Bernie Ecclestone no GP de Mônaco de 1958

A tentativa fracassada de virar piloto que levou Ecclestone à F1

Antes de se tornar o homem mais poderoso da F1, Bernie Ecclestone já foi um simples apaixonado por corridas e que tentou ter algum sucesso atrás do volante.

Diferente de muitos dos fundos de investimento e abastados donos de holdings misteriosas que vemos cada vez mais desembarcando no esporte (não só no automobilismo), o empresário – de decisões bastante questionáveis no comando do Mundial – começou sua relação com o mundo motor de forma muito parecida com diversos outros garagistas.

Estudante de química na adolescência, o inglês, filho de pescador da classe média do país, abandonou a escola aos 16 anos para começar um comércio de motos em que comprava e vendia peças.

Depois de um tempo, já mostrando seu tino empresarial e objetivo claro ao juntar dinheiro, abriu uma revendedora de motocicletas. Não demorou para Ecclestone comprar a parte de seu parceiro, Fred Compton, e se tornar único proprietário do negócio, que mais tarde se tornaria uma rede de tamanho considerável dentro da Inglaterra.

Com a paixão aos roncos dos motores e, agora, um dinheiro relevante no bolso, o empresário resolveu se meter no mundo das competições como piloto. E seguiu pelo caminho que quase todos trilham. Em 1949, ele passou a competir na F3 500cc, não de forma regular, mas em diversas provas, principalmente nas realizadas em Brands Hatch, com um Cooper Mk V, conseguindo até alguns bons resultados segundos relatos.

Em 1953, ele participou de algumas provas não válidas da F2, com um Cooper T20. Chegou a ficar na quinta posição no Troféu Londres de 1953, realizado em Crystal Palace, e que foi vencido por Stirling Moss.

Só que a ideia de se tornar um profissional do volante durou pouco tempo, já que ele desistiu depois de causar um sério acidente em Brands Hatch, quando bateu no carro de Bill Whitehouse e decolou, caindo fora da pista, na área de estacionamento. O inglês ficou levemente ferido e assustado o bastante para não querer mais ser um piloto. Pelo menos naquele momento.

Ecclestone então voltou sua atenção para sua vida empresarial, em que já começava a acumular um patrimônio de chamar a atenção, incluindo novas empresas ligadas ao setor automotivo e com especulação imobiliária.

Sua ligação com o esporte, no entanto, foi reatada poucos anos depois quando se tornou empresário do piloto Stuart Lewis-Evans. Em 58, ele comprou os carros da equipe Connaught para inscrevê-los sob a bandeira da BC Ecclestone.

A primeira tentativa foi no GP de Mônaco de 1958, quando além de Bruce Kessler e Paul Emery, o próprio Ecclestone assumiu o volante do modelo B para tentar a classificação para a corrida, sem sucesso.

Além de um carro nada competitivo, o inglês logo mostrou que seu talento não era realmente dentro da pista. Ele fez o pior tempo na classificação e, assim como seus dois outros ases, não conseguiu se classificar para a corrida. A equipe ainda faria mais uma tentativa de alinhar seus carros no GP da Inglaterra daquele ano. Ecclestone novamente participou dos treinos, mas não conseguiu realizar tempo para participar. Assim, ele passou seu Connaught-Alta para Fairman, que conseguiu entrar no grid da prova, mas abandonou após sete voltas, com um problema de ignição.

Até onde se sabe, aquelas provas acabaram sendo as última incursões de Ecclestone como piloto. Além de não ter habilidade, os acidentes que sofreu nos tempos de F3 o afastaram da vontade de seguir tentando correr.

Por outro lado, a carreira dele como empresário nunca mais se desligou da F1. Primeiro, agenciando pilotos, como o futuro campeão Jochen Rindt, e depois, como dono de equipe, a Brabham, e um dirigente bastante influente nas decisões da categoria, até se tornar o grande chefe do certame, praticamente ditando todas as regras e se colocando por trás de quase todas os movimentos importantes dos bastidores.

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