De Mercedes W12 a Haas VF-21: o que significam as siglas dos carros da F1?

Nas corridas da F1, a narrativa por muitas vezes é focada na participação do piloto e na sua influência para a conquista do resultado final. No entanto, os carros também possuem peso gigante no desdobramento das ações, de modo que estes modelos são grandes protagonistas da história. 

O grid de 2021 conta com projetos como Mercedes W12, o Red Bull RB16B, McLaren MCL35M, entre outros. Mas qual é a origem destes nomes e o que estas siglas significam? Alguns contam histórias interessantes e homenageiam o passado.

Há equipes que foram bem práticas e não adotaram mistério algum para batizar seus carros. É o caso da Red Bull com o modelo RB16B. A sigla faz referência ao nome do time, o 16 indica se tratar do 16º modelo projetado pela Red Bull, e o “B” é porque é uma segunda versão do projeto, com adaptações de 2020 para 2021. A AlphaTauri segue um conceito parecido para nomear o AT02, o segundo carro construído pela equipe sob este nome. 

Já outros times misturam os seus nomes com as respectivas temporadas do uso do carro. É o que faz a Ferrari com o SF21, ou seja, o carro da Scuderia Ferrari deste ano, ou a Aston Martin e o AMR21, sigla de Aston Martin Racing – mesmo que a equipe oficialmente se chame Aston Martin F1 Team. Estes são os exemplos mais fáceis de entender e que não possuem mistério. 

A contagem que começou com Ron Dennis

A McLaren segue linha parecida com o MCL35M, juntando uma sigla que faz referência a seu nome com um número. Só que o 35 adotado atualmente não se refere nem ao ano, e nem se trata do 35º carro construído pela McLaren na F1. Na verdade, a história do número vai um pouco além. 

A equipe começou a competir na F1 em 1966, quando foi criada por Bruce McLaren. Com a morte do fundador, a operação passou a ser controlada por Teddy Mayer. Mas, a partir de 1981, a McLaren se fundiu com a Project Four, equipe das categorias de base que era de Ron Dennis. Então, os carros do time começaram a ter em seu nome a sigla MP4, o que fazia referência à Project Four, começando a contagem do número 1, já que era o primeiro modelo criado sob a nova gestão. Então, basicamente, foi ali que a contagem atual começou.

McLaren F1
(Foto: McLaren)

Este conceito no nome permaneceu até 2016. Dennis deixou a McLaren, e, de 2017 em diante, a equipe passou por toda uma mudança de identidade, retornando ao uso da cor laranja. O nome também sofreu uma adaptação, mas manteve a contagem – ou seja, o MP4/31 foi seguido pelo MCL32. O carro de 2021 se chama MCL35M, já que é o projeto do ano passado que passou por todas as adaptações para comportar o motor Mercedes. 

Mercedes e o seu carro de F1 número 12

Por falar em Mercedes, a equipe que domina a categoria batiza seus carros com um raciocínio muito simples. Todos os seus modelos de F1, tanto os mais antigos da década de 50 quanto os mais recentes, carregam a letra W. Isso vem de “Wagen”, que é simplesmente “carro” em alemão. Quando recriou sua equipe na F1, em 2010, a Mercedes começou a contagem com o W01, e agora, 11 modelos mais tarde, chegou ao W12.

Alpine faz homenagem a projeto do passado

(Foto: Renault)

Já no caso da Alpine, a história se remete um de seus projetos na década de 70. Ela era na época a divisão esportiva da Renault, e a fabricante francesa planejava sua entrada na F1. Então, a Renault encomendou um carro de testes à Alpine para poder experimentar o seu pioneiro motor turbo, e assim nasceu o modelo A500. 

O carro foi usado em atividades de testes por Jean-Pierre Jabouille em 1976, só que antes da estreia em corridas, a Alpine foi incorporada à Renault Sport. Quando a fabricante fez seu primeiro GP, a equipe já se chamava Renault, e utilizava o modelo RS01, que teve como base o A500. Já recentemente, quando o nome Alpine enfim estreou na F1, houve a decisão de homenagear o A500 em seu novo carro – nascendo, assim, o A521, referente à temporada de 2021. 

Haas e o passado na automação industrial

O passado também foi lembrado no caso da Haas, mas aí sem relação com o esporte a motor. Os nomes de seus carros usam a sigla VF, que faz referência aos produtos da empresa de automação industrial homônima, também de propriedade de Gene Haas

Em 1988, a Haas Automation lançou seu primeiro centro de usinagem vertical, e o batizou de VF-1. O “V” faz referência a “vertical”, e o “F-1” significa “first one”, para designar que se trata da primeiríssima máquina da empresa deste tipo. Como homenagem, o prefixo VF foi adotado nos carros quando a Haas entrou na F1, o que deu origem ao VF-16 no ano de 2016. O modelo usado pela equipe americana na atual temporada é o VF-21. 

Alfa Romeo homenageia esposa de fundador da Sauber

Foto: Xavier Bonilla/Alfa Romeo

A Alfa Romeo faz uma singela homenagem na nomeação de seu carro, o C41. Mas vamos explicar por partes. Na verdade, a identidade da Alfa Romeo na equipe é fruto de um acordo comercial, já que quem realiza as operações de fato é o Grupo Sauber, situado na Suíça. O dono do Grupo Sauber desde meados de 2016 é o Longbow Finance, uma empresa de investimentos do mesmo país. 

Antes disso, o controle era de Peter Sauber, que colocou sua equipe na F1 em 1993 depois de uma longa trajetória nas competições de esporte-protótipos. Desde os primórdios, todos os carros construídos pela Sauber usam a letra “C”, que é uma homenagem a Christiane, esposa de Peter Sauber. Esta tradição foi mantida mesmo com a troca de chefia do grupo Sauber e com a equipe sendo batizada de Alfa Romeo. Agora, muitos modelos mais tarde, a equipe usa o C41.

Williams e a referência a Sir Frank

Coisa parecida acontece com a Williams, a última equipe da lista. Desde agosto de 2020, o time tem como proprietário o grupo de investimento Dorilton Capital, dos Estados Unidos. Em setembro, a família Williams deixou de estar envolvida com a equipe e se afastou da F1. Porém, tanto o nome da escuderia em si quanto de seus carros mantiveram a tradição dos fundadores. Os modelos usam a sigla FW, de Frank Williams, como acontece desde os anos 70. A numeração segue a ordem cronológica, e a letra “B” indica que se trata de uma segunda versão do modelo. 

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