(Foto: Toyota)

Como funciona o Balanço de Performance do WEC

Para aumentar a competitividade em uma categoria de muito desenvolvimento como o Mundial de Endurance (WEC), a FIA resolveu implementar o Balanço de Performance, conhecido pela sigla BoP.

O objetivo é manter as equipes em condições mais parelhas de competição, respeitando, ao mesmo tempo, o trabalho realizado nos carros pelas montadoras.

A FIA já tem uma experiência com BoP desde o começo dos anos 2000 com categorias GT, incluindo no próprio WEC e 24 Horas de Le Mans. Porém, a partir de 2021, ela passou a adotar o sistema na principal classe do Mundial, a Hipercarros. Por isso, o tema esquentou bastante durante a última temporada.

Como já contamos aqui no Projeto Motor, a Hipercarros possui grandes limitações técnicas para segurar custos e manter a classe competitiva. Mesmo assim, o desenvolvimento das montadoras sempre consegue driblar esses obstáculos do regulamento.

É preciso lembrar que além de permitir protótipos de diferente motorização, incluindo híbridos e os não híbridos, a Hipercarros também recebe os GTP da IMSA como parte da convergência com a categoria americana. E para que tudo isso fique mais equilibrado, a FIA investiu no BoP.

Os protótipos das equipes passaram a ser monitorados de várias formas para estabelecer um ranking de desempenho. Esse acompanhamento começa já na pré-temporada e segue durante todo o campeonato.

Toyota é uma das marcas mais fortes do WEC desde os tempos do LMP1 e segue brigando por vitórias na Hipercarros
Toyota é uma das marcas mais fortes do WEC desde os tempos do LMP1 e segue brigando por vitórias na Hipercarros (Foto: Toyota/Divulgação)

A FIA instala sensores no semieixo dos carros para medir a potência de cada um. Durante o campeonato, ela segue utilizando programas para analisar telemetria e a média de velocidade de cada modelo em diferentes curvas e retas. Além disso, ela também mede a eficiência aerodinâmica de cada hipercarro.

Desta forma, os técnicos da entidade chegam à conclusão da diferença de desempenho geral entre os concorrentes. Depois, utilizando um programa de simulação, eles buscam formas de deixar o tempo de volta dos carros mais parecidos com diferentes medidas.

O que é feito nos carros no BoP do WEC

Para cada pista, parâmetros diferentes são utilizados. Isso acontece por conta das características de cada circuito. Um determinado modelo, por exemplo, que tem menos potência, mas mais aerodinâmica, pode ter vantagem em um traçado com mais curvas e ficar para trás em outro que tenha longos trechos de alta.

Depois destes cálculos, são então anunciadas as medidas que cada equipe terá que respeitar. Cada modelo passa a ter um peso mínimo diferente, assim como limite de potência do motor e um máximo de utilização de energia recuperada por volta pelo sistema elétrico da unidade de potência.   

Existe até a possibilidade de um mínimo de tempo em que a mangueira de reabastecimento deverá seguir conectada no carro durante os pits, causando atraso para compensar o ritmo mais rápido em pista.

As equipes recebem as informações com os parâmetros para cada metade da temporada e podem trabalhar com os acertos de seus carros dentro das restrições. Mudanças para cada etapa, no entanto, podem acontecer.

O regulamento da FIA também prevê punições para equipes e dirigentes que fizerem críticas públicas ao BoP. Isso significa que muitas das reclamações acabam ficando apenas nos bastidores.

Hipercarro Ferrari 499P está fazendo sucesso no WEC desde o retorno da montadora italiana
Hipercarro Ferrari 499P está fazendo sucesso no WEC desde o retorno da montadora italiana (Foto: Gianluca Sciarra/Ferrari)

Em 2023, aconteceu uma grande polêmica justamente nas 24 Horas de Le Mans em que a FIA deixou o hipercarro da Toyota 16 Kg mais pesado do que o da Ferrari. Por outro lado, é preciso destacar que o modelo italiano teve uma limitação maior tanto em potência máxima quanto em energia a ser utilizada por stint de corrida.

De qualquer forma, o time japonês vinha dominando a temporada e perdeu a principal corrida do campeonato para a Ferrari. Depois de Le Mans, a FIA utilizou a nova janela prevista para mudança no BoP para aumentar em cinco quilos o peso mínimo da Ferrari. A Toyota voltou a se mostrar em vantagem e venceu as outras três corridas da temporada, conquistando o título mundial.

Depois de muita discussão, a FIA prometeu ajustes em seus processos e sistemas de medições para aprimorar o BoP do WEC. No final das contas, a busca da entidade é manter certa liberdade tecnológica para os times ao mesmo tempo de manter a competição viva.

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