O dia em que a Jaguar perdeu diamante de U$ 300 mil em batida de Klien
Ações promocionais de filmes na F1 são relativamente rotineiras. Os estúdios patrocinam novas pinturas nos carros e fazem eventos dentro de GPs com atores e personagens junto com pilotos e equipes nas vésperas do lançamento de seus produtos no cinema. Um desses casos, em 2004, envolvendo o extinto time da Jaguar, acabou se tornando uma história talvez até melhor do que o filme que ela divulgava.
Antes de contar essa específica, no entanto, podemos relembrar alguns outros casos relativamente recentes de parceria entre o cinema e equipes de F1. A maioria envolvendo franquias gigantescas e já bastante conhecidas do público, o que acabou fazendo com que a promoção acabasse sendo uma via de mão dupla, ajudando não só os estúdios, mas também atraindo alguma atenção para as escuderias que estavam fazendo a divulgação.
Star Wars e DC
Em 2005, por exemplo, a Red Bull fez uma parceria com a Lucasfilm para promover durante o GP de Mônaco a estreia de Episódio III: a Vingança dos Sith, da franquia Star Wars. Além do layout de cores do carro, os mecânicos também foram vestidos de stormstroopers. Personagens como os carismáticos Chewbacca e o temido Darth Vader frequentaram durante todo o final de semana os boxes da equipe austríaca, que estava ainda dando seus primeiros passos na F1.
Aquela era a primeira temporada da Red Bull, que comprou o que era a Jaguar até o ano anterior. Você pode conferir mais sobre essa evolução do nome de cada equipe atual em um vídeo no nosso Youtube.
O time tentava se colocar como uma organização mais descontraída dentro daquele ambiente sempre muito sisudo da F1. Ações deste tipo foram comuns naqueles primeiros anos da Red Bull. E no ano seguinte, ela voltou aliada a outra grande força do universo Geek: Superman.
O time agora promovia o lançamento de Super-Homem: O Retorno, filme que provavelmente os fãs preferissem que não tivesse sido feito. Mas pelo menos na F1, o super-herói da DC deu mais gás à equipe do que a Força de Star Wars. Se em 2005, nenhum dos carros sequer terminou a prova em Monte Carlo, desta vez, David Coulthard levou a Red Bull ao primeiro pódio de sua história.
O escocês, inclusive, foi receber o seu troféu ao lado da família real monegasca vestindo a gloriosa capa do herói, um dos mais populares da história dos quadrinhos e do cinema (pelo menos graças aos outros filmes da marca).
Ao lado de Alonso e Montoya, Coulthard subiu ao pódio do GP de Mônaco de 2006 com a capa do Supe-Homem (Foto: Red Bull)
A DC-Warner Bros gostou da brincadeira e dois anos depois voltou à F1 só que desta vez com a equipe Toyota. Durante o GP da Inglaterra, ela estampou na asa traseira dos carros da equipe japonesa e no motorhome o morcego de Batman para promover “O Cavaleiro das Trevas”, segundo filme da exaltada trilogia do herói sob a batuta do diretor Christopher Nolan.
Em 2012, a franquia Batman se aliou à Lotus, que na época tinha o popular Kimi Raikkonen em um de seus carros, para divulgar o terceiro filme daquela história, “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”. Em ambas as ações, o estúdio americano levou a Silverstone o Tumbler, aquela versão do batmóvel que parece um tanque de guerra com design de esportivo italiano.
Há três anos, para o lançamento de Últimos Jedi, George Lucas e a turma de Star Wars voltou ao paddock da F1. Agora, a parceria era com a Renault. Os carros da marca francesa receberam a logo da franquia espacial e os macacões dos pilotos Nick Hulkenberg e Jolyon Palmer foram estilizados como um stormtrooper e um piloto da Resistência.
O diamante da Jaguar
Antes de todos esses casos, em 2004, a Jaguar, aquela que se tornaria Red Bull na temporada seguinte, também fez ação com um estúdio de cinema para promover o filme 12 Homens e Outro Segredo, sequência do filme com o estrelado elenco liderado por George Clooney, Brad Pitt e Matt Damon.
Como a franquia é sobre ladrões que roubam itens preciosos, algum gênio do marketing achou que seria uma ótima ideia colocar um diamante de U$ 300 mil, do tamanho de um botão de camisa, no bico de cada um dos carros de F1 da equipe durante o GP de Mônaco (foto do artefato no alto do texto).
Os diamantes foram emprestados pela empresa israelense Steinmetz. Eles tentaram fazer uma proteção, mas, diferente dos caras do marketing que acharam a ideia sensacional, nenhuma companhia de seguros aceitou a proposta. Mesmo assim, alguém pensou “será que precisamos deste seguro mesmo? O que pode acontecer a um carro de F1 em Mônaco?”.
O desenrolar da história é previsível. Logo na primeira volta da corrida, o estreante Christian Klien bateu sua Jaguar na Mirabeau e abandonou a prova. Quando o caminhão trouxe o modelo R5 de volta aos boxes, adivinhe qual parte estava faltando? O diamante, claro. “Essa será a volta mais cara que vou fazer em Monte Carlo”, brincou o piloto austríaco com a situação, segundo matéria do jornal The Guardian do dia seguinte.
Como o acidente foi na primeira volta, os representantes da Jaguar não puderam procurar pelo diamante por quase duas horas, já que a corrida estava acontecendo. Depois, óbvio, ninguém achou nada no local. Investigadores da polícia de Mônaco chegaram também a fazer interrogatórios com pessoas e fiscais que estavam no local, mas ninguém soube dizer o que aconteceu com a valiosa peça.
Um rumor no paddock começou a circular que um fã que estava próximo ao local, conseguiu pegar o diamante e o levou para casa. Mas nada foi realmente comprovado. “Alguém aqui foi embora com algo a mais do que um simples souvenir de corrida”, também caçoou o então assessor de imprensa da equipe, Nav Sidhu, também ao The Guardian.
A turma de Clooney conseguiu enrolar o rival no filme, mas, até onde se sabe, o diamante de 12 Homens e Outro Segredo na Jaguar seguiu para sempre um mistério que nem aquela trupe conseguiria desvendar.
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