Interlagos é a casa brasileira da F1 desde 1973
(Foto: Mark Sutton / LAT Images/Pirelli)

Fundo de Abu Dhabi assume GP e F1 renova com Interlagos até 2025

A F1 acabou nesta quarta-feira com uma das grandes novelas que se arrastavam nos últimos meses sobre sua presença no Brasil. A categoria anunciou que continua correndo em Interlagos até pelo menos 2025 e que o evento passa a se chamar GP de São Paulo, como já tinha sido anunciado pelo prefeito Bruno Covas e o governador João Doria.

A briga pela etapa brasileira do mundial se acirrou nos últimos tempos quando o Rio de Janeiro, com apoio público do presidente Jair Bolsonaro, tentou incentivar um projeto para sediar a corrida. A prefeitura carioca fez um edital de parceria público-privada em que um novo autódromo seria construído pela iniciativa privada em um terreno no bairro de Deodoro, na zona oeste, que pertence ao exército.

A empresa Rio Motorsports foi a única interessada de tocar o projeto e até vem tentando tirá-lo do papel, mas a construção do autódromo de Deodoro está enfrentando problemas para conseguir as licenças ambientais. Além disso, existem sérias dúvidas sobre a capacidade financeira da companhia em liderar a empreitada, sendo que ela já enfrentou problemas de pagamentos na compra dos direitos de TV da MotoGP e não conseguiu comprovar seu patrimônio para a aquisição dos canais Fox Sports, da Disney.

Diante do curto prazo, já que o contrato com o GP do Brasil termina em 2020, a F1 resolveu se garantir e assinou uma extensão do acordo com a cidade de São Paulo para permanecer em Interlagos pelos próximos cinco anos. Segundo a Rio Motorsports, a empresa seguirá com a ideia de construir o autódromo no Rio de Janeiro durante este período.

Interlagos foi a primeira sede do GP do Brasil em um evento não válido pelo campeonato mundial em 1972 e depois dentro do calendário da F1 a partir de 73. O circuito chegou a perder a prova para Jacarepaguá, no Rio, durante a década de 80, mas voltou a ser a casa do evento de 1990 em diante. Durante este período, foram 37 corridas organizadas na pista, que já é considerada uma das mais tradicionais do automobilismo internacional e em 2020 completou 80 anos de existência.

A novidade agora, porém, é que a prova não se chamará mais GP do Brasil, mas GP de São Paulo, em uma estratégia para aumentar a visibilidade da cidade durante o evento além de justificar de alguma forma o uso de dinheiro público via patrocínio.

Cancelado em 2020 por conta da pandemia do coronavírus, o GP em São Paulo está previsto dentro do calendário da F1 em 2021 para o dia 14 de novembro. Por enquanto, ele será o antepenúltimo evento do ano, antes do novo GP da Arábia Saudita e da final da temporada em Abu Dhabi.

Novo promotor em Interlagos

Além dos problemas de segurança que há anos afligem equipes no entorno de Interlagos, uma das coisas que mais incomodava a atual administração da F1, feita pelo grupo americano Liberty Media, era o promotor da corrida, Tamas Rohonyi, por sua empresa, Interpub. Isso por conta de sua ligação próxima com o antigo mandatário da categoria, Bernie Ecclestone.

Depois de longas negociações, a corrida em São Paulo terá um novo promotor. Uma nova empresa chamada “Brasil Motorsport” passa a ser a organizadora da prova em Interlagos, sendo que sua principal acionista será a holding estatal de Abu Dhabi, Mubadala. O brasileiro Alan Adler será o principal executivo. Ex-iatista olímpico, ele é presidente da IMM Esporte e Entretenimento, especializada em eventos esportivos como o Rio Open, UFC, regatas da Volvo Ocean Race, jogos da NBA no Brasil, entre outros, em movimento que já tinha sido adiantado pelo Projeto Motor.

“Fizemos um tremendo esforço para manter a corrida em nossa cidade”, disse o prefeito Bruno Covas, no comunicado oficial da F1. “Temos uma infraestrutura robusta para turistas, segurança pública e oferecemos serviços de primeira linha. Acreditamos que sediar o GP, em adição a promover a nossa cidade para o mundo, vai continuar a trazer contribuições importantes como criação de empregos e geração de receita. Temos estudos que mostram que para cada R$1 investido no GP de São Paulo, R$ 5,20 é gerado para a economia local”, completou.

Próxima novela: direitos de transmissão

A outra história que se arrasta na relação da F1 com o Brasil é sobre os direitos de transmissão. O contrato da Globo termina em 2020 e ainda não se tem uma definição de quem irá passar as corridas na próxima temporada.

Recentemente, a Rio Motorsports, a mesma do autódromo de Deodoro, chegou a entrar em acordo com a F1 para se tornar a detentora dos direitos no Brasil. Mas sem conseguir encontrar parceiros para o sublicenciamento, precisou devolver o contrato. Globo e SBT hoje negociam para ter o campeonato em suas grades em 2021.

A F1 exige que seu serviço de streaming, o F1 TV, possa ser comercializado no país. Além disso, estuda a possibilidade de contratos em separado para TV aberta e fechada, o que fez o SBT abrir conversa com a Disney para uma possível parceria através nos canais ESPN e Fox Sports.

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