Até quando parece que está em situação difícil, Hamilton consegue virar o jogo
(Foto: LAT Images/Mercedes)

Hamilton estratégico: entenda como inglês virou a mesa em Imola

Segundo na classificação, terceiro após a primeira curva. Em um circuito de difícil ultrapassagem, tudo parecia indicar que desta vez, o domingo não seria de Lewis Hamilton. Só que o inglês se manteve em uma boa posição na estratégia e levou o GP da Emília-Romanha do mesmo jeito.

Duas questões foram importantes para que a tática de Hamilton desse certo. E não, o safety car virtual não está entre elas. Mas sim um problema no carro de Bottas e a participação de Max Verstappen na luta pela vitória.

Isso porque quando o safety car virtual foi acionado na 30ª volta, Hamilton já tinha vantagem para um pit stop rápido e retornar à frente de Bottas. O que ajudou o atual campeão da F1 foi que o companheiro passou por cima de um pedaço de carro da Ferrari de Sebastian Vettel consideravelmente grande. Isso causou um enorme desiquilíbrio em sua Mercedes no primeiro trecho da prova, quando ele liderava, e o impediu de abrir vantagem à frente.

Assim, tivemos uma primeira parte da corrida em que Bottas, Verstappen e Hamilton seguiram juntos nas três primeiras posições, o que abria a chance para estratégias diferentes tanto do piloto da Red Bull quanto do inglês da Mercedes. Ou seja, Bottas ficou vendido, já que qualquer que fosse sua tática de pit stop, ele teria alguém o atacando pelo outro lado.

A aposta da Red Bull que abriu caminho para Hamilton

Andando próximo de Bottas, como já era esperado desde as primeiras voltas, Verstappen tentou parar mais cedo para voltar à pista com pneus mais novos e conseguir tomar a posição do adversário. O holandês fez seu pit stop na volta 18.

Para não deixar o piloto da Red Bull tomar a posição de pista em circuito de difícil ultrapassagem, a Mercedes não tinha outra opção a não ser chamar Bottas para sua troca na volta imediatamente depois. E foi o que ela fez, conseguindo, por muito pouco, manter o finlandês à frente do rival. Na parada, a equipe retirou o pedaço da Ferrari que ficou preso no carro de seu piloto. O dano no assoalho, no entanto, já estava feito.

Sem Bottas e Verstappen à frente, a janela para Hamilton se abriu. E o inglês logo percebeu e avisou no rádio: “Vou aumentar o ritmo. Não me parem.” Como não precisou se esforçar para acompanhar o ritmo nas primeiras voltas, Hamilton sabia que tinha pneus médios em boas condições para acelerar e aproveitar ainda que seus adversários estavam com compostos duros novos, que nas baixas temporadas do final de semana em Imola, abaixo dos 18°C, demorariam algumas voltas para ganharam temperatura e entrarem na faixa de funcionamento ideal.

Na volta em que Bottas foi para os boxes, já sem Verstappen à frente, Hamilton iniciou sua sequência de melhores voltas, com 1min18s477. Para se ter ideia do aumento de ritmo, na passagem anterior, ele tinha virado 1min19s017 e Bottas, 1min18s880. Nas nove voltas seguintes, o inglês voltaria a baixar a marca da melhor volta da prova por mais quatro vezes, chegando ao tempo de 1min17s502 na 29ª passagem.

Neste período da prova, a vantagem dele para Bottas subiu de 24s036 na 20ª volta para 28s190 ao final da 29ª, sendo que a perda média de tempo no pit lane estava sendo de 27 segundos. Para se ter uma ideia mais exata, Verstappen perdeu 26s1 em seu pit e Bottas, 26,9. Ou seja, Hamilton, que ainda poderia ficar mais algumas voltas na pista, neste momento já estava coberto.  

Na volta 30, Esteban Ocon estacionou seu carro na lateral da pista com problema mecânico e o um safety car virtual foi acionado. Neste momento, os pilotos precisam andar abaixo de certa velocidade, calculada para cada circuito e controlada pelo sistema de GPS da FIA. Hamilton então entrou para fazer sua parada e retornou com tranquilidade, 3s7 à frente do rival.

Trecho final de corrida

Já na ponta e com o carro de Bottas comprometido, a corrida se tornou a partir deste momento um passeio para Hamilton. O finlandês, sem o equilíbrio ideal em sua Mercedes, cometeu dois erros na curva Rivazza, sendo que o segundo resultou na ultrapassagem de Verstappen, usando a asa móvel na reta seguinte até a freada da Tamburello.

Bottas escapa na Rivazza e Verstappen mergulha na reta seguinte para passar o finlandês (Foto: Joe Portlock/Getty Images/Red Bull Content)

A alegria do piloto da Red Bull, no entanto, duraria pouco, já que na volta 51, o pneu traseiro direito do carro do holandês estourou e o tirou da prova. Assim, ficou aberto o caminho para mais uma dobradinha da Mercedes, com Hamilton em primeiro e Bottas em segundo, o que assegurou o sétimo título mundial de construtores consecutivo para a Mercedes.

A equipe alemã passa a ter de forma isolada agora a maior sequência de campeonatos de equipes, deixando para trás a Ferrari, que venceu seis entre 1999 e 2004. Agora, fica a expectativa para o hepta de Hamilton, que pode ser confirmado já na próxima etapa, o GP da Turquia, daqui duas semanas.

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