Campeão em 2008 da F1, Hamilton sofreu com a McLaren de 2009
(Foto: Daimler AG)

Grandes equipes que erraram a mão em novos regulamentos na F1

Toda vez que a F1 faz grandes mudanças em seu regulamento técnico, as equipes precisam trabalhar duro para interpretar da melhor maneira as novas regras e se destacar perante a concorrência. Estas mudanças criam a oportunidade para que um time ou outro ganhe terreno, e, em contrapartida, também servem como uma preocupação para quem dorme no ponto.

Ao longo da história, algumas equipes de ponta erraram a mão quando houve grandes novidades no regulamento, e perderam muito espaço para as rivais. Estas equipes iniciaram o período de transição em desvantagem, e tiveram de quebrar a cabeça para se recuperar do momento difícil.

Vamos relembrar aqui alguns casos de grandes equipes da F1 que não se deram bem com mudanças importantes no regulamento. Confira aqui em artigo ou em vídeo no final do texto:

Williams – 1994

O caso da Williams em 94 se tornou bastante simbólico e conhecido pelos fãs. Para aquele ano, a F1 fez uma mudança importante no regulamento ao proibir recursos eletrônicos, como controle de tração, suspensão ativa, freios ABS, entre outras coisas.

Acontece que a Williams havia dominado as temporadas anteriores justamente contando com um carro bastante sofisticado, que usava com maestria todas estas tecnologias. Então, quando lançou seu carro para 94, os pilotos, Ayrton Senna e Damon Hill, perceberam que o modelo tinha muitas coisas a serem corrigidas, já que ele era bastante instável sem a suspensão ativa.

Adrian Newey, o projetista da Williams, admitiu anos mais tarde que “fez besteira na concepção do modelo, o que obrigava Senna a tentar extrair um rendimento que o carro não tinha para dar”. O brasileiro até conseguiu anotar três pole positions nos três primeiros GPs do ano, mas, em situação de corrida, o domínio inicial ficou com Michael Schumacher e a Benetton. Senna zerou nestas três primeiras provas, o que incluiu o seu acidente fatal em Imola.

As coisas melhoraram a partir do GP da Alemanha, a nona etapa do campeonato, quando a Williams lançou uma versão B de seu modelo, que focava em consertar as fraquezas da versão original. Hill emendou vitórias e, com os problemas enfrentados por Schumacher, o que já detalhamos em um outro vídeo em nosso canal, cresceu na luta pelo título, mas acabou o ano com o vice.

Ferrari – 2005

A mudança de regulamento da F1 para 2005 não envolveu componentes eletrônicos ou aerodinâmicos dos carros, mas sim os pneus. Para aquele ano, a categoria estabeleceu que os pilotos teriam de usar apenas um jogo de compostos durante toda a corrida – ou seja, os pitstops contariam apenas com reabastecimento, e os pneus poderiam ser trocados somente em caso de claro risco à segurança.

Foi nisto que a Ferrari saiu dos trilhos. A equipe italiana vinha de cinco títulos consecutivos com Michael Schumacher, e simplesmente não conseguiu se encontrar com este novo regulamento, como já explicamos em mais detalhes em um artigo aqui do site.

Os pneus Bridgestone, usados pela equipe italiana, não se adaptaram bem às novidades, e as ações passaram a ser dominadas por Renault e McLaren, que usavam produtos da Michelin. Em corridas quentes, como por exemplo na Malásia, a Ferrari até chegou a ocupar o pelotão intermediário, o que deixou a situação constrangedora em Maranello.

O ano teve alguns pontos positivos, como o forte rendimento em Imola, e a vitória em condições surreais nos Estados Unidos, o que já contamos em nesse vídeo a seguir, aqui no Projeto Motor.

Mas, em resumo, Schumacher perdeu o seu reinado e nem sequer esteve na luta pelo título.

McLaren e Ferrari – 2009

Em alguns aspectos, a F1 praticamente virou de cabeça para baixo de 2008 para 2009. No ano em que mudou radicalmente a aerodinâmica de seus carros e trouxe de volta os pneus slick, duas das favoritas ficaram para trás e demoraram para engrenar.

McLaren e Ferrari lutaram palmo a palmo pelo título de 2008, com uma intensa briga entre Lewis Hamilton e Felipe Massa que durou literalmente até os metros finais da temporada. No entanto, as duas equipes tiveram dificuldades na transição para 2009.

A Ferrari parecia ocupar um bloco secundário, sem conseguir lutar diretamente por vitórias, e sofreu com falta de confiabilidade. Já a McLaren nem velocidade apresentava no começo do ano, já que parecia relegada ao pelotão intermediário em termos de ritmo.

As duas equipes, no entanto, tinham uma característica comum: ambas haviam apostado no conceito do KERS, o sistema de recuperação de energia que fazia sua estreia em 2009, enquanto que as ponteiras, Brawn GP e Red Bull, não usavam o utensílio.

Com o passar da temporada, as duas conseguiram melhorar. A Ferrari obteve seis pódios, incluindo a vitória de Kimi Raikkonen na Bélgica, enquanto que a McLaren ficou cinco vezes entre os três primeiros, com triunfos de Hamilton na Hungria e Singapura.

Ao fim do campeonato, a McLaren foi a terceira no Mundial de Construtores, um pontinho à frente da Ferrari, a quarta, o que ainda assim foi pouco levando em consideração o retrospecto das duas escuderias.

Ferrari – 2014

Sim, mais uma vez a Ferrari…  A equipe italiana tentava voltar ao posto de campeã, mas foi superada em sequência por Sebastian Vettel e a Red Bull entre 2010 e 2013.

Mas, para 2014, havia uma nova esperança. A F1 passaria por uma revolução, dando adeus aos motores V8 aspirados para receber os novos V6 turbo híbridos, o que representava uma grande ruptura. Só que tudo ficou ainda pior para os italianos.

O seu modelo em 2014 tinha várias fraquezas – tanto com relação a aerodinâmica, ao peso, ainda acima do ideal, como também pela própria unidade de potência, que não empurrava tanto quanto as principais rivais.

Como resultado, a Ferrari teve uma queda de patamar em relação aos anos anteriores. O time conquistou apenas dois pódios em 2014, e teve sua primeira campanha sem conseguir uma vitória desde 1993.

Diante desta crise, a Ferrari viu vários personagens deixando suas posições, desde seu presidente, Luca di Montezemolo, aos chefes de equipe Stefano Domenicali e Marco Mattiacci, até o próprio Alonso.

Estes são apenas alguns exemplos dentre diversas outras histórias semelhantes. Quais outras equipes de ponta você considera que erraram a mão com novos regulamentos? Deixe nos comentários.

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