15 Brasileiros que bateram à porta da F1, mas ficaram no quase
Tantos são os pilotos brasileiros que começam carreira no automobilismo com o sonho de alcançar a F1. Poucos são os que conseguem chegar lá – até hoje, foram precisamente 31. Grande parte destes jovens competidores nem mesmo conseguem avançar nas categorias, inclusive desistindo da jornada ainda em seu começo para se dedicarem a outras atividades profissionais. Outros até avançam de classe, mas não conseguem entrar no seleto grupo que fica sob os olhares dos chefões da F1.
Porém, ao longo da história houve vários outros pilotos que “bateram na trave” e até chegaram a ter oportunidade de testar carros da categoria, mas nunca puderam sentir o gostinho de largar em um GP oficial. Alguns deles viram suas carreiras desandarem depois de deixar a chance de chegar à F1 escapar de seus dedos, enquanto que outros ficaram muito bem, obrigado. Por isso, o Projeto Motor lista 15 pilotos brasileiros que tentaram entrar na F1, mas ficaram no quase.
1. CÉSAR RAMOS
Hoje piloto da Stock Car, o gaúcho nunca chegou a ser seriamente considerado a uma vaga na F1. Mesmo assim, Ramos sentiu o gostinho de acelerar um bólido, e já o fez com um carro da Ferrari. A chance foi prêmio pela conquista do título da F3 Italiana, em 2010, e o brasileiro, ao lado do vice e do terceiro colocado, testaram um F2008 na pista de Vallelunga, próxima a Roma. César deu 30 voltas com o carro e ficou com o segundo tempo, atrás de Andrea Caldarelli. Depois disso, Ramos fez mais algumas temporadas na Europa, sem sucesso, até retornar às competições no Brasil.
2. ALUÍZIO COELHO
Este se tratou de mais um teste “prêmio” após a conquista de um título. Vencedor da F-Renault Inglesa de 98, o carioca radicado no Mato Grosso do Sul Aluízio Coelho andou com o Williams FW20 em uma versão curta do circuito de Silverstone. As condições climáticas não ajudaram, mas o piloto se mostrou bastante empolgado com a experiência. No ano seguinte, Coelho subiu para a F3 Inglesa e foi ofuscado por seu companheiro de equipe, Jenson Button, e acabou voltando ao Brasil.
3. MAURÍZIO SALA
Bem antes de migrar às corridas de turismo e de fórmula no Japão, Sala fez testes pela Toleman entre 85 e 86, justamente na época em que a equipe vivia fase de transição para se transformar em Benetton. O paulista, que competia na F3 Inglesa, surpreendeu em um treino que fez na pista de Paul Ricard, inclusive virando mais rápido que Alessandro Nannini, que viria a competir pela Benetton e vencer pelo time anos mais tarde. Chegou a negociar com a Brabham para correr na F1, mas o acordo nunca se concretizou.
4. RICARDO SPERAFICO
Sperafico é um dos vários pilotos deste post que ganharam testes na F1 graças ao acordo entre a Williams e a fornecedora de combustível Petrobras. O irmão gêmeo do também piloto Rodrigo Sperafico foi um dos pilotos de testes da equipe inglesa no início da década de 2000. No entanto, suas chances ao volante não foram muito numerosas: a Williams normalmente priorizava o reserva, Marc Gené, além de seu companheiro de equipe na Petrobras Júnior da F3000, Antonio Pizzonia. Mesmo assim, Sperafico ganhou experiência válida em sessões feitas em Silverstone, Estoril e Lurcy-Lévis, uma pequena pista de testes na região central da França.
5. JOÃO PAULO DE OLIVEIRA
João Paulo de Oliveira recebeu uma inesperada chance de testar um carro da Williams no início de 2006, na pista espanhola de Valência. O paulista havia acabado de se mudar ao Japão e conquistar o título da F3 local, que, apesar de ter seu valor, se trata de uma categoria fora dos radares da F1. JP andou com um FW27 híbrido, ou seja, o chassi de 2005 já equipado com o motor V8, que entraria em vigor a partir daquele ano. O brasileiro deu 32 voltas e ficou com o último tempo do dia, 2s5 mais lento que o titular Nico Rosberg, que já contava com o carro novo. Apesar do grande sucesso em pistas nipônicas, Oliveira nunca mais recebeu uma oportunidade na F1.
6. AUGUSTO FARFUS
Campeão da F3000 Europeia em 2003, Farfus foi bastante especulado na equipe Jordan para o ano seguinte, mas sua primeira experiência real na F1 veio bem depois. Em 2007, a BMW lhe ofereceu um teste na categoria como reconhecimento ao bom trabalho feito durante sua primeira temporada no WTCC pela marca alemã. O curitibano andou no circuito de Valência e se mostrou impressionado com as reações do F1.07. Hoje, mesmo ainda jovem, aos 32 anos, Farfus parece longe de uma nova chance na F1: ele segue ligado à BMW, agora no DTM, e a montadora não parece muito interessada em voltar a investir nos monopostos.
7. TONY KANAAN
Considerado um dos pilotos brasileiros mais talentosos de sua geração, Kanaan nunca esteve envolvido em negociações ou rumores que o ligassem à F1. Aliás, seu caminho se cruzou com a categoria graças a uma série de fatores que lhe renderam um teste com a BAR, em setembro de 2005, em Jerez de la Frontera. Tony havia conquistado o título da Indy em 2004, equipado com motores Honda, também fornecedora da BAR. De quebra, o diretor esportivo da equipe era Gil de Ferran, velho conhecido do automobilismo americano. Kanaan percorreu 51 voltas no circuito espanhol e até andou mais rápido que seus compatriotas Ricardo Zonta e Lucas di Grassi. Feliz nos EUA, o baiano não mais esteve em ação em sessões da F1.
