(Foto: Andy Hone / LAT /Haas)

As corridas em que Hulkenberg bateu na trave do pódio

A relação de Nico Hulkenberg com o pódio se tornou um dos grandes tabus da F1. O alemão, que era considerado um dos nomes mais promissores de sua geração, acabou ficando com um recorde ingrato: ele é, de longe, o piloto com mais GPs disputados na categoria sem ter um pódio sequer.

No momento em que produzimos este conteúdo, Hulkenberg tem 184 largadas na F1, e nunca conseguiu ir além do quarto lugar. Para se ter uma ideia, o segundo piloto nesta lista é o também alemão Adrian Sutil, que nunca subiu ao pódio depois de fazer 128 corridas – ou seja, 56 a menos que Hulkenberg tem hoje.

No entanto, houve alguns momentos em que parecia que Hulkenberg enfim iria desencantar. Em sua longa carreira na F1, o alemão teve corridas em que chegou muito perto do pódio, mas sempre faltou algo para ele poder estourar o champanhe.

Vamos relembrar aqui alguns destes momentos em que Hulkenberg chegou mais perto de subir ao pódio em um GP da F1.

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GP da Alemanha de 2019

Uma das grandes chances de Hulkenberg em 2019 escapou de seus dedos de forma bastante dramática. No chuvoso GP da Alemanha, o então piloto da Renault saltou para quinto lugar na primeira volta, e conseguiu permanecer entre os cinco mais bem colocados na fase inicial da corrida. Mas a pista molhada trazia uma armadilha aos pilotos, especialmente nas últimas curvas do circuito, que estavam bem escorregadias.

Charles Leclerc e Lewis Hamilton foram uns dos primeiros a escaparem do local, o que promoveu Hulkenberg a terceiro. O alemão estava no páreo para conquistar uma posição no pódio, mas, na volta 41, o próprio Hulkenberg foi uma vítima do traiçoeiro ponto. Ele passou reto e escorregou na área de escape, batendo na barreira de pneus e acabando com a sua corrida. Foi um final amargo para uma corrida que parecia muito promissora.

GP do Bahrein de 2014

Nos meses iniciais da era turbo híbrida da F1, os carros equipados com unidades da Mercedes tinham boas oportunidades para brilhar. Era o caso da Force India, equipe de Hulkenberg em 2014, que no Bahrein tinha ritmo para lutar pelo pódio. Mas o alemão precisou se recuperar de uma classificação difícil, quando caiu no Q2 e foi apenas o 11º no grid.

Na corrida, Hulkenberg escalou o pelotão, deixando para trás os pilotos de Ferrari, Red Bull e Williams, e em determinado momento até o seu parceiro, Sergio Pérez. Mas, na fase final da prova, um safety car agrupou os pilotos, e nisso Hulkenberg perdeu terreno.

Ele voltou a ficar atrás de Pérez na pista, e ainda por cima foi ultrapassado por Daniel Ricciardo nas voltas finais, caindo para o quinto lugar. No fim das contas, ficou o sentimento duro de ter ficado a apenas 4s5 do terceiro lugar, e de ver Pérez garantir o primeiro pódio da Force India desde 2009.

GPs da Itália e Coreia do Sul de 2013

Em sua rápida passagem pela Sauber, em 2013, Hulkenberg chegou a sonhar alto e quase romper a barreira do pódio. Duas corridas se destacaram: em Monza, obteve a façanha de se classificar em terceiro no grid, inclusive superando os dois pilotos da Ferrari.

Mas, na corrida, foi batido por Fernando Alonso e Felipe Massa, e recebeu a bandeirada em um ainda impressionante quinto lugar, a 10s do vencedor, Sebastian Vettel, e a 4s do terceiro colocado – e em uma corrida que sequer teve um safety car.

Duas provas mais tarde, na Coreia do Sul, novamente andou entre os primeiros, e conseguiu segurar a pressão de Lewis Hamilton, Alonso e Nico Rosberg para igualar o melhor resultado de sua carreira, com um quarto lugar. Mas, novamente, o pódio não veio: Hulkenberg viu Vettel, Kimi Raikkonen e Romain Grosjean estourarem o champanhe, e mais uma vez ficou no quase.

GP da Bélgica de 2012

A corrida de Spa, em 2012, ficou marcada pelo grande acidente nos metros iniciais, o que eliminou de uma vez só Romain Grosjean, Fernando Alonso, Lewis Hamilton e Sergio Pérez.

E, com tantos favoritos ao pódio fora da jogada, Hulkenberg foi quem mais soube tirar vantagem da situação. Ele saltou de 11º para terceiro nos metros iniciais, e na relargada após o safety car, ainda despachou Kimi Raikkonen para pular para segundo.

