Apesar de tradicional, Lola acabou se tornando protagonista de um grande vexame na F1

6 equipes que tentaram, mas não conseguiram correr na F1

Chegar à F1 também é o objetivo mais ambicioso que uma equipe de automobilismo pode ter. São poucas as escuderias que conseguiram chegar à categoria, quanto mais ser competitivas por lá.

Ao longo da história, várias equipes tentaram criar seus projetos para ingressar no Mundial, mas não conseguiram largar em um GP sequer. Trazemos neste vídeo seis exemplos de times que tentaram, mas não conseguiram entrar de vez na F1.

DAMS (1996)

A equipe DAMS é uma das mais bem sucedidas do automobilismo internacional, incluindo grande destaque em certames como F2 e Fórmula E. Mas saiba que a equipe francesa flertou forte com a F1 na década de 90, e até mesmo chegou a construir um carro e colocá-lo na pista.

O fundador da equipe, Jean-Paul Driot, viu com bons olhos as mudanças no regulamento técnico para 94 e considerou que a F1 estaria mais acessível. Ele, então, iniciou uma parceria técnica com a Reynard, empresa experiente no desenvolvimento de chassis e que já havia criado um projeto próprio de equipe de F1 no começo dos anos 90 que não saiu do papel.

Uma das mais tradicionais equipes da base, a Dams ensaiou uma participação na F1
Uma das mais tradicionais equipes da base, a Dams ensaiou uma participação na F1

As tragédias da temporada de 94, que incluíram as mortes de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger, provocaram mudanças improvisadas no regulamento técnico (como já explicamos em um outro vídeo aqui no canal). Isso fez com que a DAMS tivesse de fazer alterações em seu projeto, o que provocou atrasos.

Foi apenas em meados de 95 que o carro, GD-01, foi apresentado. Robusto e quadradão, e com um motor Ford por debaixo da carenagem, o modelo parecia simples demais para ser minimamente competitivo. E isso também se mostrou quando o carro foi à pista.

Conduzido pelos veteranos Erik Comas e Jan Lammers, o GD-01 apresentou grande lentidão durante testes em Paul Ricard, em outubro de 95. E, sem conseguir atrair patrocinadores e investidores para bancar a iniciativa, a DAMS desistiu do projeto.

Asiatech (2002)

A empresa Asiatech começou seu envolvimento com a F1 no ano 2000 e aos poucos os planos ficaram mais ambiciosos. Primeiro, o grupo comprou os ativos que eram do programa de F1 da Peugeot assim que a fabricante francesa deixou a categoria. A Asiatech se estabeleceu como uma fornecedora de motores da Arrows em 2001 e da Minardi em 2002 usando basicamente o motor da Peugeot de 2000, só que com um outro nome.

Preparadora de motores, a Asiatech chegou a lançar o projeto de equipe na F1
Preparadora de motores, a Asiatech chegou a lançar o projeto de equipe na F1

Mas o desejo ia além. Em 2002, a Asiatech anunciou seu plano de se tornar uma equipe. O primeiro passo foi a contratação de Sergio Rinland, projetista argentino que era da Arrows e ficou livre no mercado depois da falência da equipe alaranjada.

Em setembro de 2002, durante o GP da Itália, a Asiatech até chegou a apresentar uma maquete do carro já de olho em entrar na F1 em um futuro próximo, com o objetivo de competir logo de cara no pelotão intermediário – contanto que a equipe conseguisse alguns parceiros financeiros para tornar o plano viável. 

Como você já deve imaginar, isso não aconteceu. O dinheiro que ela esperava atrair não veio, e a Asiatech desistiu do projeto e abandonou a F1 em outubro de 2002.

Honda (1999)

Já contamos aqui no Projeto Motor esta história com mais detalhes, mas vale fazer mais uma menção por aqui também. A fabricante japonesa havia encerrado sua participação oficial na F1 ao fim de 92, mas alguns anos mais tarde ela preparou um retorno triunfal.

Honda chegou a colocar um carro na pista para desenvolvimento nos anos 90, mas desistiu

A ideia era construir uma equipe inteiramente nova, com desenvolvimento não só do motor, mas também do chassi. Para isso, a equipe contratou vários funcionários que eram da Tyrrell, incluindo o projetista Harvey Postlethwaite, que desenhou o carro que seria desenvolvido pela fabricante Dallara.

O modelo RA099 nasceu, participou de vários testes com Jos Verstappen ao volante em 99 e até mostrou um rendimento promissor. O plano de entrar na F1 a partir de 2000 continuava atrativo. 

