(Foto: Luca Bassani)

Stock Car estreia novo carro com problemas, mas confia no futuro

Após anos de espera, a Stock Car estreou neste final de semana (02 a 04/05), em Interlagos, seu novo carro. É uma mudança radical tanto do ponto de vista externo, que fica aparente ao público, quanto técnico, por baixo da carenagem dos carros.

O começo não está sendo nada fácil. Apesar da categoria ter divulgado que foram feitos mais de 10 mil Km em testes, os modelos entregues às equipes ficaram prontos de última hora e não foi possível realizar uma pré-temporada com todos os carros na pista.

Além disso, muitos times sequer tinham todas as peças disponíveis a poucos dias da primeira etapa. Um shakedown estava previsto, mas precisou ser cancelado pelo atraso na montagem dos carros pelas equipes.

E mesmo quando chegaram a Interlagos para suas voltas iniciais, os modelos enfrentaram vários problemas. O primeiro dia de treinos, na sexta-feira (02), teve vários cancelamentos de sessões por diversas falhas no software do equipamento, entre outras complicações.

Os pilotos conseguiram ir para a pista apenas no final do dia e, mesmo assim, vários deles andaram em ritmo de instalação e shakedown, sem chance ainda de tentarem testar os limites de seus novos veículos. Muitos ficaram pela pista na primeira ou segunda volta.

Mesmo assim, a Stock Car resolveu seguir em frente com sua programação reformulada. Diante de tantos problemas, já estava previsto que não aconteceria rodada dupla, mas um evento com apenas uma corrida. Porém, existe otimismo que apesar de um primeiro final de semana bastante problemático, as coisas devem melhorar rapidamente com o tempo.

Essa é a impressão, por exemplo, de Cacá Bueno, que parte para sua 26ª temporada na Stock Car e já passou por diversas mudanças de modelo como a atual.

“Confio demais na categoria. Estamos juntos, pois carros novos trazem desafios novos, e é isso que a gente está passando neste final de semana seria resolvido com dois dias de testes intensos. São problemas que a gente vai resolver e que são naturais em um carro novo”, disse o pentacampeão da categoria nacional.

O novo Stock Car

A categoria passou os últimos quatro anos trabalhando de forma intensiva neste novo modelo, desenvolvido pela AudaceTech, braço de tecnologia automotiva e eletrônica do Grupo Veloci, atual controlador da Stock Car.

O novo modelo ganhou a nomenclatura de SNG01, sigla de Stock New Generation. Na parte visual o público vai já nota mudanças importantes. Para começar, aconteceu uma mudança para veículos no estilo “SUV” embasada em pesquisas de marketing do setor automotivo. Na prática, porém, os carros ficaram com aspecto bastante esportivo.

O tricampeão Daniel Serra acelera o Mitsubishi Eclipse Cross da Blau Motorsport
O tricampeão Daniel Serra acelera o Mitsubishi Eclipse Cross da Blau Motorsport
(Foto: Luca Bassani)

Os fãs verão na pista modelos inspirados esteticamente em versões de rua das três montadoras que se associaram à Stock Car para essa nova era do campeonato: Chevrolet Tracker, Toyota Corolla Cross e Mitsubishi Eclipse Cross.

Por baixo da carenagem, os novos carros também são totalmente novos. Nada da versão antiga da Stock Car foi aproveitada. E existiu uma preocupação bastante grande da AudaceTech de desenvolver um modelo mais rápido e com mais tecnologia embarcada.

O chassi tem estrutura tubular de aço, com crash boxes na dianteira e traseira em alumínio para absorção de impacto. Estruturas laterais em carbono, kevlar e aramida para absorção de impacto e dissipação de energia. Seu projeto, concepção e pelos materiais mais modernos utilizados em sua fabricação, ele é mais leve que o Stock Car antigo, com 1.100 Kg,

O motor também é novo e projetado pela AudaceTech. A unidade tem quatro cilindros com 2,1 litros de deslocamento, turboalimentado, 16 válvulas e injeção eletrônica. O conjunto desenvolve 500 cv ( a 7.600 rpm) e torque de 580 Nm (de 4.000 a 6.800 rpm). O RPM máximo é de 7.600.

O volante foi fabricado especialmente para a Stock Car pela holandesa Grid Engineering. Nele, além do push to pass, os pilotos também poderão acionar a asa traseira móvel, no mesmo estilo do DRS da F1. Por problemas do programa nesta primeira etapa porém, o sistema não está disponível em Interlagos.

Apesar dos graves problemas o potencial do carro chama a atenção. Enquanto a maioria dos pilotos ainda era obrigada a andar devagar, Gaetano Di Mauro, da equipe RC Eurofamar, já conseguiu andar em um ritmo mais acelerado e já na sexta-feira marcou o tempo de 1min37s442. Para se ter ideia, a volta mais rápida em Interlagos marcada pelo modelo anterior da Stock Car era de 1min38s800, da temporada de 2020.

Companheiro de Di Mauro na RC, Felipe Fraga de 2016 e com experiência nos últimos anos em categorias internacionais de endurance como WEC e IMSA, elogiou a capacidade técnica da nova máquina.

“Minhas primeiras voltas no novo carro da Stock Car foram incríveis. Dei só cinco voltas para aquecer o ‘brinquedo’. Mas é um carro maravilhoso, nem se compara com o anterior. Tudo no lugar, não faz muito barulho de aerodinâmica. Você vê que é um carro bem feito, bem montado, muito forte, primeira e segunda marchas muito potentes com o turbo. E é isso. Ainda não acelerei tudo, mas achei bem legal e dá para sentir que é uma evolução bem grande”, contou.

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