Felipe Nasr celebra com companheiros da Porsche vitória em Daytona
(Foto: Porsche)

Nasr celebra transição vitoriosa para o endurance e mira Le Mans

Felipe Nasr conquistou em janeiro de 2025 a sua segunda vitória consecutiva nas 24 Horas de Daytona, uma das provas mais importantes e tradicionais do endurance mundial.

O brasileiro fez isso defendendo dois dos maiores nomes do automobilismo e do setor automotivo mundial: a Porsche e a Penske, que são parceiras na empreitada das corridas de longa duração desde 2023.

Nasr ficou conhecido pelo público brasileiro pelas campanhas nas categorias de base da F1 e por sua passagem no Mundial em 2015 e 16 pela Sauber. O quinto lugar em sua primeira prova na F1 é o melhor resultado de estreia de um brasileiro na história da categoria.

Só que os vários problemas da Sauber acabaram atrapalhando a continuidade do trabalho de Nasr. Limitações financeiras e, depois, a venda da equipe fez com que o ambiente interno do time suíço não ajudasse na evolução. E assim, a carreira do brasiliense também sofreu com a situação.

Nasr deixou a F1 e passou um ano estudando as opções, participando apenas de provas da Porsche GT3 Brasil. E as portas que se abriram para o piloto, na época com 26 anos, foram a do endurance. E mais especificamente, nos EUA.

Em 2018, o piloto fechou contrato com a Whelen Engineering Racing, uma das equipes mais fortes da IMSA (campeonato americano de endurance), na época parceira da Cadillac. E o retorno não poderia ser melhor.

Logo em sua primeira temporada, Nasr se sagrou campeão. No segundo, ficou com o vice, mas venceu provas importantes como as 12 Horas de Sebring e a Petit Le Mans, em Road Atlanta. Em 2021, novo título.

A rápida adaptação ao endurance chamou a atenção. Mesmo assim, em entrevista exclusiva ao Projeto Motor, Nasr admitiu que o começo não é fácil por conta das muitas diferenças tanto do estilo das corridas quanto do carro, mas que a motivação por estar em uma situação de brigar por vitórias e títulos foi importante para a sua nova fase.

“É uma transição de ambientes, de modalidades. De equipes. Então eu acho que teve uma fase de adaptação ao mundo de endurance. Mas eu queria estar num ambiente que me proporcionasse vitórias, corridas, campeonatos, representando grandes marcas. O que no meio da F1 é muito difícil. Você fica muito limitado. Você tem ali uma, duas equipes que brigam pela vitória, às vezes três, e olhe lá”

“As outras equipes ficam muito limitadas ao investimento, o que elas podem oferecer. E acaba que o piloto fica tão bom quanto ao que a equipe consegue oferecer. No mundo de endurance, não”, explicou o piloto, hoje com 32 anos.

O segundo salto de Nasr foi em 2022, quando ele entrou para o programa Porsche Penske no endurance. As duas marcas se juntaram para desenvolver o protótipo 963 para competirem nas classes principais tanto da IMSA, nos EUA, quanto no WEC (Mundial de Endurance), onde também teriam a chance de correr em Le Mans.

Nasr foi um dos pilotos que participou de todo o desenvolvimento do novo protótipo da marca alemã, que viria a ser operado pela equipe americana nas duas categorias de endurance.

A estreia aconteceu em 2023, com muitos problemas. Mas na temporada seguinte, com Nasr no cockpit, a Porsche Penske já conquistou as 24 Horas de Daytona e o título da IMSA. E na abertura da temporada de 25, mais uma vitória em Daytona.

“O Porsche 963 é quase que um filho meu. Eu vi esse carro nascer. Desde os primeiros dias de projeto, de como esse carro viria. O primeiro treino na pista. Então, eu ingressei nesse projeto liderando esse desenvolvimento, essa evolução, conhecimento. E eu vi os dias bons e ruins no carro.”

“2023 foi um ano extremamente difícil, um carro com várias falhas mecânicas, problemas técnicos e até questões operacionais. Juntar um time é muito complicado no início. Então essa fusão Porsche e Penske levou um tempo até ela solidificar. Mas 2024 começou com a vitória Daytona, vencemos o campeonato IMSA, vencemos o campeonato de montadoras e agora em 2025, começando de uma maneira incrível.”

“Acho que como piloto eu posso dizer que é uma oportunidade única de estar trabalhando no projeto desde o início e ver esse fruto. A gente está colhendo esse sucesso agora”, contou o piloto ao Projeto Motor.

Relação Porsche e Penske

Porsche e Penske são dois nomes que já fizeram muita história no automobilismo mundial. A oportunidade de trabalhar em um projeto em que essas duas enormes marcas estão juntas é algo bastante especial na carreira de um piloto, segundo Nasr.

Ele explicou ao Projeto Motor que o programa precisou amadurecer para que os dois lados pudessem fornecer o que possuem de melhor. Mas que as experiências de desenvolvimento do carro da Porsche e do lado de engenharia de pista da Penske foi essencial para acelerar o processo.

“A Porsche oferece todo o equipamento, know-how e a engenharia, e a Penske oferece o serviço, a expertise também de engenheiros de pista, mecânicos e tudo mais. Então, a gente tem um pouco dos dois mundos. A Porsche, toda vez que eu vou na Alemanha, a gente faz nossos trabalhos de simuladores. Então, a gente testa muita coisa nova no simulador antes de se transferir para a pista.”

“E a Penske é uma equipe que tem uma potência de conhecimento, até pela diversidade de categorias que eles participam. A gente consegue digerir muita informação muito rápido e solucionar as coisas muito rápido. Então, acho que esse conjunto tem provado o seu sucesso. E como eu falei, juntar duas marcas nunca é fácil, até pela questão cultural.”

Porsche 963 operado pela Penske com que Felipe Nasr corre na IMSA e Le Mans (Foto: Porsche)
Porsche 963 operado pela Penske com que Felipe Nasr corre na IMSA e Le Mans (Foto: Porsche)

Olho de Nasr e da equipe para Le Mans

Não existe muito segredo que o maior objetivo de Nasr, Porsche e da Penske agora é vencer as 24 Horas de Le Mans. Enquanto o piloto brasileiro participa do braço americano da operação, a montadora e a equipe possuem um time competindo regularmente no WEC.

Assim como aconteceu na IMSA, essa equipe do Mundial de Endurance também está evoluindo aos poucos. Em 2024, a Porsche foi vice-campeã, perdendo o título para a Toyota por apenas dois pontos, mas 51 à frente da terceira colocada, Ferrari.

Só que em Le Mans, apesar de até mostrar um bom ritmo e terminar na volta dos vencedores, a Porsche Penske ainda não se mostrou no nível de Ferrari e Toyota, que dominaram a corrida.

Apesar de não competir regularmente no WEC, Nasr participa especificamente em Le Mans, quando a Porsche Penske dobra seu esforço pela vitória na corrida mais importante do endurance mundial. E o brasileiro não esconde a expectativa que ele e todos do time, incluindo o próprio dono, têm para a edição de 2025, que acontece em 15 de junho.

“É uma corrida que ainda não tenho no currículo. O próprio Roger Penske fala que enquanto ele estiver aqui, ele quer essa corrida de qualquer jeito. E é por isso que esse projeto funciona”, afirmou.

As 24 Horas de Le Mans de 2025 acontecem em 15 de junho.

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