Markus Winkelhock correu em apenas uma corrida na F1 e chegou a liderar
(Divulgação)

Pilotos que tiveram uma (e só uma!) chance na F1 | 10+ Projeto Motor

Todo piloto que sonha com a F1 não pensa apenas em chegar ao Mundial, mas também em fazer uma longa e vitoriosa carreira por lá. Mas nem sempre é o que acontece.

Muitos competidores sequer conseguem alcançar a F1, ficando pelo caminho nas categorias de base e por falta de oportunidades acabam muitas vezes mudando o foco da carreira para outras categorias e modalidades do automobilismo.

E, mesmo entre aqueles que chegam lá, há muitos só que não conseguem chances de mostrar o que podem (ou até não podem) fazer por muito tempo. Nesta lista do Projeto Motor, vamos contar dez casos de pilotos que tiveram apenas uma oportunidade na F1. Isso mesmo, largaram apenas para um GP oficial em toda a carreira.  

Jack Aitken – GP de Sakhir de 2020

A única largada de Jack Aitken na F1 teve influência de uma situação envolvendo Lewis Hamilton. Em um efeito dominó antes do GP de Sakhir de 2020, Hamilton testou positivo para covid-19 e deveria ficar de fora da prova.

George Russell, então titular da Williams, foi convocado para substituir o heptacampeão na Mercedes, o que também abriu a possibilidade para que Aitken ocupasse o cockpit da Williams no anel externo no Bahrein.

Aitken se classificou em 17º no grid, menos de 0s1 atrás do outro piloto da Williams, Nicholas Latifi. Mas, na fase final da corrida, sofreu um acidente e danificou sua asa, o que mudou totalmente a dinâmica da corrida com a entrada do safety car.

Aitken ainda conseguiu receber a bandeirada em 16º, em penúltimo, terminando de forma discreta sua única participação na F1.

Andre Lotterer – GP da Bélgica de 2014

Parecia que o bonde para correr na F1 já havia passado para Andre Lotterer. O alemão havia se aproximado da categoria nos anos 2000, quando foi piloto de testes da Jaguar.

Mas, sem conseguir uma vaga de titular, ele seguiu em frente e fez carreira no automobilismo japonês, com títulos na F-Nippon e Super GT, e também no endurance. Competindo pela Audi, Lotterer foi um dos campeões inaugurais do WEC, em 2012, e venceu por três vezes as 24 Horas de Le Mans.

Mas o chamado da F1 apareceu de forma surpreendente. Lotterer foi convocado pela Caterham para competir no GP da Bélgica de 2014, substituindo Kamui Kobayashi. Apesar de conhecer bem a pista de Spa, Lotterer não estava habituado aos carros da F1 moderna, e mesmo assim, na chuva, conseguiu se classificar à frente do parceiro de equipe, Marcus Ericsson.

Na corrida, chegou a pular de 21º para 18º, mas, na segunda volta, pegou uma zebra rápido demais na curva Blanchimont, o que fez com que seu carro perdesse potência. Lotterer abandonou a corrida logo no começo, pondo fim a uma trajetória bastante breve pela F1 – mas, ainda assim, não foi a passagem mais curta desta lista.

Marco Apicella – GP da Itália de 1993

Depois das participações conturbadas de Ivan Capelli e Thierry Boutsen, a Jordan promoveu um revezamento em seu segundo cockpit para as provas finais de 1993. Em Monza, quem assumiria a vaga era Marco Apicella, italiano que vinha competindo na F3000 Japonesa.

Apicella não conhecia bem o carro e se classificou em 23º no grid, quatro posições e meio segundo atrás de seu parceiro de equipe, Rubens Barrichello. Mas a corrida durou pouco. Logo após a largada na aproximação para a primeira curva, Apicella foi uma das vítimas do acidente múltiplo que eliminou vários carros.

