Os países que tiveram um único representante na F1

Em mais de 70 anos de história, a F1 já contou com a participação de pilotos de diversos países nas largadas de seus GPs oficiais. Ao todo, 38 nações já tiveram seus representantes, com destaque para o Reino Unido, com 145 pilotos, e a Itália, com 83. O Brasil também chama a atenção nesta lista, com 31 nomes que largaram em corridas. 

Mas, se por um lado há países que já contaram com vários representantes, por outro há aqueles que a presença na F1 é algo raro. No total, sete países só tiveram um único piloto na F1 em toda a história, sendo que alguns tiveram passagens apagadas, enquanto que outros chegaram bem longe. 

Neste texto, vamos relembrar quais são estes países e quem são estes pilotos – lembrando que só vamos contabilizar aqueles que participaram de largadas em GPs oficiais. 

Liechtenstein – Rikky von Opel

Começamos já com um caso bastante incomum. Rikky von Opel nasceu nos Estados Unidos, tinha cidadania alemã, mas competiu na F1 representando o Liechtenstein, um pequeno principado que fica entre a Suíça e a Áustria. Herdeiro da gigante fabricante automotiva Opel, o piloto chegou a correr usando um pseudônimo no início de sua carreira, justamente para evitar chamar a atenção. 

Porém, sua chegada à F1 foi facilitada pela fortuna de sua família, o que o possibilitou arrumar uma vaga na equipe Ensign a partir de 73. No início de 74, ele continuou no mesmo time, mas depois se mudou para a Brabham, que tinha um conjunto mais promissor. Só que, na nova equipe, Von Opel não se encontrou, e foi dispensado depois de seis corridas – sendo que em duas delas ele nem se classificou para grid. 

Von Opel deixou a F1 sem conseguir chegar perto dos pontos, e o automobilismo passou a ser uma página virada em sua vida. A notícia mais recente sobre seu paradeiro é de que ele se tornou um monge budista e vive recluso na Tailândia. 

Chile – Eliseo Salazar

Acidente com Piquet marcou a carreira de Salazar na F1 (Foto: Reprodução)

Único representante do Chile na F1, Eliseo Salazar é bastante conhecido do grande público devido a um episódio infeliz, mas daqui a pouco a gente chega lá. Ele entrou na F1 em 81, pela equipe March, mas enfrentou dificuldades de rendimento e se classificou para o grid em apenas uma vez em seis tentativas. Em junho daquele ano, ele se transferiu para a Ensign, onde as coisas melhoraram consideravelmente. Salazar terminou em sexto em Zandvoort e marcou seu primeiro ponto na F1. 

Em 82, mais uma vez ele estava de casa nova, desta vez na ATS. Ele chegou a terminar em quinto em Imola, em corrida que contou com o grid consideravelmente desfalcado devido a desentendimentos políticos na F1. Mas o lance de Salazar que mais marcou o público veio no GP da Alemanha, quando ele colidiu com o líder, Nelson Piquet, quando iria levar uma volta, o que fez o brasileiro perder a cabeça e agredi-lo

Salazar permaneceu na F1 por mais um tempo em 83, mas deixou a categoria com a temporada ainda em andamento. Depois disso ele se dedicou à carreira em outros certames do automobilismo, com destaque maior para um terceiro lugar nas 500 Milhas de Indianápolis em 2000. 

República Tcheca – Tomas Enge

Tomas Enge despontou como promessa do automobilismo no fim dos anos 90, quando se destacou na F3000 (a F2 da época) e chamou atenção de algumas equipes da F1. Mas sua estreia no grid se deu de maneira inesperada, no meio da temporada de 2001. A equipe Prost precisava de um substituto para Luciano Burti, que havia sofrido um sério acidente em Spa, e Enge ficou com a vaga, o que o tornou o primeiro piloto tcheco a correr na F1.

Mas o balde de água fria não demorou a vir. O carro da Prost era difícil de pilotar e tinha problemas de desenvolvimento, já que a equipe enfrentava uma séria crise financeira. Assim, Enge foi presa fácil para seu companheiro de equipe, o veterano Heinz-Harald Frentzen, e teve rendimento bastante apagado nas três provas que fez.

Em 2002, Enge voltou à F3000 para tentar se credenciar a um retorno à F1. Ele foi o piloto que mais pontuou naquele campeonato, mas perdeu o título por ter falhado em um exame antidoping na etapa da Hungria, algo bastante raro para o automobilismo. 

Malásia – Alex Yoong

Foto: Minardi

Assim como Tomas Enge, Alex Yoong também estreou na F1 no GP da Itália de 2001, e também substituindo um brasileiro. Ele entrou no lugar que era de Tarso Marques na Minardi, o que marcou a estreia de um piloto malaio no Mundial. O ingresso de Yoong à F1 se deu por fatores financeiros, já que o piloto tinha patrocinadores pessoais, enquanto que a Minardi enfrentava dificuldades neste quesito. 

