acelerar antes de parar completamente. Sendo assim, ele não parou no pit como o regulamento exife.

O próprio Di Grassi admitiu depois, via comunicado de imprensa, que o erro lhe custou a vitória: “O problema na minha parada foi que as rodas não pararam completamente devido ao piso escorregadio e por isso a FIA não considerou como uma parada normal no box”, explicou. “Foi uma estratégia inteligente da equipe, aproveitando um momento em que o safety car ia muito devagar pela pista”, completou o brasileiro.

Manobra esquisita deve ser permitida?

A FIA já queria há um tempo proibir que os carros da Fórmula E pudessem entrar no box durante o período de safety car até pela questão que, ao contrário da F1, por exemplo, não existe estratégia de troca de pneus ou qualquer outro tipo de parada na categoria. Só que as equipes fizeram a requisição para que continuasse permitida a entrada, principalmente para o caso da necessidade de fazerem reparos em alguma parte de seus monopostos por conta de algum toque.

Frederic Bertrand, diretor de provas da FIA para a Fórmula E, admitiu que a entidade vai ter que olhar para o texto desse artigo e tentar fechar a brecha que permitiu Di Grassi quase vencer a corrida com uma manobra bastante controversa.

“Na verdade, não aconteceu [a vitória] porque eles não fizeram da forma certa. Mas em qualquer caso, precisamos reagir e mudar isso também. Não podemos dizer o que teria acontecido se ele [Di Grassi] tivesse feito algo correto. Para o momento, a única coisa importante é que não deu certo. Mas poderia ter sido um cenário interessante do ponto de vista de corrida no sentido puro”, disse.

Certamente, é mais uma polêmica por conta de regra (e as constantes punições e desclassificações) com a qual a Fórmula E vai precisar lidar nos próximos meses.

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