(Foto: Carl Bingham/Fórmula E)

O que você precisa saber sobre a etapa da Fórmula E em São Paulo

Depois de muitos anos de negociações fracassadas, diversas cidades candidatas, circuitos desenhados e anúncios embargados, a Fórmula E finalmente chega ao Brasil. No próximo sábado (25), o campeonato mundial de monopostos elétricos irá realizar o ePrix de São Paulo.

Como é tradicional da Fórmula E, com algumas exceções, ao invés de correr no autódromo de Interlagos, a corrida irá acontecer em um circuito de rua. O traçado foi montado na região do Complexo do Anhembi, inspirado na etapa da Indy que aconteceu na mesma região entre 2010 e 13, passando no entorno do pavilhão de eventos e por dentro do sambódromo.

A Fórmula E foi inaugurada em 2014, com apoio total da FIA, se apresentando como a primeira categoria de monopostos totalmente elétricos. Desde então, o campeonato passou por alguns altos e baixos, mas, no geral, vem crescendo com alguma constância.

Em sua primeira temporada, entre 2014 e 15, o calendário contou com 11 etapas e 10 cidades (uma rodada dupla). Na atual, são 16 provas em 11 cidades diferentes (cinco rodadas duplas), passando por Ásia, África, Américas do Sul e do Norte e Europa.

Além disso, a Fórmula E conta com a participação expressiva das montadoras DS (Citroen), Nio, Nissan, Maserati, Mahindra, Jaguar e Porsche. Todas elas fabricam suas próprias unidades de potência. Entre as equipes, estão alguns nomes importantes do automobilismo como Penske (time oficial da DS), McLaren (cliente da Nissan) e Andretti (cliente Porsche).

O carro da Fórmula E

O chassi da Fórmula E é padrão para todas as equipes. Em 2023, a categoria estreou o terceiro modelo de sua história, o Gen3, fabricado pela francesa Spark Racing Technology. O modelo tem 5012,6mm de comprimento, 1700mm de largura (2970mm de entreeixos) e pesa 854 Kg.

A bateria que armazena energia do carro é padrão, produzida pela Williams Advanced Engineering. A unidade de potência, no entanto, é de fabricação livre pelas montadoras. A potência máxima é de 350 kW (469 cavalos) na classificação e 300 kW (402 cv) na corrida. A velocidade final é estimada em 322 Km/h.

Assim como a F1, o modelo da Fórmula E também possui um sistema de recuperação de energia cinética nas freadas. A capacidade total da regeneração chega a 600Kw.

Stoffel Vandoorne da equipe DS Penske da Fórmula E
Stoffel Vandoorne da equipe DS Penske da Fórmula E (Sam Bloxham/Fórmula E)

Formato da corrida e classificação

Os pilotos da Fórmula E vão para a pista em cinco sessões diferentes durante uma etapa. Confira quais são os momentos e os horários específicos do ePrix de São Paulo:

Sexta-feira (24/03)
14h30-14h45 – shakedown
16h30 – 17h – treino livre 1

Sábado (25/03)
7h30 – 8h – treino livre 2
9h40-10h55 – classificação
14h – Corrida

A classificação é dividida em quatro fases. Na primeira, os 22 pilotos são divididos em dois grupos de 11 que ficam na pista por 12 minutos cada, seguindo a classificação do campeonato (posições ímpares no grupo A e as pares, no B). Os quatro pilotos mais rápidos de cada grupo avançam.

Esta segunda parte da classificação é inspirada em mata-matas do futebol em que dois pilotos entram na pista para se enfrentarem em duelos. Nas quartas-de final, o mais rápido do grupo A pega o 4º do B, o 2º do A corre contra o 3º do B e assim sucessivamente. Em seguida, temos as semifinais e, finalmente, a final define o pole position. Os restante das posições segue como os pilotos ficaram colocados na fase em que foram eliminados.