Mas, em abril de 99, Postlethwaite sofreu um infarto e faleceu, o que posteriormente contribuiu para que a Honda abortasse o plano. A marca japonesa só teria sua própria equipe de F1 em 2006, quando comprou todas as ações da BAR. E o Verstappen que eventualmente competiria empurrado pelo motor Honda não seria Jos, e sim Max 20 anos mais tarde.

Ikuzawa (1994)

Esta pouco conhecida iniciativa japonesa não conseguiu entrar na F1, mas pelo menos deixou um legado que conseguiu chegar lá e fazer bonito. Vamos explicar.

Em 94, o ex-piloto e empresário japonês Tetsu Ikuzawa fez uma aliança com Peter Windsor, jornalista e ex-gerente da Williams, para criar uma equipe de F1. O objetivo era ingressar no grid em algum momento entre 96 e 98.

Projeto da Ikuzawa teria servido de inspiração para o da Stewart

O projetista argentino Enrique Scalabroni foi contratado e desenvolveu o projeto, chamado de HW001. Só que alguns detalhes não conseguiram ser solucionados: por exemplo, a equipe conversou com a Ford sobre o fornecimento de motores, mas as partes não conseguiram chegar a um acordo. Para piorar, problemas econômicos no Japão obrigaram o projeto a ser cancelado.

A questão é que os funcionários envolvidos na iniciativa da Ikuzawa foram recrutados por outras equipes da F1. Alguns deles foram parar no projeto da Stewart, que entrou na F1 em 97. Peter Windsor garante que o SF-01, modelo da nova equipe e com o qual Rubens Barrichello obteve um pódio no GP de Mônaco de 97, era uma versão mais desenvolvida do natimorto carro da Ikuzawa.

Dome (1996)

Temos aqui mais um projeto japonês que não se concretizou. A tradicional construtora de chassis Dome iniciou, em 95, um projeto para criar sua equipe própria na F1. A ideia original era realizar testes em 96 para competir a partir de 97.

Dome chegou a construir a andar com seu modelo de F1, mas projeto não foi adiante
Dome chegou a construir a andar com seu modelo de F1, mas projeto não foi adiante

Foi quando nasceu o modelo F105, que usava motores Mugen-Honda, com câmbio e sistema hidráulico da Minardi. A equipe contaria com três pilotos de testes: Marco Apicella, que chegou a ser parceiro de Barrichello na Jordan em 93 e campeão em 94 com a Dome na Super Fórmula (na época chamada de F3000 Japonesa), e os pilotos locais Shinji Nakano e Naoki Hattori.

A Dome testou o modelo F105 em algumas pistas japonesas ao longo de 96, mas alguns problemas de confiabilidade e de rendimento logo apareceram. Em Suzuka, por exemplo, o melhor tempo do time seria insuficiente para o carro se classificar para o GP do Japão de 96, já que a volta era levemente mais lenta que a nota de corte de 107% em relação à pole.

Como o projeto não engajou patrocinadores japoneses como se esperava, a Dome não teve alternativas a não ser abrir mão do projeto. 

Mastercard Lola (1997)

O episódio da Lola é tão famoso que merece um vídeo à parte contando mais detalhes – mas não tínhamos como deixar de fora deste vídeo aqui.

A empresa, referência na construção de chassis, queria mais uma vez entrar na F1 depois de algumas tentativas anteriores sem grande sucesso. O plano original da Lola era construir um carro para correr em 98, já que assim teria todo o tempo necessário de desenvolvimento para começar de forma competitiva.

Lola até tentou se classificar para o GP da Austrália de 1997, mas teve sucesso

Mas nem internamente isso era consenso. Algumas empresas envolvidas na empreitada, sobretudo a MasterCard, sua patrocinadora principal, queriam porque queriam que a estreia do time fosse antecipada já para 97.

O cronograma acelerado teve uma série de efeitos colaterais. A intenção era usar um motor próprio, mas não houve tempo para sua conclusão. Isso obrigou a Lola a usar um motor ultrapassado da Ford e atrasou qualquer preparação mínima para o começo da temporada.

A equipe tentou participar do GP da Austrália de 97, mas seus pilotos – Vincenzo Sospiri e Ricardo Rosset – ficaram, respectivamente, a 11s e 12s do tempo da pole. Como eles não atingiram os 107% necessários, a Lola não foi autorizada a largar. O time chegou a levar seu equipamento a Interlagos para a segunda corrida da temporada, mas antes do começo das atividades ela anunciou que desistiria da F1, o que marcou um dos maiores fiascos da história recente da categoria.

Confira mais detalhes em nosso vídeo especial:

Comunicar erro

Comentários

Wordpress Social Share Plugin powered by Ultimatelysocial