Jordan ameaçou várias vezes se tornar grande na F1, mas ficou pelo caminho
(Foto: Divulgação)

A sensação que sucumbiu: por que a equipe Jordan desapareceu da F1

A equipe Jordan foi uma das sensações da F1 na década de 90. Marcada por um ar descolado, e com carros competitivos, a operação chegou a sonhar alto, conquistando vitórias e flertando com o título mundial.

Isso atraiu uma grande base de fãs, mas, logo depois, a Jordan entrou em decadência até desaparecer da F1. Mas quais fatores resultaram no fim da equipe Jordan?

Você provavelmente está pensando: “Mas a Jordan não desapareceu da F1, ela só mudou de nome até virar a atual Aston Martin”. E isso é verdade. Porém, em todo esse caminho, a Jordan passou por fases diferentes, e hoje já está completamente distante daquela equipe que marcou época. Mas vamos começar lá do começo.

Fundação da Jordan e início na F1

A Jordan tem origem na virada da década de 70 para a de 80, quando Eddie Jordan, um aspirante a piloto que não conseguiu progredir na carreira, montou uma equipe para competir nas categorias de base.

A Eddie Jordan Racing ganhou destaque e conquistou títulos na F3 Inglesa e F3000 Internacional, então a operação estava pronta para o seu passo mais ambicioso. Para 1991, a Jordan faria sua estreia na F1, quando passaria a se chamar Jordan Grand Prix.

A equipe chegou buscando seu espaço e pouco a pouco foi se consolidando. Em 94, vieram o primeiro pódio e a primeira pole position, ambas com Rubens Barrichello. Em 95, houve um marco importante para a Jordan: ela fechou uma parceria de fábrica com a Peugeot, e esperava dar o salto definitivo ao pelotão da frente. Não foi o que aconteceu.

A equipe passou por problemas e não conseguiu se desvencilhar do bloco intermediário, com ocasionalmente mais alguns pódios, mas volta e meia sendo uma pedra no sapato das gigantes.

O grande momento da Jordan

Para 98, a Jordan perdeu o apoio de fábrica da Peugeot para a francesa Prost, e passou a adotar os motores Mugen-Honda. As coisas demoraram um pouco para engrenar. A Jordan passou a primeira metade da temporada sem marcar pontos, mas depois progrediu com seu carro e chegou à sua histórica primeira vitória, com uma dobradinha de Damon Hill e Ralf Schumacher em Spa.

O bom momento foi carregado para 99. Liderada por Heinz-Harald Frentzen, a equipe foi presença constante na dianteira, conquistou duas vitórias e até sonhou em lutar pelo título mundial. No fim, faltou fôlego para combater Mika Hakkinen, da McLaren, e Eddie Irvine, da Ferrari, mas a impressão deixada foi a melhor possível.

A Jordan vivia o seu auge na F1: era uma equipe com imagem descolada, com um chefe excêntrico, belos carros e enfim competitiva. E havia motivo para muito otimismo no horizonte, graças à Honda.

A fabricante japonesa queria voltar à F1 no fim dos anos 90, e até flertou seriamente com a possibilidade de ter um time 100% próprio, como já contamos aqui no Projeto Motor. Contudo, os planos mudaram. A Honda voltou oficialmente à F1 em 2000, mas apenas como fornecedora de motores da BAR. A Jordan inicialmente continuou com o acordo via Mugen, mas em 2001 também adotou uma parceria oficial com a Honda, o que dava à equipe a expectativa de dar um grande salto de competitividade.

Decadência e fim agonizante

A parceria com a Honda acabou sendo uma decepção. Em 2001, a Jordan esteve longe de Ferrari, McLaren e Williams, que disputavam as principais posições, e sofria com um carro com pouca confiabilidade.

A falta de performance deixou o clima turbulento, o que incluiu uma demissão repentina de Frentzen, por fax, com a temporada ainda em andamento. Ao fim do ano, ela terminou atrás até mesmo da Sauber, sem sequer conseguir um pódio. O conforto foi o fato de ela ter ficado à frente da BAR, sua rival dos motores Honda.

A equipe sentiu o baque da temporada ruim. Para 2002, ela cortou 40 funcionários, e mais uma vez esteve longe da luta por vitórias ou pódios. Do outro lado, a Honda não era grande entusiasta de ter duas parceiras na F1, e planejava contar com apenas uma aliada em um futuro próximo. Então, a fabricante rompeu com a Jordan para 2003, e decidiu se concentrar apenas na BAR. O detalhe irônico é que, em 2002, mais uma vez a Jordan superou a BAR no Mundial…

Foi uma ruptura que marcou a derrocada definitiva da Jordan. Além de ficar sem a parceria da Honda, antes a sua grande esperança de se tornar gigante, a Jordan também perdeu patrocinadores importantes para 2003. Ela passou a usar motores Ford e até conseguiu uma vitória graças às circunstâncias incomuns em Interlagos (uma bandeira vermelha na hora certa), mas, tirando isso, ela perdia cada vez mais relevância.

Em suas últimas temporadas, a Jordan se acostumou a andar no final do pelotão
Em suas últimas temporadas, a Jordan se acostumou a andar no final do pelotão (Foto: Divulgação)

A Jordan se tornava presença rara na zona de pontuação, e tanto em 2003 como em 2004, estava na verdade mais perto do fundo do pelotão do que no bloco intermediário. Para dificultar ainda mais a situação, a Ford deixou a F1 em cima da hora ao fim de 2004, o que deixava a Jordan com pouco tempo hábil para encontrar uma parceira para 2005.

Venda da equipe e mudança de nome

Sem uma aliança técnica forte, sem dinheiro e com recursos limitados, a situação ficava crítica. Surgiam rumores de que a Jordan seria colocada à venda, inclusive com algumas figuras especuladas para a compra, como Craig Pollock, fundador da BAR, Roman Abramovich, que havia acabado de se tornar proprietário do Chelsea, ou investidores dos Emirados Árabes.

Mas a opção final era outra: o empresário russo-canadense Alex Shnaider encabeçava o projeto da Midland, na tentativa de criar uma equipe russa na F1. Para facilitar a operação, Shnaider decidiu comprar uma equipe já existente em vez de criar uma estrutura do zero, e então a Jordan surgiu como opção.

A compra da Jordan pela Midland foi oficializada no dia 24 de janeiro de 2005, e ela teve até uma apresentação em plena Praça Vermelha, em Moscou, firmando a nova aliança com a Toyota, e deixando clara sua nova identidade.

Por mais que seu nome ainda batizasse a equipe, Eddie Jordan não estava mais envolvido nas operações do dia a dia, o que deixava claro que uma página havia sido virada. A Jordan ainda teve tempo para um último pódio, com um terceiro lugar de Tiago Monteiro no histórico fiasco de Indianápolis, que já detalhamos por aqui. Foi o último suspiro de competitividade. Em outubro, no GP da China, a Jordan fez sua última largada na F1, terminando sua passagem na categoria de forma bastante discreta.

A partir de 2006, a operação estaria totalmente repaginada, com um novo nome, novas cores, e representando a Rússia. Era o fim definitivo da Jordan, uma das últimas operações da F1 a carregar o nome e a trajetória de seu fundador e de sua vida inteira dedicada às corridas.

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