(GEPA/Red Bull Content)

Sebastian Vettel: os principais capítulos da carreira do tetracampeão

Sebastian Vettel nunca foi um piloto que teve redes sociais ou gostasse de aparecer muito fora dos autódromos. Por isso, gerou grande movimentação do público quando, no dia 27 de julho, ele abriu um perfil oficial no Instagram. No dia seguinte, todos entenderam o motivo. Ele utilizou a plataforma para, aos 35 anos, anunciar através de um vídeo que está se aposentando da F1.

Vettel vem sofrendo dificuldades dentro das pistas há alguns anos, mas nunca deixou de ser um dos nomes mais importantes do grid. Seja por seu passado recheado de vitórias e títulos, ou pelo posicionamento forte nos últimos tempos sobre questões sociais e ambientais. Ele se tornou uma voz tão ativa nestes quesitos, que até mesmo foi convidado em um dos programas políticos mais importantes da Grã-Bretanha, da emissora BBC.

Diante do anúncio de Vettel que ao final de 2022 ele deixará a F1, o Projeto Motor resolveu resumir a carreira do piloto alemão relembrando os momentos mais marcantes dele no Mundial.

Estreia com ponto e quarto lugar na primeira temporada

Vettel era piloto de testes da BMW e recebeu a chance de estrear na F1 ao 19 anos, no GP dos EUA de 2007, substituindo Robert Kubica, que se recuperava de um forte acidente sofrido na etapa do Canadá, uma semana antes. O jovem alemão não decepcionou e terminou na oitava posição, se tornando na época o piloto mais jovem da história a marcar pontos na F1.

Pouco mais de um mês depois, Vettel foi recrutado pela Red Bull para ser titular em sua equipe secundária, a Toro Rosso (atual AlphaTauri), na vaga que era do americano Scott Speed. E ele não demorou para mostrar que tinha bastante talento. Em sua sexta prova pela equipe italiana, voltou aos pontos, agora com um incrível quarto lugar no GP da China.

Primeira vitória e ascensão meteórica de Vettel

Em 2008, Vettel fez sua primeira temporada completa na F1, e continuou mostrando uma evolução rápida. Ele marcou pontos em cinco de suas primeiras 13 provas. Na 14ª, o GP da Itália, ele então fez um dos grandes feitos de sua carreira.

Em um final de semana de muita chuva em Monza, Vettel cravou a pole position e venceu a corrida de forma dominante, perdendo a liderança apenas por quatro voltas, quando parou para reabastecimento. Ele se tornou o piloto mais jovem a vencer uma corrida F1 na época, aos 21 anos e 2 meses, perdendo o recorde apenas em 2016, para Max Verstappen (18 anos).

Proprietário da Red Bull, Dietrich Mateschitz, e Sebastian Vettel celebram vitória no GP da Itália de 2008
Proprietário da Red Bull, Dietrich Mateschitz, e Sebastian Vettel celebram vitória no GP da Itália de 2008 (Foto: GEPA/Red Bull)

No mesmo final de semana, a Red Bull anunciou que iria promover seu jovem talento para sua equipe principal em 2009. A decisão não poderia ter dado mais certo. Vettel venceu novamente já em sua terceira corrida pelo novo time, na China, conquistando o primeiro triunfo da Red Bull na F1. Ele ainda terminou o ano na segunda posição do campeonato, apenas 11 pontos atrás do campeão, Jenson Button.

Batida com Webber em 2010

O relacionamento de Vettel com seu primeiro companheiro de Red Bull, Mark Webber, nunca foi dos melhores. E a tensão ficou latente na temporada de 2010, quando os dois entraram em embate direto pelo título.  Após as seis primeiras etapas, os dois tinham 78 pontos, mas o australiano liderava por ter mais vitórias.

Na sétima prova, o GP da Turquia, Webber saiu na pole e liderou a maior parte da corrida. Só que em certo estágio, ele precisou começar a economizar combustível. Vettel, logo atrás, aproveitou para se aproximar, e o australiano pediu à equipe que mandasse o alemão diminuir o ritmo por conta de sua situação.

