O escândalo do push to pass envolvendo a Penske na Indy

A semana foi agitada para a Indy com a descoberta de um enorme escândalo de manipulação do software dos carros pela equipe Penske; Além de ser o time mais tradicional no grid, também é de propriedade de Roger Penske, dono da categoria e do autódromo de Indianápolis.

A Indy anunciou na última quarta-feira (24/04) que Josef Newgarden e Scott McLaughlin estavam desclassificados da etapa de São Petersburgo (que aconteceu em 10/03), da qual terminaram como vencedor e terceiro colocados, respectivamente. Will Power subiu de quarto para segundo no resultado da prova, mas teve deduzidos 10 pontos no campeonato.

O problema encontrado foi que a equipe descumpriu a regra do push-to-pass, dispositivo acionado pelos pilotos que aumenta a potência dos motores por um tempo limitado. O artifício é utilizado principalmente para ultrapassagens.

Segundo o artigo 14.19.15 do regulamento da Indy, nos circuitos mistos e de rua, o sistema só fica disponível aos competidores após um sinal que passa pela ECU (Unidade de Controle Eletrônico) enviada pelo controle de corrida e cronometragem de prova.

No 14.19.16, a categoria indica que o sistema ficará desativado antes das largadas e relargadas. Além disso o sistema só será acionado quando carro passar pela linha que serve de largada e chegada.

O sistema é parecido com utilizado pela F1 para o DRS (asa móvel), em que a direção de prova, de forma remota, libera ou não após a primeira volta da corrida ou depois de uma relargada, pode desligar em caso de chuva, e que só funciona quando o piloto está a menos de um segundo de um adversário à frente em determinado ponto de detecção de diferença.

Durante a sessão de aquecimento antes da segunda etapa, em Long Beach, no último domingo (21), a Indy descobriu a possível infração da equipe Penske. A partir da informação, os comissários começaram uma investigação através dos dados de telemetria dos carros da equipe, em que se descobriu que o time tinha manipulado o sistema para que seus pilotos pudessem usar o push to pass nas largadas e relargadas.

Os dados apontaram que Newgarden e McLaughlin se beneficiaram do dispositivo de forma irregular (utilizando antes da linha de largada/relargada) enquanto Will Power não chegou a acionar o sistema. Por isso, ele teve uma pena mais branda, apesar ter sido punido pelo fato de seu carro também estar com a possibilidade de driblar o controle eletrônico.

Newgarden e McLaughlin no pódio de São Petersburgo. Eles seriam desclassificados 45 dias depois (Foto: Penske Entertainment/Joe Skibinski)

A Indy ainda impôs uma multa de U$ 25 mil por carro e confiscou qualquer premiação que a Penske e seus pilotos tenham ganhado durante a etapa de São Petersburgo.

Os carros em Long Beach ainda estavam com o programa liberado para utilização irregular, mas como a questão foi descoberta antes da prova, a Indy afirma que a Penske corrigiu a brecha antes da corrida.

Penske e pilotos admitem infração, mas alegam erro

Após a publicação por parte da Indy das punições e seus motivos, a Penske também se pronunciou através de comunicado assinado pelo presidente da equipe, Tim Cindric.

O time não contestou as desclassificações e penalizações, admitindo que realmente seus carros estavam andando com o programa do sistema manipulado. O dirigente alegou que durante um teste com as novas unidades de potência híbridas (que devem ser introduzidas ainda em 2024), o programa utilizado deixou permitido que o push to pass fosse acionado durante as largadas e relargadas.

Os técnicos da equipe teriam então esquecido de reverter a opção para a corrida de São Petersburgo e os pilotos que Newgarden e McLaughlin acabaram acionando o sistema em uma relargada. “A Equipe Penske aceita as punições aplicadas pela IndyCar”, encerra o curto comunicado de um parágrafo.

Apesar da explicação, uma das questões que chamou muito a atenção dos adversários é que se as regras diziam que o push to pass não poderia ser acionado nas relargadas, e o programa foi mantido com outro parâmetro por um erro da preparação antes da prova, por que Newgarden e McLaughlin apertaram o botão?

Em coletiva em Barber, que sedia a terceira etapa da Indy, Newgarden admitiu que apertou duas vezes o botão de acionamento do push to pass em momentos irregulares. Ele alegou que o time que cuida de seu carro tinha uma informação de uma mudança de regra para São Petersburgo e por isso realizou o procedimento. E que a questão do programa estar liberado para acionamento lhe deu certeza desta alteração.

Ele admitiu, no entanto, que sua história realmente parece pouco convincente e que ele deveria saber melhor que não poderia usar o dispositivo, mesmo que o sistema estivesse permitindo.

“Tem apenas uma pessoa sentada no carro, então, a responsabilidade de usar o push to pass cai diretamente em mim. É minha responsabilidade saber as regras e o regulamento. Com isso em mente, eu falhei miseravelmente com meu time, uma falha completa do meu lado”, disse Newgarden.

“É desmoralizante de várias maneiras e não há nada que eu possa dizer que mude o que aconteceu”, continuou o americano bicampeão da Indy.

Newgarden, da Penske, lidera largada da etapa de São Petersburgo (Foto: Penske Entertainment/James J Black)

McLaughlin já tinha emitido um comunicado via assessoria de imprensa também admitindo a utilização irregular do push to pass, porém, contanto uma história um pouco diferente.

“Eu não estava ciente da situação com o programa. Apertei o acionamento do push to pass uma única vez e muito breve (1s9) em um trecho da pista na saída da curva nove, onde normalmente é utilizado durante toda a corrida. Apertei o botão por hábito, mas não ultrapassei nenhum carro nem ganhei vantagem de tempo”, afirmou.

Do outro lado, Colton Herta, da equipe Andretti, não aceitou bem as desculpas e explicações da Penske e seus pilotos deixando entender que a manipulação e utilização do push to pass não teria sido um engano.

“Não é culpa do piloto que estava no carro, mas é culpa do piloto eu usou [o sistema] e iriam usar de novo em Long Beach. Eles estavam seguindo com isso em Long Beach. Ninguém disse nada. E acho difícil de acreditar que alguém teria dificuldade de sentir uma potência extra de 50 cavalos no carro. Então, qualquer desculpa é bobagem”, apontou o americano.

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