8. HÉLIO CASTRONEVES
Ao contrário de Kanaan, Helinho até esteve próximo de obter um cockpit de titular na F1. Ao fim de 2002, em Paul Ricard, o então bicampeão das 500 Milhas de Indianápolis guiou um carro da Toyota, que tinha uma vaga em aberto para o ano seguinte. Tanto o piloto quanto a equipe se mostraram satisfeitos com a experiência, mas Hélio, fiel à Penske, acabou preterido por Cristiano da Matta. O curioso é que a sessão de Castroneves na Toyota não possui registros em foto ou vídeo – pelo menos este que vos escreve nunca viu uma imagem da ocasião.
9. MÁRIO HABERFELD
Haberfeld era considerado uma grande promessa do automobilismo brasileiro no fim dos anos 90. Depois de ganhar o título da F3 Inglesa pela equipe Stewart, em 98, o piloto recebeu a oportunidade de guiar o carro do time na F1. No ano seguinte, passou a integrar o programa de pilotos da McLaren e pôde colocar as mãos nos carros de Mika Hakkinen e David Coulthard. Porém, dali para a frente sua carreira saiu dos trilhos, mas mesmo assim Haberfeld ainda realizou um teste pela Jordan, já em 2001.
10. JAIME MELO JR
Piloto da Petrobras Júnior na F3000 em 2000, Jaime Melo colocou as mãos no FW22 da Williams em testes ao longo daquele ano. Porém, as circunstâncias da sessão (o local, o programa cumprido ou até mesmo quantas vezes isso aconteceu) são desconhecidas deste humilde escritor. Olhando pela paisagem, tudo indica ser uma sessão de linha reta, normalmente realizadas em aeroportos.
Se algum nobre leitor puder nos ajudar com mais detalhes, agradecemos!
11. MARCO GRECO
Ex-piloto do Mundial de Motovelocidade, Marco Greco foi piloto de testes da equipe Fondmetal na F1 em 1991. Suas ações na pista, porém, foram muito breves: na estreia, em Monza, Greco sofreu um acidente logo em sua primeira volta lançada. Seu nome numa mais esteve relacionado a um time na F1, de modo que pouco depois o piloto mudou-se aos Estados Unidos, onde competiu até 99.
12. MAX WILSON
No fim dos anos 90, Wilson foi contratado como um dos pilotos de testes da Williams, dividindo as funções com o queridinho da casa, Juan Pablo Montoya. O brasileiro, que na verdade nasceu em Hamburgo, na Alemanha, chegou a andar com os carros vermelhos em algumas oportunidades, mas em momento algum esteve na disputa de um cockpit de titular. Sua grande chance veio no fim de 99, quando andou pela Minardi em Jerez de la Frontera e agradou à cúpula da equipe. Porém, acabou sendo passado para trás por Gastón Mazzacane e seu caminhão de dinheiro. Depois disso, Wilson fez carreira nos Estados Unidos, Austrália e desde 2009 compete na Stock Car.
13. GIL DE FERRAN
Inquestionavelmente um dos melhores pilotos brasileiros que jamais competiram na F1, De Ferran vivenciou duas experiências bastante distintas com um carro da categoria. Na primeira, em 92, o brasileiro nascido na França guiou a poderosa Williams no circuito de Silverstone e não fez feio: sob chuva, fez um tempo apenas meio segundo mais lento que Alain Prost, que se preparava para voltar às competições. Em 93, Gil voltaria ao volante de um F1, pela Footwork, mas o resultado foi desastroso. Seu teste foi atrapalhado por uma “cabeçada” que deu em um motorhome, que o fez levar pontos no local e interromper as atividades de forma prematura. Sem chances na F1, seu caminho, então, foi os Estados Unidos, e o resto é história.
14. BRUNO JUNQUEIRA
O mineiro atuou em diversos testes pela Williams entre 99 e 2000, anos em que (adivinhem?) disputava a F3000 pela Petrobras Júnior. Mas o caso de Junqueira foi diferente, já que ele não foi promovido a titular por pouco. Com o fracasso de Alessandro Zanardi na temporada de 99, uma vaga estaria aberta para a temporada de 2000. Montoya, comprometido com a CART, estaria fora da jogada, de modo que tudo apontava que Junqueira seria o escolhido. Porém, em cima da hora, o time optou por Jenson Button, o que acabou com as possíveis chances do brasileiro na F1.
15. LUIZ RAZIA
Este é o caso mais cruel de nossa lista. Durante seus dias de GP2, o piloto baiano fez alguns testes aqui e ali, experimentando os carros de Virgin, Lotus (a verde), Force India e Toro Rosso. Os treinos, que até incluíram a participação nas atividades oficiais dos GPs da China e do Brasil de 2011, mostraram um desempenho discreto de Razia. Em 2013, ele voltaria a um carro de F1 pela Marussia, já iniciando as atividades de pré-temporada como piloto titular do time. Porém, o dinheiro prometido pelo piloto não veio, e ele perdeu a vaga no time para Jules Bianchi. Depois disso, Razia fez uma temporada na Indy Lights e, em 2015, não se dedicou a nenhuma categoria em tempo integral.
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