A Red Bull preferiu ignorar o pedido de Webber e Vettel fez o ataque na volta 40. O australiano deixou espaço à esquerda para o companheiro mergulhar, mas se manteve em linha reta no meio da pista. Buscando tomada para fazer a curva seguinte, Vettel tentou trazer o seu carro para a direita e os dois acabaram batendo em plena reta.

Vettel abandonou enquanto Webber conseguiu trocar o seu pneu furado e seguir na prova para terminar em terceiro. O resultado fez o australiano se isolar na liderança do campeonato, enquanto o companheiro caiu para quinto, 15 pontos atrás.

A tensão entre os dois nunca mais diminuiu. Em 2013, quando Vettel já era tricampeão mundial, essa rivalidade teve novo episódio importante. No GP da Malásia, Webber liderava a corrida quando a equipe, utilizando o código “Multi 21” (carro #2 à frente do #1), mandou os pilotos manterem suas posições no final da corrida.

Webber então diminuiu o regime do motor, pois acreditava que precisava apenas administrar as voltas finais. Mas Vettel ignorou a ordem, atacou o companheiro, e venceu a prova. Na entrevista no pódio, Webber destacou o caso, mas apontou que nada aconteceria pois Vettel seria protegido pela Red Bull “como de costume”. O australiano se aposentaria ao final da temporada.

Já contamos mais detalhes deste caso neste vídeo:

Virada história para o primeiro título

A temporada de 2010 foi bastante disputada entre Red Bull, McLaren e Ferrari. Na etapa final, quatro pilotos ainda tinham chances matemáticas de título, com Fernando Alonso na liderança do campeonato, seguido por Webber, em segundo, Vettel, em terceiro, e um mais distante Hamilton, em quarto.

Vettel, que não chegou a liderar o campeonato de forma isolada em nenhum momento da temporada, largou na pole e dominou a corrida. E aí contou com as estratégias ruins de Alonso e Webber, que terminaram apenas em sétimo e oitavo, respectivamente, para conquistar o seu primeiro título mundial de forma bastante dramática.

Vettel, o dominador

Se o primeiro título foi com altos e baixos e certa falta de consistência, a partir de 2011, Vettel passou a dominar a F1. Encaixado definitivamente com a Red Bull, o alemão passeou para a conquista do seu segundo título.

Ele venceu 11 das 19 provas da temporada e terminou o campeonato com 392 pontos, 122 à frente do vice, Jenson Button. Webber foi apenas o terceiro, com 258. Um verdadeiro massacre.

Nova decisão difícil para o tri

Em 2012, a Red Bull começou a temporada com problemas para se adaptar aos pneus. O campeonato também se mostrou bastante equilibrado, com sete pilotos diferentes vencendo as sete primeiras corridas.

Na primeira metade do ano, a Ferrari, mesmo não tendo destacadamente o melhor carro, se mostrava a equipe mais consistente nos vários tipos de circuitos. Isso deu a chance para Alonso se mostrar um forte concorrente ao título pela confiabilidade. Na metade do ano, após 10 das 20 etapas, o espanhol liderava a classificação geral com 154 pontos contra 120 de Webber e 110 de Vettel.  

A partir da 14ª etapa, o cenário mudou radicalmente. A Red Bull se reencontrou e Vettel encaixou uma sequência de quatro vitórias consecutivas, além de um terceiro lugar em Abu Dhabi largando da última posição, e uma segunda colocação nos Estados Unidos. Desta forma, Vettel foi para a corrida final, em Interlagos, na liderança, 13 pontos à frente de Alonso.

Vettel dominou a F1 em seus anos de Red Bull
Vettel dominou a F1 em seus anos de Red Bull (Foto: Paul Gilham/Getty Images/Red Bull Content)

Parecia que tudo caminhava tranquilo para mais um caneco, mas ainda na primeira volta, o alemão sofreu um acidente em um toque com Bruno Senna. Vettel não só caiu para último, como ainda ficou o seu carro bastante danificado.

A prova ficou marcada por um tempo bastante inconstante, o que causou muitas variações pelas trocas de pneus e acidentes. Vettel conseguiu se recuperar para terminar em sexto, e mesmo com Alonso em segundo, sagrar-se tricampeão mundial de forma consecutiva.

