(Foto: Reprodução)

Conheça a história da Sauber e suas diferentes eras na F1

Mesmo sem nunca ter sido a protagonista da F1, a Sauber se tornou um nome clássico na história da categoria. Fundada pelo célebre Peter Sauber, a operação suíça passou por muitas fases distintas e teve momentos de altos e baixos, até se estabelecer como a atual equipe Alfa Romeo.

Mas a Sauber já tem no horizonte a sua próxima era, já que, a partir de 2026, o time será a parceira oficial da Audi em sua tão aguardada entrada na F1. A empresa alemã será a quarta montadora com alguma ligação oficial com o time.

Por isso, até chegar a esse ponto da nova associação, vale relembrar um pouco da história da equipe, que começa décadas antes da entrada na F1. Em 1970, Peter Sauber fundou a PP Sauber AG, empresa com a qual começaria a se aventurar no automobilismo, especialmente no mundo dos esporte-protótipos.

A operação foi ganhando notoriedade até chegar à elite do endurance, com participações nas 24 Horas de Le Mans e integrando o Grupo C da FIA no Mundial de Marcas.

Em 1985 que a história da Sauber teve uma importante guinada. A equipe estabeleceu uma estreita relação com a Mercedes, que se tornou uma parceria oficial de fábrica a partir de 88, o que foi o fio condutor para sua grande transformação nos anos seguintes.

Nesta nova fase, a Sauber fez dobradinha em Le Mans e conquistou títulos de equipes no Mundial de Marcas. E com todo este sucesso, a Sauber planejou voos mais altos, e a chegada à F1 pintava como um natural passo a ser dado a seguir.

Em 1993, a Sauber passaria a integrar o seleto clube da F1. Oficialmente se tratava de uma equipe independente, mas, na prática, ainda havia uma relação próxima com a Mercedes – que financiou o desenvolvimento dos motores Ilmor que foram usados pelo time.

Com um elegante carro preto, a Sauber foi uma das agradáveis surpresas da temporada de 93. Karl Wendlinger e JJ Lehto pontuaram em seis etapas do ano e colocaram a Sauber em um animador sétimo lugar entre os construtores. Nada mau para a campanha de estreia.

Em 94, a Mercedes oficialmente entrou a bordo. Desta vez com Heinz-Harald Frentzen ao lado de Wendlinger, a Sauber novamente terminou seis GPs nos pontos, com destaque para dois quartos lugares, além de um terceiro posto no grid para Frentzen em Suzuka.

Porém, a Sauber teria de passar por mudanças importantes. Em outubro de 94, a Mercedes anunciou que deixaria o time para ser parceira da McLaren em 95, então um novo capítulo estava por vir.

Alianças durante fase independente na F1

Sem a Mercedes ao seu lado, a Sauber entrou em uma nova fase. Primeiramente, ela engatou uma parceria oficial com a Ford para 95 e 96, período em que ela conquistou seus primeiros pódios na F1, com Frentzen em Monza e com Johnny Herbert em Mônaco. Mas, de 97 em diante, veio a aliança mais duradoura do time na F1.

A Sauber passaria a adotar motores Ferrari, usando as unidades italianas com um ano de defasagem. Estes motores eram rebatizados de Petronas, fornecedora de combustível e importante parceira comercial da Sauber.

Aliás, este foi um período de alianças fundamentais para a sobrevivência time. Em 95, a Sauber passou a ser patrocinada pela Red Bull, sendo que Dietrich Mateschitz, dono da marca de bebidas energéticas, até se tornou acionista da operação.

A Sauber continuou como força secundária, apenas com mais alguns pódios – com Herbert na Hungria, e com Jean Alesi em Spa. Mas se tratou de um período importante para a consolidação da Sauber na F1.

O momento de maior destaque veio em 2001. Com uma dupla de jovens, formada por Nick Heidfeld e Kimi Raikkonen, a equipe ficou atrás apenas das poderosas Ferrari, McLaren e Williams, e anotou o quarto lugar entre os construtores, o melhor resultado de sua história como equipe independente.

O sucesso também teve como consequência a modernização de sua fábrica, entre 2003 e 2004. A Sauber estava na crista da onda, o que, obviamente, chamou atenção de muita gente grande…

BMW compra a Sauber

A partir de 2006, a Sauber entrou em uma parceria importante. A equipe havia sido adquirida pela BMW, e seria a operação oficial da fabricante na F1, adotando formalmente o nome de BMW Sauber. O plano era bem claro: primeiro, colocar a casa em ordem para depois lutar de igual para igual com as gigantes por títulos e vitórias na F1.

Tudo começou como o previsto. Em 2006 o time anotou pódios, e em 2007, com a desclassificação da McLaren pelo escândalo de espionagem, foi a vice-campeã entre os construtores.

Já 2008 foi o auge, com a vitória no Canadá com Robert Kubica, que já corria por fora na luta pelo título contra Lewis Hamilton e Felipe Massa. A Sauber, com a BMW ao lado, enfim se consolidava e se tornava de ponta.