O ePrix de São Paulo terá 31 voltas, o que é equivalente a 91,6 Km. A Fórmula E não tem mais o “Fan Boost”, carga extra de potência para era concedida para pilotos mais votados em uma enquete, mas manteve o “Modo Ataque”.

Os pilotos obrigatoriamente precisam ativar por duas vezes durante a prova este sistema, que adiciona até 50 Kw por um determinado tempo (dependendo do circuito). Porém, para os pilotos poderem utilizá-lo, eles precisam passar por uma zona de ativação que normalmente fica fora do traçado rápido, o que pode causar perda de tempo ou até de posição. Assim, acionar o Modo Ataque é uma questão de estratégia tanto para tentar ganhar posição, mas também sobre o momento ideal para essa perda de tempo calculada.

Zona de ativação do Modo Ataque fica fora do traçado convencional (Fórmula E)

O circuito do Anhembi

Apesar de ficar no mesmo local em que a Indy competiu no começo da década de 2010 e também utilizar a reta que passa pelo sambódromo paulistano, o circuito da Fórmula E será bastante diferente do que a categoria americana utilizou em sua passagem por São Paulo.

A começar pelo sentido do traçado. Enquanto o da Indy era no sentido horário, passando pelo sambódromo e indo de encontro ao Pavilhão do Anhembi, a Fórmula E vai vir da área de exposições e eventos e descer a passarela do samba.

No total, o traçado terá 2.933 metros com 11 curvas. A Marginal Tietê não será utilizada como foi na Indy. Ao sair do sambódromo, os pilotos da Fórmula E passarão por uma sequência de três curvas e entrarão na Avenida Olavo Fontora, do outro lado do sambódromo.

Os pilotos então terão duas longas retas pela frente, divididas por uma chicane menos travada do que o padrão da categoria nos últimos anos, em uma clara demonstração da evolução dos circuitos para o modelo Gen3, prometida há meses como já contamos aqui no Projeto Motor.

Ao final da Av. Olavo Fontara, os pilotos fazem uma uma sequência de curvas em 90° para retornarem ao sambódromo, com mais uma reta curta no meio do setor.

Brasileiros da Fórmula E

Durante a curta história de nove temporadas da Fórmula E, o Brasil já criou uma tradição considerável. O primeiro campeão da história da categoria foi Nelsinho Piquet, em 2015. Dois anos depois, foi a vez de Lucas di Grassi levantar a taça.

No momento, Di Grassi divide com o suíço Sebastien Buemi a liderança na estatística de vitórias em toda a Fórmula E com 13. O último triunfo do paulistano aconteceu em 2021, no ePrix de Londres.

Campeão em 2017 pela Audi, Lucas di Grassi corre na Fórmula E atualmente pela Mahindra
Campeão em 2017 pela Audi, Lucas di Grassi corre na Fórmula E atualmente pela Mahindra (Foto: LAT/Fórmula E)

Atualmente, Di Grassi compete pela Mahindra, equipe oficial da montadora indiana. Após as cinco primeiras etapas do campeonato, ele ocupa a 10ª posição na classificação geral com 18 pontos. O líder é Pascal Wehrlein, da Porsche, com 80.

O outro brasileiro da competição é o mineiro Sérgio Sette Câmara, pelo time da montadora chinesa NIO. O ex-F2 é o 15º do campeonato com 10 pontos.

Transmissão e ingressos

Em 2023, a Fórmula E ganhou uma nova casa para suas transmissões no Brasil. O Grupo Bandeirantes comprou os direitos da categoria e o ePrix de São Paulo será transmitido tanto na Band quanto no canal fechado Bandsports.

Para quem quer ir ao circuito do Anhembi assistir ao vivo à primeira prova da Fórmula E no Brasil, ainda existem ingressos disponíveis no site oficial de vendas. Os preços variam – dependendo do setor – de R$ 300,00 (R$ 150,00 a meia entrada) até R$ 1.500,00.

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