(Foto: Sam Bagnall/Sutton Images/Sauber)

A longa busca de Hulkenberg por seu primeiro pódio na F1

Após uma longa espera de quase 16 anos, Nico Hulkenberg conquistou no GP da Grã-Bretanha de 2025 o seu primeiro pódio na F1. O piloto alemão terminou a prova em Silverstone no terceiro lugar com sua Sauber em uma prova bastante caótia em que ele era o 19º no grid de largada.

Com o resultado, Hulkenberg se tornou o piloto com mais corridas antes de subir ao pódio pela primeira na história da F1. Ele completou na etapa britânica sua prova de número 239.

Para se ter ideia, Carlos Sainz era quem tinha esse “recorde” até este domingo com 101 GPs antes do primeiro pódio. Terceiro colocado na estatística a partir de agora, Martin Brundle precisou de 91 corridas até participar da cerimônia de premiação de uma etapa da F1 pela primeira vez.

Essa longa espera de Hulkenberg era algo que já tinha entrado para o folclore da F1. Normalmente, é difícil imaginar que um piloto que nunca tenha conseguido subir ao pódio conseguisse permanecer na categoria por tantos anos. A estreia do alemão aconteceu em 2010.

Por outro lado, era difícil entender como ele nunca tinha conseguido terminar pelo menos uma vez entre os três primeiros colocados de uma corrida, já que claramente era considerado um piloto talentoso dentro do paddock, diante de tantas chances que recebeu.

Hulkenberg celebra o terceiro lugar no GP da Grã-Bretanha de 2025
Hulkenberg celebra o terceiro lugar no GP da Grã-Bretanha de 2025 (Foto: Steven Tee/LAT Images/Sauber)

A trajetória de Hulkenberg na F1

Hulkenberg estreou na F1 em 2010 pela Williams aos 23 anos para ser companheiro do brasileiro Rubens Barrichello, na época o piloto mais experiente do grid.

O currículo era recheado de sucessos. Campeão da F-BMW de 2005, do Masters de F3 de 07, da F3 Europeia de 08, e da GP2 (atual F2) em 09, em um grid repleto de pilotos que chegariam à F1 como Sergio Perez, Vitaly Petrov, Lucas di Grassi, Romain Grosjean, Pastor Maldonado, Kamui Kobayashi, entre outros.

Sua primeira temporada na F1 foi consistente. Ele foi superado por Barrichello por 47 a 22 pontos ao final do campeonato, mas surpreendeu a todos ao conquistar a única pole position da Williams no ano, no GP do Brasil.

Tudo indicava que Hulkenberg teria uma carreira de ascensão rápida. Mas por diversos motivos, com o tempo, os resultados não vieram como esperado. E Hulk entrou numa longa espera enquanto perambulava por equipes médias da F1 como Force India e Sauber.

No meio do caminho, ele participou e venceu as 24 Horas de Le Mans de 2015 pela Porsche ao mesmo tempo em que participava da F1 regularmente. Um feito bastante raro na história.

Em 2018, sua nona temporada na F1, parecia que ele teria uma boa chance de liderar um projeto de bom potencial ao ser contratado pela Renault. O time francês passava por uma reformulação com forte aposta da montadora para voltar a ser uma equipe de ponta.

Só que mais uma vez, as coisas não deram muito certo, e ao final de 2019, Hulkenberg não só não teve seu contrato renovado como ainda ficou sem uma vaga de titular na F1 para a temporada seguinte. Parecia que a eterna promessa alemã iria terminar sua passagem pelo Mundial sem um pódio sequer para contar história.

E não foram poucas as vezes que ele passou perto dessa conquista. Como já contamos em detalhes aqui no Projeto Motor, ele teve boas chances de terminar entre os três primeiros em provas como o GP da Alemanha de 2019, Bélgica de 16, Bahrein de 14, Itália e Coreia do Sul de 13, Brasil e Bélgica de 12.

O retorno do Hulk

Apesar de fora da F1, por se tratar de um piloto admirado no paddock, Hulkenberg nunca foi esquecido pela categoria. Em 2020, quando Pérez ficou impedido de correr nos GPs da Grã-Bretanha e do 70º aniversário, ambos em Silverstone, o alemão foi rapidamente convocado pela equipe Racing Point para substituí-lo.

Na primeira participação, ele se classificou em 13º do grid, mas não largou com um problema mecânico de última hora em seu carro. Na segunda, ele conseguiu um resultado impressionante ao ficar com a terceira colocação no grid de largada e fechar a corrida em sétimo.

Algumas etapas depois, Lance Stroll se sentiu mal após os primeiros treinos livres em Nurburgring, e a Racing Point chamou de novo Hulk para uma nova participação em que ele largou em 20º e terminou em oitavo. Os bons desempenhos renderam ao alemão um contrato de piloto reserva na equipe, que em 2021 mudaria de nome de Racing Point para Aston Martin.

E uma nova chance surgiu no começo de 22, quando Sebastian Vettel também testou positivo para covid. Hulkenberg andou nos GPs do Bahrein e Arábia Saudita, em que terminou em 17º e 12º, respectivamente.

Em 2023, Hulk foi lembrado pela Haas, que estava formando uma nova dupla de pilotos e buscava nomes com experiência comprovada para tentar recuperar o desempenho do time, que tinha caído bastante nas temporadas anteriores. E assim, o alemão voltava a ser piloto titular na F1.

Foram duas temporadas pela equipe americana, em que ele conquistou diversos resultados importantes, como os sextos lugares nos GPs da Austria e Grã-Bretanha de 2024.

Para 25, ele assinou com a Sauber com a incumbência de liderar o projeto de chegada da Audi, que comprou a equipe suíça, em 26. Sabia-se que ele e seu companheiro, o novato Gabriel Bortoleto, enfrentariam uma primeira temporada difícil pela fase de transição do time, que estaria focado no ano de estreia da marca das argolas com seu nome na F1.

Ainda mais levando-se em conta que a Sauber vinha de ser a pior equipe do Mundial em 2024 e a segunda pior em 23, quando corria sob o nome da patrocinadora Alfa Romeo. Mas aparentemente, a receita de investimento, novos nomes para área técnica e um Hulkenberg inspirado, trouxe alguns frutos antes do esperado.

Hulkenberg, pela Sauber, no GP da Grã-Bretanha de de 2025 (Foto: Clive Rose/Getty Images/Sauber)
Hulkenberg, pela Sauber, no GP da Grã-Bretanha de de 2025 (Foto: Clive Rose/Getty Images/Sauber)

Após as primeiras 12 etapas, a equipe ocupa a sexta posição no campeonato de construtores com 41 pontos (37 marcados por Hulk). E no recorte de quatro corridas após o novo pacote de atualizações do time no GP da Espanha, a Sauber é a quarta equipe que mais marcou pontos atrás apenas de McLaren, Ferrari e Mercedes, e à frente de Red Bull.

Hulkenberg tem se mostrado um piloto constante e vem aproveitando as oportunidades que lhe aparecem com cinco resultados na zona de pontuação. Ele é o nono colocado no campeonato de construtores.

E se em outros momentos, como já apontamos acima, ele talvez tenha vacilado diante das chances de um bom resultado, dessa vez, ele abraçou a oportunidade que lhe apareceu em Silverstone ao fazer uma grande corrida para terminar em terceiro.

Fica a expectativa para o que mais o piloto de 37 anos ainda pode mostrar na F1 agora que acabou com esse tabu da falta de pódios que o perseguiu por tanto tempo.

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