2014 difícil e a troca para a Ferrari

Em 2013, Vettel mais uma vez conquistou o título. Ele vinha assim repetindo os feitos de seu grande ídolo, Michael Schumacher, ao se tornar um campeão dominador por vários anos.

No ano seguinte, no entanto, uma grande mudança de regulamento tirou a Red Bull de seu posto de principal equipe da F1, agora ocupado pela Mercedes. Vettel ainda teve uma temporada complicada, cheia de azares e problemas de confiabilidade.

Para a piorar a situação, ele foi superado por seu novo companheiro equipe, Daniel Ricciardo, que venceu três vezes no ano (único piloto não Mercedes a triunfar na temporada) e terminou o campeonato em terceiro com 238 pontos contra os 167 de Vettel, quinto.

No meio desta turbulência, surgiu a possibilidade de um novo caminho para o alemão. Alonso estava de saída da Ferrari, que convidou Vettel para entrar na escuderia pela qual Schumacher venceu cinco campeonatos. Ele não pensou duas vezes e topou o desafio. Assim, depois de oito anos nos times da Red Bull, Vettel passaria a representar a famosa equipe de Maranello em 2015, em uma decisão importante para o restante de sua carreira.

E se escuderia ainda se mostrou longe da Mercedes, o alemão logo começou a mostrar serviço. Venceu pela primeira vez em sua segunda corrida na temporada, triunfou em outras duas durante o ano, terminou sua temporada de estreia pela Ferrari em terceiro no campeonato. Um começo promissor.

Vettel celebra vitória no GP da Bélgica de 2018 pela Ferrari (Foto: Ferrari)

Início da queda de Vettel

Em 2017, a FIA fez mudanças no regulamento técnico e a Ferrari conseguiu se aproximar da Mercedes. Após 11 das 20 etapas, Vettel liderava o campeonato, mas uma série de problemas de confiabilidade e uma evolução da equipe rival abriu o caminho para mais um título de Lewis Hamilton.

No ano seguinte, porém, a Ferrari se mostrou bastante forte. Em diversas pistas, mostrou ser mais rápida que a Mercedes, o que transformou o campeonato de 2018 em uma batalha bem mais apertada.

Após 10 das 21 etapas, Vettel não só liderava o campeonato, mas com um desempenho que demonstrava que seria possível levar a luta até o final do ano. Mas o GP da Alemanha, 11ª etapa, acabou marcando não só aquela disputa como a carreira do alemão como um todo.

Vettel foi surpreendido pelo início de uma chuva e cometeu um erro bobo quando liderava com folga. Ele bateu, abandonou a corrida, e ainda viu Hamilton sair da 14ª posição do grid para se recuperar e vencer a prova.

A partir daquele momento, o alemão começou a cometer uma série de erros importantes que lhe custaram diversos pontos, como rodadas na Itália, Japão e Estados Unidos. Do outro lado, Hamilton também entrou em uma das melhores sequências de sua carreira, vencendo oito das últimas dez corridas da temporada e terminando com o título, logo à frente dos dois pilotos da Ferrari, segundo e terceiro.

Em 2019, Vettel passou a ter como companheiro na Ferrari a jovem promessa Charles Leclerc, que substituiu Kimi Raikkonen. E logo na primeira temporada do monegasco, ele superou o alemão no campeonato. Os questionamentos ficaram cada vez mais intensos na Itália e no começo de 2020, a Ferrari anunciou que não renovaria o contrato de Vettel. Ao final do ano, ele novamente foi batido por Leclerc.

O alemão então anunciou que iria se transferir para a nova equipe Aston Martin.

Capítulo final de Vettel na F1

Após uma temporada e meia, a Aston Martin passou longe de conseguir fazer um carro competitivo para brigar por vitórias. Vettel conseguiu alguns bons momentos com o time como o pódio no GP do Azerbaijão, mas passou a maior parte deste tempo andando na metade de trás do pelotão da F1.

Chegando à metade de sua segunda temporada com o time, ele resolveu então anunciar que está deixando a categoria. Ele tem ainda mais algumas provas até o final do ano para tentar encerrar com bons resultados sua passagem pela F1, mas, de qualquer forma, ninguém pode tirar o que ele conquistou nestes 15 anos de história no Mundial.

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