Heptacampeão da MotoGP, Valentino Rossi namorou firme com a F1 nos anos 2000
(Foto: Ferrari)

Valentino Rossi chegou perto da F1 mesmo ou foi só boato?

Heptacampeão da MotoGP e piloto com mais triunfos na história da categoria, com 89, Valentino Rossi anunciou na última quinta-feira (05) que irá encerrar sua carreira ao final de 2021. Um monstro das duas rodas, o italiano teve também diversas oportunidades de realizar testes com carros de F1, especialmente da Ferrari.

Esses testes, que começaram com brincadeiras em sessões particulares e chegaram a ficar mais sérios em pré-temporada oficial da F1, claro que chamavam a atenção das pessoas e criavam rumores fortes de que Rossi poderia fazer em algum momento uma troca de modalidade.

O pai do piloto, Graziano Rossi, já revelou que essa mudança chegou a ficar muito perto de acontecer entre 2006 e 07. E se olharmos para a história, faria até algum sentido naquele momento, pensando que Rubens Barrichello estava de saída da Ferrari para a Honda em 05, e Schumacher sairia ao final de 06. O time tinha, em um primeiro momento, apenas o jovem Felipe Massa, rápido, as ainda uma promessa, e a possível contratação de Kimi Raikkonen, o que acabou acontecendo.

Só que não para por aí. Na época, a Ferrari tentou realmente avançar em uma mudança de regra para introduzir a possibilidade das equipes andaram com um terceiro carro. Ou seja, a equipe italiana poderia ter uma dupla mais madura e testada na F1 e um piloto como Rossi para ganhar experiência e mostrar se teria condições ou não de correr para valer mais adiante.

Na época, tudo isso causou muito barulho, mas, ao mesmo tempo, parecia um pouco incrível demais. Olhando hoje, ainda parece meio maluco. E será que Valentino chegou mesmo perto de correr da F1 ou tudo não passa de conversa fiada anos depois?

Os testes de Rossi pela Ferrari

Entre 2004 e 2010, foram vários os testes de Rossi pela Ferrari. O primeiro foi um evento particular da Ferrari, no circuito da equipe em Fiorano, em que também andaram Luca Badoer e Schumacher. Não se tem registro público de tempos. Apenas alguns relatos de que Valentino teria surpreendido Schumacher pela sua rápida adaptação, destacando o fato de nunca ter guiado um monoposto na vida antes.

Mas para se ver como depois a ideia foi levada mais a sério, ele voltou ao cockpit de uma Ferrari em plena pré-temporada de 2006. Rossi andou por dois dias em Valência, completando ao total 429 km. Sua melhor marca foi de 1min12s362, ficando 0s7 atrás de Schumacher e a 1s1 de Felipe Massa, que se preparava para estreia na equipe naquele ano.

Numa primeira batida de olho, considerando que era a primeira experiência real dele com um carro de F1 e em uma sessão cronometrada, com todas as outras equipes na pista, o desempenho dele não parece ruim.

Mas tem um detalhe importante aqui que derruba um pouco a comparação. Rossi andou com o modelo F2004, supercampeão da Ferrari de duas temporadas antes, e que tinha um motor V10. É verdade que os giros do propulsor foram limitados para não lhe dar uma grande vantagem sobre os novos V8, que se tornavam obrigatórios em 2006. Mesmo assim, por conta de novas regras, o carro no geral era bem mais eficiente em termos aerodinâmicos do que a nova Ferrari 248 F1 com a qual Schumacher andou, e que ainda estava no começo do processo de desenvolvimento. A comparação com Massa, no entanto, é um pouco mais próxima, já que o brasileiro treinou com uma F2004 modificada para o novo regulamento.

Valentino Rossi fez vários testes pela Ferrari, sendo o último que se tenha notícia em 2010, em Barcelona, com um modelo de 2008
Valentino Rossi fez vários testes pela Ferrari, sendo o último que se tenha notícia em 2010, em Barcelona, com um modelo de 2008 (Foto: Ercole Colombo/Ferrari)

De qualquer maneira, Rossi mostrou que com alguma quilometragem, poderia talvez ser competitivo sim na F1, mesmo não tendo feito categorias de base em monopostos ou se preparado devidamente para este tipo de competição.

Valentino voltaria a fazer diversos testes com a Ferrari nos anos a seguir, com tempos cronometrados apenas em uma sessão sozinho em Fiorano, em novembro de 2009, poucas semanas depois de conquistar seu último título da MotoGP.

Chance na Sauber?

Há pouco tempo, em uma entrevista à versão espanhola do site Motorsport, o ex-presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo afirmou que o projeto com Valentino Rossi nunca foi uma ação de publicidade de orquestrada para ganhar manchetes e que eles realmente chegaram a sentar com o piloto italiano para criar um projeto para ele entrar na F1.

“A Ferrari não precisava disso [uma promoção publicitária para cavar notícias]”, disse o dirigente italiano. “No início, foi quase uma cortesia ao desejo de um grande campeão. Vi que ele estava forte, tinha muito potencial e vontade”, continuou.

E Montezemolo finalmente soltou uma informação que, dentro de todo aquele histórico que recordamos mais acima, faria muito mais sentido para a Ferrari, com a impossibilidade de um terceiro carro na F1. Uma temporada em um time cliente para ganhar experiência e depois, caso mostrasse potencial, a promoção. Mas o dirigente acredita que com a opção em mãos, Rossi fez a escolha certa para a sua carreira.

“A certa altura pensamos que ele poderia passar um ano na Sauber, mas ele foi inteligente e preferiu permanecer como o número um nas motos do que o quarto ou quinto nos carros”, opinou.

Rossi ainda participou em 2019 de um evento pela equipe Mercedes, que tinha uma mesma patrocinadora de seu time na MotoGP, a Yamaha, em que ele e Lewis Hamilton trocaram de lugares. Ele deu algumas voltas com um modelo de 2017 da equipe alemã para a sessão de filmagens, mas não teve tempos cronometrados.

É bom lembrar que diversos pilotos da motovelocidade chegaram a fazer testes e a até a correrem em categorias diferentes do automobilismo. Na F1, no entanto, apenas John Surtees teve sucesso, o único campeão mundial nas duas e quatro rodas.

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