
“F1”: categoria volta a Hollywood com filme cheio de ação
Depois da abertura para as redes sociais e a série da Netflix, Drive to Survive, faltava para a F1 um passo importante para entrar de vez no mercado de entretenimento: Hollywood. A espera acabou com a estreia nesse dia 26 de junho o filme “F1”.
O cenário não é exatamente desconhecido, pois o Mundial já teve seus bastidores retratados na belíssima produção de 1967 “Grand Prix” e uma de suas várias histórias contadas em 2013 com “Rush”. Ambas com grandes nomes do cinema americano.
Dessa vez, no entanto, a situação e os objetivos são bem diferentes. O filme usa a logomarca oficial da categoria em seu nome e foi filmado nos últimos dois anos com total abertura de seu grid, até mesmo utilizando um box “extra” dentro dos circuitos durante finais de semana de GPs. Os pilotos, equipes e diversas situações reais aparecem ao fundo como uma espécie de cenário.
A F1 viu na oportunidade concedida pela Apple (que produziu o filme) uma forma de seguir com sua política de alavancar sua marca no setor de entretenimento para consumo mesmo daqueles que não assistem às suas corridas. Algo cada vez mais comum desde sua aquisição pelo fundo americano Liberty Media.
Brad Pitt assume o personagem principal e tem ainda ao seu lado nomes importantes como Javier Bardem, Damson Idris, Kerry Condon, Tobias Menzies, Kim Bodnia, entre outros.

O diretor é Joseph Kozinski e essa é uma informação importante se você quer saber que tipo de filme vai assistir quando for ao cinema. Kozinzki dirigiu em 2022 o blockbuster “Top Gun: Maverick”, longa sequência do clássico “Top Gun” de 1986, ambos protagonizados por Tom Cruise.
O Projeto Motor já assistiu ao filme em uma cabine de imprensa na semana anterior ao lançamento e pudemos constatar que “F1” claramente bebe na mesma fonte do “Top Gun” mais recente.
A história tem um scprit clássico hollywoodiano do piloto mais velho que ninguém acreditava mais e que ao ter uma chance, mostra que sua experiência ainda pode surpreender. Além disso, é cheio de frases prontas, com alguns momentos de drama e romance, o embate do “mocinho” e o “bandido”, e trilha sonora sustentando diversas cenas.
Mas calma. Antes de achar que estamos sepultando o filme, existe o outro lado da direção de Kozinski. Se você gostou das cenas de ação de “Top Gun: Maverick”, não vai se decepcionar com “F1”. As sequências de pista foram filmadas em circuitos reais do Mundial, durante finais de semana de GP.
A produção utiliza o que existe de mais moderno na captação das cenas, com câmeras incríveis e as sequências com carros reais ficaram bastante naturais e muito bem coreografadas. Os efeitos práticos (sem excesso de computação gráfica) dão uma autenticidade no mesmo tom que vimos em “Top Gun”. Com certeza, esses trechos irão cativar tanto do fã de automobilismo quanto quem não acompanha o esporte.
Além disso, Lewis Hamilton participou ativamente da produção, desde o conceito de script até sugestão de filmagens. Seu papel (ele inclusive é creditado como “produtor”) foi justamente de ser um consultor para apontar os limites de onde os impulsos hollywoodianos poderiam chegar para atingir o público geral, e onde os fãs da F1 poderiam ser cativados.
Se por um lado existe um óbvio e compreensível objetivo de atingir quem não é fã de F1, o filme também busca certa credibilidade com os mais aficionados do esporte ao retratar bastidores de uma forma bem próxima do real, como os caminhos dos pilotos dentro dos boxes, rotinas e espaços durante um final de semana de GP, reunião de equipe pré-corrida para definir estratégias, treino dos pilotos no simulador etc.
O enredo foca na importância de cada membro da equipe e que o resultado final de uma corrida de F1 vai muito além da habilidade de um piloto. Além disso, também explora o embate entre experiência e juventude (curiosamente algo bastante presente no atual momento de Hamilton) e os desafios comuns na vida real dos donos de equipes (verbas, desenvolvimento do carro…).
São todos temas que realmente surgem no dia a dia de pilotos, dirigentes e equipes de F1 não só hoje, mas desde a criação do campeonato, há 75 anos.
Com muitas cenas de pista e um ritmo de filme de ação clássico, as 2 horas e 36 minutos da produção passam bem rápido. Não, “F1” não é documentário e nem tenta ser uma produção totalmente fiel ao mundo do automobilismo. Mas é bem divertido e vai agradar quem gosta de um estilo de cinema que explora as sensações do expectador ao te colocar dentro de um carro de F1. E com muito barulho.
Comentários