Robert Kubica conquistou uma vitória pela BMW Sauber em 2008
Robert Kubica conquistou uma vitória pela BMW Sauber em 2008 (Foto: BMW AG)

Mas, dali para frente, algumas decisões tomadas pela diretoria deram o que falar. A BMW decidiu interromper o desenvolvimento do carro de 2008 para se preparar para as mudanças de 2009 – mas o carro de 2009, que apostava no uso do KERS, não foi competitivo. Isso marcou a derrocada do projeto BMW Sauber.

Em julho de 2009, em meio aos efeitos da crise econômica global, a BMW anunciou que deixaria a F1 ao término daquela temporada. Em pouco tempo, a Sauber foi de time de ponta para correr um sério risco de desaparecer da F1 a partir de 2010.

Desamparada com a saída da BMW, a Sauber chegou a ser especulada para ser comprada por um consórcio suíço, mas o negócio nunca saiu do papel. Então, para manter o time vivo, um velho conhecido voltou a cena: Peter Sauber comprou novamente a operação. A Sauber voltaria a ser independente, apenas com uma parceria técnica com a Ferrari, e teria uma operação mais enxuta se comparada aos tempos de BMW.

Era da luta pela sobrevivência

A Sauber voltou a andar no bloco intermediário, flertando com ocasionais pontos. 2012 foi um ponto fora da curva, quando Sergio Pérez conquistou três pódios e esteve perto de vencer no GP da Malásia, além de um outro pódio para Kamui Kobayashi, mas o novo patamar da equipe era no meio do pelotão.

Fora da pista, uma mudança importante: em outubro de 2012, Peter Sauber deixou as operações e passou o comando da equipe a Monisha Kaltenborn, o que virava uma importante página para a Sauber.

Monisha assumiu o controle da Sauber em um momento bastante complicado. As finanças da equipe não eram das mais saudáveis, especialmente com a subida de gastos com a adoção dos motores V6 turbo híbridos, em 2014. Aliás, em 2014, a Sauber terminou a temporada zerada em pontos, algo que nunca havia acontecido em sua história.

2015 foi um pouco mais positivo, liderada pelos bons resultados de Felipe Nasr, mas em 2016, novamente, a queda foi dura. A Sauber esteve entre as últimas da relação de forças, e só se salvou de um total vexame graças a um nono lugar de Nasr em Interlagos, os únicos dois pontos da equipe em 2016.

Nova venda da Sauber e parcerias com Alfa Romeo e Audi

E, nos bastidores, mais mudanças: a Sauber foi vendida ao grupo de investimentos Longbow Finance, na tentativa de se reinventar e voltar aos tempos de competitividade.

Com a nova gestão, a Sauber tomou algumas decisões confusas: por exemplo, em 2017, ela competiu com motores defasados da Ferrari, mas anunciou que romperia com a fabricante italiana e iniciaria em 2018 uma parceria com a Honda. Meses depois ela cancelou o acordo, e, em vez disso, estreitaria ainda mais seus laços com a Ferrari. Do lado da chefia, Monisha Kaltenborn foi desligada, e Frederic Vasseur assumiu as rédeas.

Mas, desta vez, a aproximação com a Ferrari foi a um nível além. Em 2018, a Sauber traçou uma parceria comercial com a Alfa Romeo, que entrou como patrocinadora principal da equipe, que inclusive passou a adotar o nome de Alfa Romeo Racing a partir de 2019. A montadora alemã, no entanto, só entra com o nome, enquanto toda a operação técnica ainda do time é feita pela empresa que leva o nome de Sauber, com sede da Suíça.

Nesta fase mais recente, a equipe manteve seu patamar no pelotão intermediário, primeiramente com Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi, e, mais recentemente, com Valtteri Bottas e Guanyu Zhou.

Presidente da Audi, Markus Duesmann, no anúncio da entrada da montadora na F1. Alemães serão parceiros da Sauber
Presidente da Audi, Markus Duesmann, no anúncio da entrada da montadora na F1. Alemães serão parceiros da Sauber (Foto: Audi)

De todo modo, a Sauber já tem os seus próximos passos oficializados. A parceria com a Alfa Romeo vai só até o fim de 2023, e, depois disso, ela já vai se preparar para a nova era ao lado da Audi, a partir de 2026, quando entra em vigor o próximo regulamento de motores da F1.

A montadora alemã vai adquirir algumas cotas da empresa, mas o tamanho de sua participação na equipe Sauber ainda não foi revelado. Por outro lado, ao contrário do que acontecia com a Alfa Romeo, que era uma mera patrocinadora, a Audi pretende ter uma participação técnica decisiva.

Os motores serão desenvolvidos e produzidos pela própria Audi, em uma instalação voltada para competições de propriedade da empresa na cidade de Neuburgo, na Alemanha, em que mais de 120 funcionários já trabalham no projeto.

Desta forma, fica agora o aguardo dos próximos passos dessa nova era da Sauber.

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