O GP do Canadá de 2011 ficou marcado por uma forte chuva que causou uma longa paralisação e uma reviravolta incrível protagonizada por Jenson Button, vencedor com uma ultrapassagem na última volta após chegar a cair para último.

Contando com o tempo em bandeira vermelha, a corrida de Montreal acabou se estendendo por um total de 4 horas, 4 minutos e 39 segundos, transformando-se no GP mais longo da história da F1.

A categoria chegou ao Canadá, sétima etapa do Mundial, sob grande domínio de Sebastian Vettel, da Red Bull, que tinha vencido cinco das seis corridas anteriores. Lewis Hamilton, pela McLaren, era o único que tinha conseguido superar o alemão até o momento, ao conquistar o GP da China.

A prova em Montreal foi caótica do começo ao fim. Para se ter ideia, foram cinco intervenções do safety car, resultado em 31 das 70 voltas neutralizadas pelo carro de segurança. A própria largada foi realizada neste formato, já que a chuva que caía no Circuito Gilles Villeneuve desde a manhã daquele domingo parecia não cessar.  

Com os pneus de chuva intensa obrigatórios para o grid, a largada aconteceu depois do pelotão completar quatro voltas atrás do safety car. Neste momento a ordem tinha Sebastian Vettel (Red Bull) na liderança seguido por Fernando Alonso (Ferrari), Felipe Massa (Ferrari), Mark Webber (Red Bull), Lewis Hamilton (McLaren), Nico Rosberg (Mercedes) e Button (McLaren) em sétimo.

Caos em Montreal

Desde que a bandeira verde liberou as brigas por posições, a corrida foi marcada por toques, acidentes e caos na pista molhada de Montreal. E, em especial para Button, toda a primeira metade do GP foi um desastre que chegou a lhe jogar para a última posição.

Logo na largada, Hamilton tocou em Webber na primeira curva. O australiano rodou, caindo para 14 º, enquanto o britânico perderia três posições. Apenas três voltas depois, Hamilton vinha tentando uma recuperação e partiu para cima do companheiro, Button, na reta principal.

Sem ter visão do adversário provavelmente por conta do spray de água, Button trouxe sua McLaren para a esquerda seguindo o traçado convencional antes da primeira curva. Porém, Hamilton já tinha se posicionado para fazer a ultrapassagem. O resultado foi um toque em plena reta que tirou Hamilton da corrida com a suspensão quebrada.

Button precisou parar nos boxes para a troca de pneus e conseguiu voltar na 14ª colocação. Nenhum dos dois pilotos foi punido pelo lance e o próprio Hamilton, depois da prova, absolveu o parceiro por conta de toda situação da chuva.  

O safety car precisou intervir por conta dos pedaços das duas McLaren que ficaram pela pista. A relargada aconteceu na 13ª volta, mas apenas sete depois, a chuva ficou mais intensa e o safety car voltou a neutralizar a prova. Depois de alguns giros em velocidade mais lenta, a direção de corrida resolveu paralisar a competição com bandeira vermelha.

Neste momento, iniciou-se uma longa espera pela melhora das condições climáticas de pouco mais de duas horas. No retorno da corrida, os carros seguiram ainda atrás do safety car por dez voltas até acontecer a relargada.

Só que três voltas depois, o carro de segurança precisou intervir de novo. E Button estava mais uma vez envolvido na confusão. O britânico tentou ultrapassar Alonso e tocou na Ferrari do espanhol, o que casou a rodada do adversário.

Alonso ficou com seu carro preso na zebra enquanto o piloto da McLaren sofreu um furo no pneu e precisou se arrastar por quase toda a volta até chegar aos boxes. Isso fez com que ele caísse para a última posição da corrida ao final da 37ª das 70 voltas do GP do Canadá.

A incrível recuperação de Button

Neste momento, parecia que Button era carta fora do baralho na briga pelas primeiras posições. O piloto da McLaren, no entanto, aproveitou que tinha pouco a perder e utilizou bem sua famosa sensibilidade em condições mistas enquanto a pista secava.

O britânico foi ganhando posições aos poucos, e na volta 50 já era o oitavo colocado. Ele parou no giro seguinte para colocar os pneus de pista seca e retornou em nono, andando mais forte do que todos os adversários. Só para ter ideia, entre a volta 53, duas depois de seu pit, até a 69, ele marcou por oito vezes a volta mais rápida da corrida.

Aproveitando que o acerto de sua McLaren conseguiu colocar os pneus em temperatura ideal mais rápido, Button partiu para o ataque e ultrapassou Kobayashi pelo quarto lugar na volta 55, Webber pelo terceiro na 64, e Michael Schumacher pelo segundo na 65.

A cinco voltas do final, ele passou a caçar Vettel, que estava 3s1 à frente. O alemão abriu a volta final com apenas 0s9 de vantagem para Button, sabendo que poderia sofrer um ataque nos trechos de alta velocidade no último setor do circuito de Montreal.

Mas antes disso, o piloto da Red Bull, campeão da temporada anterior, acabou cometendo um erro na curva seis, saiu da pista, e cedeu a liderança da corrida faltando apenas algumas centenas de metros para final da prova.

Button então partiu para a bandeira quadriculada e venceu um GP bastante caótico, marcado pela chuva, pelas várias intervenções do safety car e uma longa paralização à espera de melhores condições climáticas, mas, principalmente, por uma das melhores atuações da carreira do campeão de 2009.