Dentro da pista, Yoong teve cadeira cativa na lanterna do grid, e não ofereceu resistência alguma aos companheiros de equipe – Fernando Alonso, em 2001, e Mark Webber em 2002. A situação chegou a ser crítica quando sequer conseguiu se classificar para o grid em Silverstone e Hockenheim, o que fez com que a Minardi o substituísse por Anthony Davidson por duas corridas em 2002. Apesar de todo seu suporte financeiro, o piloto foi dispensado pela Minardi para a temporada de 2003, o que pôs um fim definitivo à sua passagem pela F1.

Hungria – Zsolt Baumgartner

Mais uma nação estreou na F1 no começo da década de 2000: a Hungria, que viu Zsolt Baumgartner ter uma passagem rápida pelas equipes mais modestas do grid. Em 2003, ele era um competidor sem grande destaque na F3000, e conciliava suas atividades com a posição de piloto de testes da Jordan. 

Porém, logo no GP da Hungria, o titular da equipe, Ralph Firman, sofreu um acidente forte durante um treino livre e foi vetado tanto daquela corrida como também do GP da Itália. Baumgartner, então, assumiu a vaga e se tornou o primeiro húngaro em uma prova, justamente em Hungaroring. 

Em 2004, ele assumiu uma vaga de titular definitivo na Minardi, e foi por muito tempo o nome mais frequente no último lugar do grid. Mas, em meio a uma temporada repleta de dificuldades, houve um destaque para a corrida caótica em Indianápolis. Baumgartner beliscou um ponto com o oitavo lugar, o que foi um feito bastante comemorado. 

Indonésia – Rio Haryanto

Haryanto competiu em parte de 2016 pela Manor (Foto: Studio Colombo/Pirelli)

A entrada de Rio Haryanto na F1 colocou a Indonésia no mapa da categoria, mas também criou algumas situações estranhas. O jovem piloto havia conseguido um quarto lugar no campeonato da GP2, em 2015, e utilizou seu grande aporte financeiro para garantir uma vaga na F1 pela Manor, em 2016. 

A Manor era o time mais modesto, então o desafio de Haryanto era basicamente superar alguém para não ocupar a última posição. Mesmo assim, sua chegada à F1 foi uma notícia e tanto para a Indonésia. No GP da Austrália, inclusive, Haryanto chegou a vencer a eleição de “Piloto do Dia” da F1 – afinal, a Indonésia, o quarto país mais populoso do mundo, votou em peso em seu compatriota. Só que ele não levou o prêmio, pois a categoria não iria contabilizar votos “vindos de uma mesma origem”. 

No geral, Haryanto andava lá no fundão, mas não fez feio contra seu parceiro, o badalado Pascal Wehrlein. Porém, o piloto perdeu o patrocínio durante a temporada, o que também lhe custou sua vaga. A partir do GP da Bélgica, o segundo cockpit da Manor foi ocupado por Esteban Ocon, e Haryanto dava adeus em definitivo à F1.

Polônia – Robert Kubica

Kubica tem duas passagens pela F1, a mais recente pela Williams (Foto: Williams)

De todos os países citados nesta lista, a Polônia foi, de longe, o que teve mais sucesso. O seu representante foi Robert Kubica, que chegou à F1 já como uma grande promessa. E o jovem não demorou a mostrar a que veio – logo em sua terceira corrida na F1, pela BMW, Kubica subiu ao pódio em Monza, atrás apenas de Michael Schumacher e Kimi Raikkonen. 

Ainda pela equipe alemã, o grande destaque de Kubica veio em 2008, quando chegou a vencer corrida, no Canadá, fez uma pole position e por algum tempo até esteve na briga pelo título. Naquele momento, Kubica, mesmo apenas aos 23 anos, já despontava como um dos grandes pilotos do grid. 

Em 2010, ele se mudou para a Renault e mais uma vez se destacou, com três pódios registrados. No entanto, sua carreira teve uma interrupção brutal, já que, no começo de 2011, Kubica sofreu um grave acidente de rali, o que provocou diversos danos irreversíveis ao seu braço direito. 

O piloto passou por um longo processo de recuperação e até voltou ao grid da F1, em 2019, pela Williams. Mesmo que ele tenha marcado o único ponto da equipe naquele ano, Kubica já não era nem de perto o mesmo de antes. Desta forma, ele deixou o grid mais uma vez, e atualmente é reserva da Alfa Romeo na F1. 

Não são os únicos de seus países

Neste tipo de lista, alguns pilotos são frequentemente citados pelos fãs como os únicos representantes de seus países. Apesar de se tratarem de nações raras, elas já tiveram outros pilotos na F1:

Tailândia: Além de Alex Albon em 2019-2020, o país também já contou com o Príncipe Bira entre 1950 e 1954. 

Índia: este contou com dois pilotos em GPs oficiais – Narain Karthikeyan e Karun Chandhok. 

Mônaco: Charles Leclerc foi o primeiro a vencer, mas já houve outros representantes do principado, como Louis Chiron e Olivier Beretta. 

Venezuela: o país sul-americano teve, além de Pastor Maldonado, os pilotos Ettore Chimeri e Johnny Cecotto – este último, parceiro de Ayrton Senna em parte de 1984 pela Toleman. 

Colômbia: nas estatísticas do país, Juan Pablo Montoya tem a companhia de Roberto Guerrero.

Confira mais detalhes em nosso vídeo especial:

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