Chicane do circuito de Seul da Fórmula E
(Foto: F-E/Divulgação)

Fórmula E aposta que SP se torne marco para novo estilo de circuitos

Fundada em 2014 em cima de uma tecnologia totalmente nova, a Fórmula E, campeonato de monopostos elétricos, vem se desenvolvendo aos poucos desde então tentando tirar cada vez dessa sua base.

As atuais baterias já têm uma duração bem maior que as da primeira geração e os pit stops em que os pilotos precisavam literalmente de trocar de carro durante as provas já não são mais necessários. Além disso, as velocidades também estão crescendo, deixando os modelos cada vez mais competitivos.

Por outro lado, com a evolução gradativa e rápida dos carros, um outro fator parece muitas vezes limitar a demonstração do potencial dos modelos da Fórmula E: as pistas. Por uma questão conceitual, a categoria dá preferência para pistas urbanas. A ideia é passar a mensagem de mobilidade ao colocar carros elétricos competindo nos centros de grandes cidades.

Só que mesmo em relação a traçados de rua como os da F1 e Indy, os circuitos da Fórmula E são destacadamente mais simples, estreitos e com diversas chicanes e curvas de baixa.

Também por uma característica específica do carro da categoria, que permite toques sem tanto risco por conta de proteções nas rodas e ainda possui dimensões menores do que da F1, essa questão dos circuitos não se transformou diretamente em um problema. Os pilotos ainda conseguem fazer ultrapassagens e os diversos esbarrões se tornaram parte do show.

Por outro lado, as pistas claramente limitam a utilização da tecnologia. A terceira geração do modelo da Fórmula E vai estrear na próxima temporada e, segundo o piloto Lucas di Grassi revelou na coletiva de lançamento da etapa de São Paulo, ele pode chegar aos 320 km/h. Só que dificilmente os espectadores poderão ver isso, por conta do estilo das pistas.

“Nós temos um motor na frente e outro atrás. O incrível é que o nosso motor é um pouco menor que uma garrafa pet de dois litros de água. Ele tem mais de 400 cv constante de potência e pesa menos de 15 kg. A evolução tecnológica é muito alta, o carro vai passar dos 320 Km/h e iria até mais rápido se as pistas não fossem limitadas ao tamanho do carro”, explicou Di Grassi, na entrevista em que o Projeto Motor foi um dos veículos presentes.

Fórmula E está ciente do problema e planeja mudanças

Durante a conversa com jornalistas na sede da prefeitura, Alberto Longo, cofundador e atual CEO da Fórmula E, admitiu que a categoria precisará fazer algumas mudanças em seu conceito de circuitos para o futuro, passando a utilizar traçados mais largos e ligeiramente menos sinuosos.

Hairpin do circuito de Londres da Fórmula E
Hairpin do circuito de Londres da Fórmula E (Foto: F-E/Divulgação)

Além disso, ele também comentou, em resposta à reportagem do Projeto Motor, que o novo circuito da etapa de São Paulo, que será montado na região do Anhembi, utilizando a estrutura do sambódromo, pavilhão de ventos e hotel, deve servir como um marco para essa mudança.

“Do [carro] Geração 1, Geração 2, agora Geração 3 e quando formos para o Geração 4 não sei onde poderemos correr, mas a tecnologia tem avançado tão rapidamente que estamos revendo o formato, o desenho das pistas. Acho que o Anhembi é especificamente uma amostra do que serão as pistas do futuro da Fórmula E.”

O novo circuito será construído na mesma área onde também aconteceram as corridas da Indy entre 2010 e 13. Porém, ele terá importantes mudanças em relação ao utilizado pela categoria americana. Uma delas é a não utilização da Marginal Tietê, com objetivo de criar menos distúrbios para o trânsito local.

Assim, os pilotos devem passar pelo outro lado do sambódromo, na Avenida Olavo Fontoura, que será utilizada como uma espécie de reta oposta. Uma sequência de curvas será montada na área do estacionamento do pavilhão de eventos. Apesar de algumas versões do circuito já terem sido apresentadas e compartilhadas, o desenho final ainda está sendo estudado pela equipe técnica da Fórmula E.

“Essa é uma pista que terá por volta de 3 quilômetros. Neste momento em que estamos conversando aqui, temos uma equipe técnica na pista olhando quantas curvas teremos. Serão entre 11 e 14. Todo o trabalho que fazemos é para garantir o show, o espetáculo, as ultrapassagens e para chegar o mais próximo possível da velocidade máxima de 320 km/h”, explicou Longo.

“Estamos trabalhando nisso. E quanto mais a tecnologia avança, vamos ter que procurar pistas cada vez mais largas pelo mundo”, concluiu.

Primeira versão do desenho do circuito do ePrix de São Paulo. Traçado ainda pode passar por mudanças (Divulgação)

O espólio da Indy

Segundo Gustavo Pires, diretor-presidente da SPTuris, empresa de fomento ao turismo da cidade de São Paulo, a prefeitura paulista não deverá fazer investimentos direto com dinheiro novo no evento da Fórmula E, mas contribuir principalmente com a logística e estrutura do evento.

Para a montagem do evento, por exemplo, serão utilizados diversos equipamentos que ficaram guardados em um galpão da SPTuris, como guard rails, zebras e outros que foram utilizados na criação do circuito da Indy, no início da última década.

Tanto Pires quanto o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, porém, quiseram revelar o custo da operação do evento para o município. A expectativa apresentada por ambos é da geração de 8 mil empregos diretos e indiretos e impacto de cerca de U$ 120 milhões na economia paulistana.

O ePrix de São Paula da Fórmula E irá acontecer em 25 de março de 2023 e os ingressos já estão à venda.

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