A vitoriosa história da Mercedes na F1 em 10 capítulos

Com a conquista dos títulos de pilotos e construtores em 2020, a Mercedes já se estabelece como a operação dona do maior reinado que a F1 já viu. Este foi o sétimo troféu consecutivo entre as equipes, o que deixa para trás a histórica marca obtida pela Ferrari entre 99 e 2004, quando o time de Maranello acumulou seis títulos em sequência. 

No entanto, a história de sucesso da Mercedes dentro da categoria é muito maior do que somente os últimos sete anos. Na verdade, desde a década de 50, as “Flechas de Prata” estabelecem parâmetros de qualidade na categoria, e isso envolve diferentes passagens, e até parceiros distintos.

Vamos recontar a história da Mercedes dentro da F1 de forma resumida em 10 capítulos. 

1 – A chegada da Mercedes à F1 (1954)

Mercedes Fangio
Mercedes entrou na F1 em 1954 (Foto: Daimler AG)

A Mercedes vinha se envolvendo com automobilismo muito antes do Mundial de F1 sequer existir. No período pré-guerra, nomes como Rudolf Caracciola e Hermann Lang se destacavam nos Grand Prix realizados em pistas pela Europa. 

Mas, avançando para a década de 50, o contexto do mundo era bem diferente. A Alemanha estava arrasada pela derrota na Segunda Guerra Mundial, então havia o interesse da indústria do país em reconstruir seu prestígio internacional. No automobilismo, o Campeonato Mundial de F1 havia sido criado em 1950, e este seria o palco ideal para a Mercedes voltar a se destacar. A fabricante alemã entraria na categoria como uma equipe oficial a partir da temporada de 54, e o plano era bem ambicioso. 

2 – O primeiro domínio prateado (1954-1955)

Logo de cara, a Mercedes deixava claro que sua intenção era não apenas participar da F1, mas também dominar. Ela apostou em um projeto grandioso, liderado no cockpit por Juan Manuel Fangio, campeão da categoria em 51.

O carro, o W196, também era inovador, sobretudo com seu motor de oito cilindros em linha, câmbio de cinco marchas e até uma versão especial com as rodas cobertas, para extrair melhor performance aerodinâmica em pistas de alta velocidade. 

Fangio guia versão do W196 com rodas cobertas (Foto: Daimler AG)

Os resultados foram avassaladores. Em 54 e 55, a Mercedes dominou as ações e deu a Fangio mais dois títulos mundiais, vencendo nada menos do que 75% das provas em que participou. Logo em seus primórdios, a F1 já se tornava totalmente prateada. 

3 – Saída repentina após tragédia de Le Mans (1955)

Mas a primeira passagem da Mercedes não duraria muito. Afinal, ainda em 55, aconteceu o episódio que mudaria a cara do automobilismo. Nas 24 Horas de Le Mans, Pierre Levegh, a bordo de uma Mercedes 300 SLR, colidiu na traseira de um outro carro e decolou em direção às arquibancadas, provocando uma catástrofe que matou 84 pessoas, incluindo o próprio Levegh. 

mercedes Le Mans 1955
Acidente em Le Mans abreviou envolvimento da Mercedes no automobilismo (Foto: Daimler AG)

O episódio teve várias repercussões, e entre elas a retirada da Mercedes de todas as atividades envolvendo o automobilismo. Ou seja, ao fim de 55, a equipe Mercedes de F1 não existiria mais. Na verdade, a fabricante não se envolveria com as competições por décadas. 

4 – O retorno ao lado da Sauber (1993)

Mercedes voltou à F1 ao lado da Sauber no começo da década de 90 (Foto: Daimler AG)

Na década de 80, a Mercedes retornou ao cenário internacional e iniciou uma parceria de fábrica com a Sauber no Mundial de Esporte Protótipos. Ao lado da escuderia suíça, a marca alemã também projetou um retorno oficial à F1 na década seguinte.

Na temporada de 93, a Sauber fez sua estreia na categoria com o apoio financeiro da Mercedes, que bancou o desenvolvimento dos motores Ilmor. Karl Wendlinger e JJ Lehto pontuaram em seis etapas e deixaram uma boa impressão. 

Em 94, a relação se tornou oficial. Foram mais seis corridas na zona de pontuação, com destaque para um quarto lugar de Heinz-Harald Frentzen em Magny Cours. Ainda era pouco para as ambições finais da Mercedes, mas foi um recomeço sólido de sua trajetória na F1.

5 – A aliança entre McLaren e Mercedes (1995)

Uma nova era estava prestes se a iniciar para a Mercedes. Em 95, a marca da estrela de três pontas se uniria à McLaren, equipe que também buscava uma parceira técnica ideal para retornar ao posto de protagonista da F1. 

1995 foi o primeiro ano da parceria McLaren-Mercedes (Foto: Daimler AG)

O sucesso demorou um pouco para chegar: Benetton e Williams dominavam as ações da época, e os frutos para a parceria só começaram a aparecer em 97, quando vieram as primeiras vitórias. Era a primeira vez que a Mercedes celebrava um triunfo na F1 desde 55.

