
O que é transponder na F1 e a confusão no DRS de Russell
Durante o GP do Bahrein, problemas no transponder e eletrônicos em geral na Mercedes de George Russell causaram uma confusão envolvendo seu carro, a cronometragem e os sistema de asa móvel que permitia não só o britânico atacar como também ser atacado pelos adversários.
Russell enfrentou uma série de problemas eletrônicos durante o último trecho do GP do Bahrein. Um dos piores foi no seu sistema de freio. Como já explicamos aqui no Projeto Motor, o sistema atual da F1 é bastante complexo e envolve uma série de configurações.
O pedal utilizado no cockpit se conecta a todo esse sistema por fio e não mais de forma mecânica ou cilindros hidráulicos como antigamente. Isso significa que o piloto precisa confiar que tudo está funcionando de acordo com o planejado para frear de forma agressiva e receber a resposta e sensação do carro corretos para contornar a curva.
Segundo contou após a prova, durante 10 voltas em sequência no final da corrida, Russell foi obrigado a reiniciar o sistema manualmente no volante em todas as curvas para que ele funcionasse. Isso com Lando Norris o perseguindo.
Além disso, a falha também afetou o sistema de informações dos sensores do carro. Assim, Russell deixou de receber diversos dados no dashboard (a tela que fica no volante). Ele não chegou a ficar totalmente a cegas, porém, considerando que já estava enfrentando problemas que exigiam reiniciar constantemente as configurações, a situação era bastante crítica.
A falha do transponder que afetou a cronometragem e DRS
Entre as várias falhas de sistema enfrentadas por Russell durante a prova de Sakhir, também aconteceu um problema grave no transponder de sua Mercedes.
Essa falha foi a que mais chamou a atenção de todos, pois derrubou o britânico de segundo para última na classificação da corrida durante as voltas finais. Ao verificar que a cronometragem na tela estava errada, a transmissão da F1 deixou de exibir a classificação em tempo real e passou a utilizar um sistema reserva, que registra as posições e tempos apenas ao final de cada volta.

O transponder é um transmissor de informações que fica instalado no carro e que serve para monitoramento sem fio em tempo real. Ele também é utilizado na aviação, satélites e carros de rua que possuem equipamentos antifurto do tipo.
Sem as informações do transponder, a F1 não conseguia saber onde a Mercedes de Russell estava na pista e nem a vantagem e desvantagem que tinha para seus rivais no traçado, com exceção da linha de chegada.
E aí que aconteceu um problema ainda maior do que da cronometragem. Se não era possível medir a distância que Russell estava atrás ou à frente de seus adversários por falta das informações do transponder, o sistema de DRS também não funcionaria direito.
Isso acontece porque o piloto pode utilizar a asa móvel em determinados pontos dos circuitos quando passa por linhas de detecção a menos de um segundo do carro da frente. Já explicamos em detalhes esse funcionamento em outro artigo aqui no Projeto Motor.
Quando o piloto está abaixo dessa margem em sua perseguição, o DRS se arma automaticamente pelo sistema da própria FIA. Aí, o piloto aciona o movimento da asa traseira através de um botão dentro na área autorizada. Fora dela, ele não funciona.
Para não ficar sem DRS em um momento crítica da prova, Russell recebeu a instrução da Mercedes de como realizar o acionamento manual, sem a necessidade de aguardar o sistema automático da FIA.
Só que isso também causou um outro problema. O botão que arma manualmente o sistema de asa móvel no volante da Mercedes também serve como rádio reserva. Com tantos problemas eletrônicos e precisando reiniciar as configurações de freio a todo momento, em determinado momento, querendo chamar o rádio, Russell acionou o DRS por engano fora da área permitida.
Ele logo percebeu a infração e imediatamente desativou a asa móvel e desacelerou o carro por um instante. Depois da prova, os comissários investigaram a questão e verificou-se através da telemetria que ele ganhou 0s02 na reta durante 37 metros com o DRS aberto, mas perdeu 0s28 quando desacelerou depois.
Como o transponder é de um fornecedor externo indicado pela FIA e o piloto não teve vantagem duradoura, os comissários resolveram não punir Russell depois da corrida.
Só que ainda durante a prova, Russell então ficou na dependência dos engenheiros usarem outro sistema para identificarem o tempo que ele estava atrás de Oscar Piastri e avisá-lo pelo rádio quando ele poderia utilizar o DRS.
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