Kobayashi: estreia surpresa na F1 a chefe da Toyota no WEC
Em 2009, Kamui Kobayashi chamou a atenção de muitos fãs em sua estreia na F1, no GP do Brasil, ao realizar diversas manobras ousadas em Interlagos.
A chance surgiu de forma inesperada. Terceiro piloto da Toyota, Kobayashi foi chamado às pressas para substituir o titular da equipe, Timo Glock. O alemão tinha sofrido um forte acidente durante o GP do Japão, etapa anterior, e teve constada uma fratura em uma das vértebras.
Aos 23 anos, Kobayshi largou em 11º e terminou em nono, enquanto seu companheiro, Jarno Trulli, abandonou ao se envolver em um acidente logo na primeira volta. No percurso, Kobayashi protagonizou uma defesa de posição com Jenson Button, líder do campeonato que se sagraria campeão de 2009 na mesma prova, que contou inclusive com um “xis” no “S” do Senna.
Em entrevista exclusiva ao Projeto Motor durante a etapa do WEC em Interlagos, Kobayashi lembrou um pouco de como foi toda a situação para aquele seu primeiro passo na F1 há 15 anos.
“Eu nunca tinha vindo aqui [em São Paulo]. Não conhecia a pista. Eu não pilotava há oito meses. Foi um grande desafio para mim”, disse o piloto, hoje com 37 anos. “Mas acho que as coisas foram bem para mim. Terminei em nono. No final, acho que fiz uma boa corrida”, completou.
A longa história de Kobayashi com a Toyota
A relação de Kobayashi com a Toyota já era bem antiga. Ele assinou seu primeiro contrato com a marca ainda aos 14 anos. O time japonês patrocinou então os passos do piloto até a F1.
Ao final de 2009, apenas duas etapas após a estreia do piloto, a montadora anunciou que estava deixando a F1 por conta da forte crise mundial que abalava o mundo na época. Ela seguia os passos de várias outras montadoras, como Honda e BMW.
Mesmo assim, o bom desempenho de Kobayashi como piloto substituto nas duas corridas finais da temporada rendeu a chance de ele seguir competindo na categoria pela Sauber nos três anos seguintes. Após ficar sem vaga em 2013, sua boa reputação ainda lhe proporcionou um retorno na fraca equipe Caterham, o que seria o seu capítulo final na F1.
Kobayashi retomou sua relação com a Toyota em 2016 para competir na Super Fórmula e Super GT japonês, além da equipe oficial da montadora no WEC. “Eles me contrataram quando eu tinha 14 anos. Eu assinei um contrato de longo prazo”, lembrou o piloto. “Foi uma grande oportunidade. São 23 anos junto com a Toyota agora”, seguiu.
Em 2024, a relação da Toyota e Kobayashi ganhou uma nova página importante. Além de seguir como piloto da marca, o japonês também foi promovido a chefe de equipe da montadora no WEC. Algo que ele confessou ao Projeto Motor que não esperava que um dia teria a chance de realizar e que agora passa por um período de transição importante.
“Não, não esperava. Eles confiaram muito em mim. Não é fácil. Quando você faz isso como piloto, é muita coisa para fazer. Correndo no campeonato mundial, eu tenho muitas responsabilidades como piloto. E ao mesmo tempo, tenho muita responsabilidade como chefe de equipe”, contou.
Nova fase do WEC
A Toyota correu por alguns anos quase que sozinha na classe principal do WEC até a implementação do novo regulamento dos hipercarros na classe principal, o que incentivou a chegada de novas marcas à competição. Hoje, ela compete contra montadoras como Ferrari, Porsche, Cadillac, BMW, Lamborghini, Peugeot, entre outras.
Kobayashi analisa, no entanto, que mais do que a concorrência, o desafio dessa nossa era do WEC é o fato do desenvolvimento dos carros ser bastante restrito por conta da homologação dos modelos. Assim, eles precisam trabalhar para tirar o máximo da base que já possuem.
“Eu não acho que é um questão de ter as montadoras envolvidas. Temos, por exemplo, a questão do BoP [Balanço de Perfomance]. Então, na verdade, não podemos desenvolver o carro. Podemos apenas otimizar o carro [que já temos]”, concluiu.
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