(Foto: Divulgação)

Luiz Razia, o brasileiro que perdeu sua vaga na F1 antes da estreia

De todos os pilotos que nunca correram na F1, Luiz Razia talvez seja aquele que mais ficou perto. O brasileiro chegou a fechar contrato e ser formalmente anunciado como piloto titular para 2013, mas, pouco tempo depois, em uma reviravolta, ele perdeu sua vaga antes mesmo da estreia e nem chegou a largar.

Nascido na cidade de Barreiras, na Bahia, Luiz Razia conquistou o título da F3 Sul-Americana em 2006, e logo depois se mudou para o automobilismo europeu. Em 2009, passou a competir na GP2, categoria equivalente à atual F2 e que era o último degrau antes de chegar à F1.

Demorou um pouco até os resultados aparecerem. Em 2010, por exemplo, viu o parceiro de equipe Pastor Maldonado ser o campeão, enquanto ele foi apenas o 11º colocado na tabela. Porém, mesmo ainda tentando despontar, Razia já tinha seus primeiros laços com equipes de F1.

Em 2010, ele foi o piloto de testes da novata equipe Virgin, e teve suas primeiras experiências oficiais com um carro de F1. Em 2011, competiu pelo time de Tony Fernandes na GP2, e no pacote também foi piloto de testes da Lotus verde, também de propriedade do empresário malaio, inclusive participando treinos livres em alguns fins de semana de GP.

Mas 2012 seria a sua grande chance. Competindo na GP2 pela equipe Arden, de Christian Horner, Razia venceu quatro corridas e terminou o ano como vice-campeão. Com isso, ele bateu de vez na porta da F1.

Como surgiu a grande chance de Razia

Razia fez testes por Force India e Toro Rosso em 2012, porém, como estas já eram equipes estabelecidas no pelotão intermediário, uma vaga de titular seria mais difícil. Então, de olho em viabilizar financeiramente a sua subida para a F1, o brasileiro viu a sua chance aparecer na Marussia.

O time nada mais era do que a sucessora direta da Virgin, equipe na qual Razia fez testes em 2010. No entanto, em toda sua passagem na F1, o time ainda tinha cadeira cativa no fundo do pelotão, e àquela altura sequer havia conseguido marcar pontos.

Para 2013, a equipe já tinha confirmado sua dupla de pilotos com Timo Glock e Max Chilton, mas, em janeiro, o alemão deixou a operação e saiu da F1. A Marussia disse que a saída de Glock foi motivada por “difíceis condições econômicas”, indicando que o time não conseguiria mais pagar pelos serviços do veterano, e que precisaria dali em diante de um piloto que trouxesse dinheiro.

Razia viu nisso uma oportunidade, e se mobilizou com patrocinadores para levantar o orçamento necessário para garantir a vaga. E deu certo: no dia 6 de fevereiro, a Marussia oficialmente confirmou Razia como seu titular para 2013.

Razia chegou a participar de parte da pré-temporada de 2013 pela Marussia
Razia chegou a participar de parte da pré-temporada de 2013 pela Marussia (Foto: Divulgação)

Era uma ocasião histórica, já que Razia, aos 23 anos, seria o primeiro piloto nordestino a correr na F1. Ele participou da primeira fase da pré-temporada em Jerez de la Frontera, testando por dois dias e completando 113 voltas, com o 21º melhor tempo daquela semana. Mas o que Razia não imaginava é que sua trajetória na F1 acabaria ali mesmo.

Reviravolta e o fim do sonho

Após a bateria de Jerez, esperava-se que o investidor de Razia depositasse a segunda parcela de seu pagamento à Marussia, mas isso nunca aconteceu. Tanto que, na bateria seguinte, em Barcelona, a equipe usou apenas Chilton nas atividades, o que dava um alerta de que algo estava errado.

Então, no dia 1º de março, veio a notícia: Razia estava imediatamente fora da Marussia, o que encerrava sua trajetória como piloto de F1 após somente 24 dias, e antes mesmo de o campeonato sequer começar. Razia admitiu que ficou em choque com o desenrolar da história, mas, no fim, disse que entendia a posição da Marussia. A equipe, naturalmente, justificou que fez a mudança pensando em seu futuro em longo prazo, que não tinha nenhum rancor do brasileiro, e até queria “explorar novas oportunidades com ele”, o que não aconteceu.

Para o lugar de Razia, a Marussia contratou Jules Bianchi, uma grande jovem promessa. Protegido da Ferrari, o francês teve dois anos como terceiro colocado na GP2, e havia acabado de ser vice-campeão da F-Renault 3.5, uma outra categoria de base que era bastante forte na época.

Para 2013, Bianchi ficou por muito tempo no páreo por uma vaga para correr na Force India, equipe pela qual havia sido piloto de testes em 2012, mas acabou preterido por Adrian Sutil no fim de fevereiro. Com a saída de Razia da Marussia, Bianchi e Ferrari viram uma nova chance para o francês enfim estrear na F1, e um acerto foi rapidamente feito.

Esperava-se que a chegada de Bianchi não representasse um ganho financeiro tão grande quanto originalmente traria Razia. No entanto, o acordo serviu para abrir caminho entre Marussia e Ferrari, já que, a partir de 2014, a F1 passaria a adotar motores V6 turbo híbridos, e a Cosworth, fornecedora da Marussia até 2013, não permaneceria na categoria durante a transição. Então, a Marussia passaria a usar motores Ferrari de 2014 em diante. Foi neste ano em que Bianchi sofreu seu acidente fatal no GP do Japão, em uma triste história que já contamos por aqui.

Mas o que aconteceu com Razia? Bem, o brasileiro queria se manter vinculado com a F1 de alguma maneira em 2013, de olho especialmente em fazer treinos de sexta-feira. Mas ele nunca mais teve uma atuação na categoria. Sua última participação em um campeonato internacional de maior porte foi em 2014, na Indy Lights, mas depois disso ele se afastou do automobilismo profissional.

Comunicar erro

Comentários

Wordpress Social Share Plugin powered by Ultimatelysocial