Nico Hulkenberg, durante o GP da Bélgica de 2012
Nico Hulkenberg, durante o GP da Bélgica de 2012 (Foto: Arquivo/Force India)

A partir dali, a sua missão era conter os pilotos de equipes mais competitivas que vinham atrás. Mas Raikkonen voltou a superá-lo na primeira rodada de pitstops, enquanto que Vettel também ganhou muito terreno ao fazer uma parada a menos.

Assim, Hulkenberg se contentou com o quarto lugar, apenas 2s5 atrás de Raikkonen, que ficou com o último posto no pódio. Era, de forma isolada, o melhor resultado do piloto na F1, onde quase conseguiu se intrometer em um pódio de campeões mundiais.

GP da Bélgica de 2016

Mais uma corrida na Bélgica, e mais uma tirando proveito de uma confusão na largada. Desta vez, o acidente envolveu Max Verstappen e os dois pilotos da Ferrari, Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen. Com isso, Hulkenberg foi de sétimo para segundo, atrás apenas de seu compatriota e xará Nico Rosberg.

No entanto, na sexta volta, Kevin Magnussen bateu forte na saída do complexo Eau Rouge/Raidillon, o que inicialmente provocou a entrada do safety car. A Force India, então, aproveitou para trocar os pneus de Hulkenberg – isso o fez cair para terceiro, atrás de Daniel Ricciardo, mas em tese traria uma vantagem quando os carros relargassem..

Acontece que o acidente de Magnussen provocou grandes danos na barreira de proteção, então a direção de prova interrompeu as ações com a bandeira vermelha para fazer os reparos necessários. Era uma péssima notícia para Hulkenberg, já que, com a corrida parada, todos os outros pilotos também poderiam colocar pneus novos, de modo que a sua estratégia já não iria mais funcionar tão bem.

Para piorar, atrás dele vinha Lewis Hamilton, que fazia corrida de recuperação após largar do fundo do grid. A 11 voltas do fim, o inglês despachou Hulkenberg e pulou para terceiro. No fim das contas, foi mais um quarto lugar para Hulkenberg, em mais uma prova em que o pódio parecia alcançável.

GP da Austrália de 2023

Quase que o primeiro pódio de Hulkenberg na F1 apareceu na circunstância mais inesperada. Depois de três anos sem uma vaga definitiva de titular, o alemão retornou com a modesta Haas, equipe que também nunca terminou entre os três primeiros em uma corrida. Na Austrália, o conjunto mostrou força, de modo que Hulkenberg esteve na zona de pontuação.

Porém, aconteceu de tudo nas voltas finais. Primeiro, Kevin Magnussen, o outro piloto da Haas, bateu, espalhou detritos e provocou uma bandeira vermelha. A relargada foi dada parada, a dois giros do fim. Foi quando houve o verdadeiro caos: Carlos Sainz bateu em Fernando Alonso, Sergio Pérez e Lance Stroll escaparam da pista, e os dois pilotos da Alpine colidiram entre si.

Por alguns minutos, a chance de um pódio no GP da Austrália de 2023 pareceu possível para Hulkenberg
Por alguns minutos, a chance de um pódio no GP da Austrália de 2023 pareceu possível para Hulkenberg (Foto: Glenn Dunbar / LAT / Haas)

Hulkenberg então subiu para um incrível quarto lugar, e à sua frente estava Sainz, que tinha toda a pinta de que seria punido, sendo que não haveria tempo hábil para uma nova relargada em bandeira verde.

Bem, se você está neste vídeo, sabe que não foi bem assim que as coisas aconteceram. Como os carros não chegaram a passar em um setor de cronometragem antes da nova bandeira vermelha, a direção de prova desconsiderou as trocas de posição da última relargada, então Hulkenberg terminou a corrida apenas com o sétimo lugar.

GP do Brasil de 2012

No GP do Brasil de 2012, parecia que Hulkenberg não só subiria no pódio com relativa facilidade, como também poderia vencer a corrida. Em meio à tensa decisão pelo título entre Fernando Alonso e Sebastian Vettel, o piloto da Force India ganhou força quando a garoa começou a cair. Na 18ª volta, assumiu a liderança de Jenson Button, da McLaren, sendo que depois a dupla chegou a estar 50s à frente do terceiro colocado da prova.

Mas um safety car, provocado por detritos na pista, acabou com toda a vantagem de Hulkenberg e juntou o pelotão. Mas isso nem foi um problema, pois o piloto manteve a ponta com autoridade após a relargada. Só que, na volta 48, o alemão rodou sozinho e perdeu a liderança para Lewis Hamilton. Minutos mais tarde, ele tentou retomar a ponta no S do Senna, mas rodou com o asfalto molhado, tirou Hamilton da disputa e arruinou a sua própria corrida.

Naquele dia, Hulkenberg liderou por impressionantes 30 voltas, mas terminou em um quinto lugar – que certamente foi o quinto lugar mais amargo e toda a sua carreira.

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