O italiano não retornaria mais ao cockpit de titular, o que fez com que sua carreira na F1 durasse pouco mais de 800 metros, uma das mais breves da história.

Markus Winkelhock – GP da Europa de 2007

Markus Winkelhock teve a chance de disputar o GP da Europa de 2007 pela Spyker, já que a equipe havia dispensado Christijan Albers, e recorreu ao seu piloto de testes para ganhar tempo até encontrar o substituto definitivo.

Em Nurburgring, uma pista que já conhecia bem, Winkelhock se classificou em último no grid, mas o fato de não ter nada a perder o permitiu arriscar. Durante a volta de apresentação, alguns pingos de chuva começaram a cair no circuito, e o alemão apostou ao colocar pneus de pista molhada.

Quando a corrida começou, de fato a chuva caiu com força, o que obrigou todos os outros a pararem. Com isso, Winkelhock surgiu repentinamente na primeira posição, indo de último a primeiro em poucos segundos, e a bordo do carro menos competitivo do grid.

A alegria durou pouco: Winkelhock foi ultrapassado, despencou no pelotão e abandonou pouco depois com problemas mecânicos. Foi uma carreira curta na F1, mas suficiente para deixar sua marca.

Jean-Louis Schlesser – GP da Itália de 1988

Jean-Louis Schlesser é um nome respeitado no automobilismo por seus dois títulos no Rally Dakar e por suas conquistas nos protótipos. Porém, o piloto teve um capítulo de sua carreira na F1, com participação direta em um acontecimento histórico.

Entre o fim de agosto e começo de setembro de 88, o titular da Williams, Nigel Mansell, teve problemas de saúde ao sofrer com uma catapora e uma virose, o que o deixou de fora de duas corridas. Schlesser foi o convidado para ser o substituto no GP da Itália, quando enfim estrearia em um evento oficial da F1 na véspera de completar 40 anos de idade.

O francês se classificou em 22º no grid, 12 posições atrás do titular da Williams, Riccardo Patrese, e na corrida vinha em um discreto 11º lugar, tentando levar o carro até a bandeirada.

Na volta 50, o líder da prova, Ayrton Senna, se aproximava de Schlesser para colocar mais uma volta no francês. Mas os dois bateram na primeira chicane, o que eliminou Senna da prova e acabou com a chance de a McLaren manter os 100% de aproveitamento nas vitórias de 88.

Com isso, Gerhard Berger e Michele Alboreto fizeram dobradinha da Ferrari, no primeiro GP disputado na Itália após a morte de seu fundador, Enzo Ferrari.

Roland Ratzenberger – GP do Pacífico de 1994

Depois de fazer carreira no endurance e no automobilismo japonês, Roland Ratzenberger enfim realizou o sonho de chegar à F1 em 94. Ele fechou acordo para competir pela estreante equipe Simtek nas primeiras seis corridas da temporada.

Naquela época, a F1 contava com 28 carros, mas apenas os 26 mais rápidos na classificação largariam no domingo, e os dois últimos ficariam de fora. Ratzenberger ficou em 27º no Brasil e não conseguiu fazer sua estreia, mas, na corrida seguinte, no GP do Pacífico, colocou sua

Simtek no 26º e último lugar do grid.  Com um equipamento pouco competitivo, o austríaco recebeu a bandeirada em 11º, o último dos classificados, cinco voltas atrás do vencedor, Michael Schumacher.

O que aconteceu na etapa seguinte, em Imola, infelizmente se tornou bastante conhecido. Na classificação, Ratzenberger até conseguiu marcar um tempo que o colocaria na corrida de domingo, mas, durante a tomada de tempos, sofreu o seu violento acidente fatal, apenas aos 33 anos de idade.

Leo Kinnunen – GP da Suécia de 1974

O primeiro finlandês a correr na F1, Leo Kinnunen já vinha rondando a categoria desde 1971 até conseguir sua oportunidade em 74. Ele fez um leasing com John Surtees de um modelo TS16 e entrou na categoria com uma equipe sob o nome AAW Racing Team.

