Polêmicas do GP da Austrália e a decisão sobre a ordem na volta final
O GP da Austrália deste domingo (02) precisou da intervenção da direção de prova com bandeira vermelha em três momentos diferentes. Dois deles aconteceram nas voltas finais e o último acabou causando alguma confusão entre pilotos, equipes e FIA sobre o que aconteceria em seguida.
Após um acidente de Kevin Magnussen, que deixou um pneu e detritos na pista na saída da curva dois, a direção de prova resolveu interromper a prova com bandeira vermelha faltando apenas três voltas para o final da corrida. Neste tipo de ação, a corrida é interrompida e os carros seguem para o pit a espera da liberação do traçado.
É diferente de quando o safety car é acionado, e os pilotos seguem o veículo da organização, sem poderem realizar ultrapassagens, mas a cronometragem continua valendo. Além disso, no caso do carro de segurança, a relargada é feita em movimento. Já na retomada da prova após uma bandeira vermelha, acontece uma largada parada após uma volta em direção ao grid que conta para a classificação por conta do consumo de combustível.
Quando a relagarda foi feita, os pilotos deram uma volta atrás do safety car para se dirigirem ao grid (o que tirou uma volta das restantes). Após o alinhamento e procedimento normal, eles partiram para os dois giros finais do GP da Austrália.
Só que logo na primeira curva, na briga pela terceira posição, Carlos Sainz tocou sua Ferrari na Aston Martin de Fernando Alonso e fez o espanhol rodar. Uma grande confusão aconteceu atrás, com muitos pilotos saindo da pista, rodando, e as duas Alpines se acertando e indo para o muro.
A direção de prova então se viu obrigada a interromper novamente o GP da Austrália com bandeira vermelha. E como os pilotos estavam na penúltima volta, isso deixava apenas mais uma para término da corrida (que seria de alinhamento).
Assim começou a confusão para se saber qual era a classificação da corrida, pois vários carros tinham se acidentado em um curto período de pista liberada. E pela situação de faltar apenas uma volta com safety car, a ordem praticamente definiria o resultado do GP da Austrália.
A decisão dos comissários da FIA sobre as posições
Logo se viu pelas imagens da transmissão que chefes de equipe e pilotos não tinham muita certeza do que iria acontecer. Assim, todos ficaram esperando a decisão dos comissários do GP da Austrália, que precisavam apontar se a ordem da volta final seria baseada em alguma cronometragem após o acidente da primeira curva ou se voltaria para a original no momento da relargada.
Além disso, muito se discutiu nas redes sociais se era necessária uma relargada, dado que os pilotos iriam apenas completar uma volta atrás do safety car e cruzar a linha de chegada, sem terem a chance de tentarem qualquer manobra de ultrapassagem.
Os comissários da FIA decidiram então realocar os carros na posição original da relargada antes do acidente. Depois da corrida, a equipe Haas protestou dessa decisão, afinal, o seu piloto Nico Hulkenberg, segundo a informação de GPS, teria subido para quarto após o acidente. E poderia ser até terceiro com a iminente punição a Sainz por ter causado o início do acidente na relargada.
A explicação dos comissários ao rejeitarem o protesto da Haas foi baseada no artigo 57.3 do regulamento esportivo da F1: “A ordem será de acordo com o último ponto em que foi possível determinar a posição de todos os carros”.
Acontece que em um bolo de largada, com todos os carros juntos – alguns batendo, rodando ou passando por fora da pista – e sem passar em nenhum ponto oficial de cronometragem (como a linha do final do primeiro setor) antes da bandeira vermelha, ficou impossível, na visão dos comissários e da direção de prova apontar qual seria a ordem após a relargada.
A Haas, admitindo que pela confusão dos carros na pista seria impossível adotar o GPS, sugeriu a checagem na segunda linha do safety car, que fica poucos metros à frente do grid. Mas para os comissários da FIA, isso também seria inviável.
Sendo assim, a última ordem de classificação clara que estava disponível era a original do grid no momento da relagarda.
Por que reiniciar o GP da Austrália para uma volta atrás do safety car?
A explicação para essa pergunta é bastante simples e tem diversos motivos. Para começar, ainda existia uma volta prevista para o término do GP da Austrália para ser completada e tempo regulamentar de sobra para a retomada da prova.
Além disso, a pista não tinha nenhum impedimento de difícil resolução. Os carros batidos poderiam ser retirados facilmente pelos fiscais e o traçado limpo dos detritos. Não tinha acontecido nenhum dano ao asfalto ou barreiras de proteção que inviabilizasse a corrida.
E até do ponto de análise esportivo, essa volta final era importante. Por mais que não existisse chance de ultrapassagem, a ordem de chegada não estava definida. A primeira questão é que os carros precisavam ainda completar a última volta prevista para a distância oficial prevista para o GP da Austrália de 58 passagens.
Se algum carro quebrasse durante o giro atrás do carro de segurança ou não pudesse ser religado por qualquer tipo de problema técnico, isso contaria para a classificação final.
Levando em conta que naquele momento, a ordem era a do grid da relargada anterior, isso realmente aconteceu, por exemplo, com as duas Alpines. Tecnicamente, Pierre Gasly era o quinto colocado e Esteban Ocon, décimo. Como ambos bateram e os carros não tinham condição de completar a volta final, eles perderam essas posições.
Além disso, atrás do carro de segurança, tudo que acontece na pista ainda conta para a corrida. É a questão de Sainz, que tomou uma punição de cinco segundos no seu tempo total de prova por ser considerado responsável por iniciar o acidente que causou a bandeira vermelha. Assim, a forma em que os carros cruzassem a linha de chegada, mesmo sem poderem ultrapassar, determinaria a classificação final do espanhol. E assim, ele acabou caindo de quarto para 12º.
O posicionamento de Verstappen na relargada
Ainda durante a confusão para a retomada para volta final atrás do safety car, começaram a surgir nas redes sociais imagens do posicionamento do líder Max Verstappen no grid de largada na relargada antes do acidente que causou a bandeira vermelha.
Lembrando a punição para Ocon no GP do Bahrein e para Alonso no GP da Arábia Saudita, muita gente apontou que o holandês estava fora de posição no colchete de largada e, por isso, deveria ser punido. O caso foi até mesmo analisado no programa pós-corrida da F1TV, oficial da categoria.
A confusão é que existe uma linha amarela perpendicular à posição de cada carro no grid em que normalmente os pilotos alinham suas rodas. Ao contrário do que muita gente imagina, essas linhas servem oficialmente apenas de referência aos pilotos por uma questão de dificuldade de visão da frente dos carros atuais. O que vale são as linhas brancas do colchete do grid.
E neste caso, o artigo 48.1 parágrafo c) do regulamento esportivo diz será considerado um posicionamento incorreto caso “os pneus dianteiros estejam fora das linhas (na frente e latetal do colchete) no momento do sinal de largada”.
Ao checarem as imagens, os comissários do GP da Austrália identificaram que apesar de um pouco à frente, os pneus dianteiros de Verstappen ainda estavam em contato com a linha branca do colchete. Assim, o posicionamento do piloto da Red Bull ainda era legal.
Foi por pouco, mas o holandês quase cometeu um descuido qu poderia resultar em uma possível punição de cinco segundos que seria fatal naquele momento final da corrida, como aconteceu com Sainz.
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