De qualquer forma, McLaren e Mercedes usaram o primeiros anos da relação para construir uma estrutura forte, que ainda daria muito o que falar.

6 – A era de sucesso com a McLaren (1998-1999)

A partir de 98, McLaren e Mercedes dominariam a F1, com projetos refinados vindos da prancheta de Adrian Newey, e a potência gerada pelos propulsores alemães. Isso rendeu dois títulos consecutivos a Mika Hakkinen e colocou novamente a Mercedes no topo da F1. 

Em 98, o finlandês levou a melhor em uma disputa contra Michael Schumacher, enquanto que, na campanha seguinte, o rival foi Eddie Irvine, também da Ferrari.

Mercedes voltou ao topo da F1 com títulos de 98 e 99 com a McLaren (Foto: Daimler AG)

A relação entre McLaren e Mercedes também ficava cada vez mais estreita, especialmente depois de a fabricante alemã chegar a comprar 40% das ações da McLaren e estabelecer a equipe inglesa como sua operação oficial na categoria. 

7 – Período de entressafra (2000-2007)

Só que o domínio não foi tão longo. A partir de 2000, Ferrari e Schumacher tomaram as rédeas da categoria e emendaram cinco títulos consecutivos de pilotos. Já a Mercedes enfrentava dificuldades com a proibição do berílio para a construção dos motores, já que o metal era considerado caro e poluente demais.

Isso deixou os propulsores menos confiáveis e mais pesados, sendo que a leveza era justamente um dos maiores trunfos da fabricante até 2000. 

Pilotos da McLaren Mercedes ficaram com o vice campeonato em 2000, 2001, 2003 e 2005. O protagonismo só retornaria na mudança para o regulamento dos motores V8.

Em 2007, Fernando Alonso e Lewis Hamilton foram grandes destaques da temporada, mas o título no final acabou nas mãos de Kimi Raikkonen, da Ferrari. Já em 2008, Hamilton ficou com a taça, o que marcou a última grande conquista da parceria entre McLaren e Mercedes. 

8 – A nova equipe própria da Mercedes (2010)

A relação da Mercedes com a McLaren começou a apresentar sinais de desgaste, sobretudo depois de episódios como o Spygate, de 2007, e o Liegate, de 2009. Assim, a Mercedes se interessou em uma nova etapa de seu programa de F1: ter uma equipe 100% própria, assim como era nos anos 50. 

A fabricante aproveitou a oportunidade e adquiriu a Brawn GP, equipe que havia conquistado, de forma surpreendente, o título da F1 em 2009. O curioso é que a recriação da equipe Mercedes aconteceu em plena crise econômica global, época em que outras marcas (como BMW, Toyota e Honda) encerraram seu envolvimento com a F1.

(Foto: Mercedes)

O projeto também envolveu a contratação de Michael Schumacher, o que mostrava que, mais uma vez, a intenção da Mercedes era bastante ambiciosa. Mas a equipe ainda tinha um longo dever de casa a fazer para retornar ao topo. Entre 2010 e 2013, a Mercedes obteve quatro vitórias, com Nico Rosberg e Lewis Hamilton, substituto de Schumacher. Mas o terreno estava apenas sendo preparado. 

9 – Mercedes novamente no topo (2014)

A introdução do regulamento de motores V6 turbo híbridos foi a oportunidade para que a Mercedes voltasse a dar as cartas na F1. A fabricante alemã domou a nova fórmula com maestria, o que colocou Hamilton e Rosberg na posição de forças dominantes de 2014 em diante. 

Mercedes domina a F1 desde 2014 (Foto: Daimler AG)

Para se ter uma ideia, só neste primeiro ano foram 16 vitórias em 19 corridas. Hamilton e Rosberg conquistaram todos os títulos até 2016, com duas taças para o inglês e uma para o alemão.

A excelência da equipe Mercedes chegava a um patamar raramente visto na F1, e a dúvida que ficava era: alguém seria capaz de destronar os alemães? Por enquanto, a resposta é “não”. 

10 – O maior reinado da história (2020)

Mercedes conquistou seu sétimo título consecutivo em 2020 (Foto: Mercedes)

A Mercedes conseguiu algo que é muito difícil de se ver na F1, não só ao chegar ao topo, mas também se mantendo nele por muito tempo. Houve mudanças de regulamento importantes de 2014 para cá, sobretudo em 2017, com a adoção de uma nova geração de carros mais robustos, ou em 2019, com ajustes aerodinâmicos consideráveis. 

Mesmo assim, a equipe se mantém firme e forte como a grande força da F1, e não há uma única explicação para isso. O departamento de motores segue trabalhando com grande eficácia, e a equipe chegou a um nível altíssimo de excelência na construção dos carros e na definição de estratégias durante as corridas. Dentro do cockpit, Lewis Hamilton atingiu um patamar diferenciado de qualidade, o que foi suficiente para que ele reescrevesse o livro de recordes da F1. 

Confira mais detalhes em nosso vídeo especial:

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