Só que as coisas não foram nada bem. Depois de quatro tentativas frustradas de se classificar para uma corrida, Kinnunen conseguiu finalmente alinhar para a única largada na F1 de sua carreira no GP da Suécia. Mas a brincadeira durou pouco tempo. Ele abandonou após apenas a oitava volta com um problema elétrico.

O finlandês ainda tentaria se classificar para o GP da Bélgica, sem sucesso. No final das contas, a marca mais forte que Kinnunen deixou foi a de ter sido o último piloto da história da F1 a correr com um modelo de capacete aberto. Algo que até na época já era considerado extremamente perigoso.

Bobby Unser – GP dos Estados Unidos de 1968

Representante de uma das principais famílias de pilotos dos Estados Unidos, o tricampeão das 500 Milhas de Indianápolis, Bobby Unser, também teve uma passagem relâmpago pela F1.

A oportunidade aconteceu em meio à sua primeira grande temporada nos EUA, em 68, quando venceu pela primeira vez em Indianápolis e conquistou o título da USAC, uma das primeiras encarnações da Indy.

Unser foi inscrito pela equipe oficial da BRM nos GPs da Itália e Canadá, mas pelo fato de estar participando de outras corridas, não chegou a competir. Ele então correu apenas nos GP dos Estados Unidos, em Watkins Glen.

Na semana da prova, o piloto sofreu uma lesão no tornozelo durante uma partida beneficente de basquete, mas, mesmo assim, foi para a corrida. Ele largou em uma apagada 19ª posição, mas se recuperava bem até que abandonou na 35ª volta, quando estava em décimo, com um problema no motor.

Stephane Sarrazin – GP do Brasil de 1999

Piloto de testes da equipe Prost para 99, Stephane Sarrazin iria participar da F3000 pela segunda temporada consecutiva. O francês, no entanto, acabou sendo chamado para fazer sua estreia na F1 no GP do Brasil, no lugar de Luca Badoer na Minardi. O italiano tinha sofrido uma lesão no pulso em um acidente durante um teste em Fiorano, e precisaria ficar afastado em recuperação.

Sarrazin não fez feio. Ele se classificou na 17ª colocação no grid, três à frente do outro piloto do time, Marc Gené, e com um tempo 0s7 melhor. Na corrida, ele seguiu evoluindo e era 11º quando bateu forte na Curva do Café, o que fez a sua Minardi rodar várias vezes.

Na prova seguinte, Badoer voltou ao cockpit da Minardi. Sarrazin seguiu como piloto de testes da Prost por mais dois anos e depois cumpriu o dever por mais uma temporada pela Toyota, mas nunca mais voltou a ter uma chance na F1.

Luiz Pereira Bueno – GP do Brasil de 1973

Quem acompanhava o automobilismo nacional entre os anos 60 e 70 não tinha dúvidas de que Luiz Pereira Bueno era um dos grandes talentos brasileiros da época. Faltou a ele, no entanto, a possibilidade de fazer uma carreira internacional.

Peroba, como era conhecido, chegou a participar da corrida extra-campeonato da F1 em Interlagos, em 72, terminando em nono com uma March. Mas sua única chance real na categoria em uma prova oficial aconteceu no GP do Brasil de 73, o primeiro válido pelo Mundial.

Bueno, no entanto, só conseguiu um nada competitivo Surtees TS9B para participar. Ainda durante os treinos, ele chegou a pensar em desistir de correr, mas foi convencido pelo próprio John Surtees que novas rodas e barra de direção diminuiriam seus problemas.

Não foi o aconteceu. Ele largou em último e fez uma corrida correta para conseguir chegar ao final em 12º, quatro voltas atrás do vencedor, Emerson Fittipaldi. Foi a última vez que ele pilotou um carro de F1.

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