
Destino das peças da F1 após acidentes – PMotor Responde
Acidentes da F1 podem causar uma destruição total de um carro ou apenas espalhar alguns detritos de chassi ou carenagem pela pista por conta de um toque.
Em ambos os casos (entre tantas outras situações causadas por acidentes ou pequenos toques), existe um procedimento das equipes e da própria F1 sobre o que fazer com as partes e peças dos carros que quebram ou se soltam dos veículos.
Esse é o tema proposto por um dos nossos assinantes para a edição deste mês do Projeto Motor Responde. Neste quadro do nosso canal no YouTube, Lucas Santochi e Bruno Ferreira, editores do site e do canal, respondem questões sobre história e questões técnicas do automobilismo enviadas pelos inscritos no nosso Clube de Membros.
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Em maio, o Matheus questionou o que acontece com as peças quebradas em acidades da F1, com as que ficam espalhadas pela pista, e se elas são aproveitadas de novo. E ele ainda perguntou quem paga os consertos da pista quando parte do muro ou proteção sofre algum dano nos acidentes.
Quando acontece um acidente na F1, os primeiros responsáveis a recolherem o material dos carros e as peças que se soltaram são os fiscais de pista. Eles tentam colocar tudo que encontram no caminhão que leva o carro de volta ao box do time.
Em alguns casos, dependendo do estado do chassi, até se coloca uma manta ou lona por baixo do carro danificado para evitar que mais alguma coisa caia ou se perca durante o carregamento na plataforma e transporte.
Depois dos treinos ou corridas em que o acidente aconteceu, alguns integrantes dos times muitas vezes também vão fazer uma inspeção no local do acidente para tentarem achar mais alguma coisa que ficou perdida.
Checagem do carro pela equipe
Quando tudo chega no box, os mecânicos começam o trabalho para verificar o que quebrou no carro e o que pode ser salvo ou o que terá que ser jogado fora. A telemetria ajuda nesta verificação, pois ela acusa onde o carro sofreu maiores cargas de impacto, o que pode facilitar para encontrar danos, quebras ou até algo que se soltou e não está tão aparente.
As peças muito pequenas ou que não carregam nenhum segredo de projeto são descartadas nas lixeiras dos autódromos mesmo.
As partes importantes que deixam alguma dúvida são guardadas para serem enviadas depois para as fábricas das equipes, onde elas passam por uma análise minuciosa. Em alguns casos, usa-se até equipamentos especiais para se identificar possíveis fissuras microscópicas ou coisas do tipo.
Na F1 atual, com 24 corridas por temporada, um dos maiores problemas neste caso é a logística. Muitas vezes as equipes partem para viagens em que os equipamentos não voltam para suas fábricas durante um período de três ou até quatro semanas.
E se existe a necessidade de se mandar algo (como o caso de uma peça quebrada precisando de conserto) da Ásia para a sede na Inglaterra entre etapas em domingos consecutivos, essa operação pode ficar complexa, cara ou até mesmo impossível de ser feita a tempo de uma reutilização breve.
Na pista, existem também algumas limitações do que pode ser consertado. Então, nem tudo que não volta para o chassi está descartado, já que reparos mais complexos ainda podem ser realizados na fábrica. Placas de fibra de carbono perfuradas, por exemplo, normalmente não tem salvação.
Descarte e reutilização
Depois da inspeção, caso esteja tudo ok, a peça pode voltar para o carro. Do contrário, ou ela é desmontada e destruída antes de descarte especial por conta do tipo de material, ou é reciclada para outros usos.
As equipes têm dificuldade de reciclar partes em fibra de carbono por conta da resina utilizada na construção. Mas até pelo objetivo da F1 de diminuir a sua pegada de carbono e de tentar ser ambientalmente mais amigável, um investimento já está sendo feito para programas de um melhor direcionamento deste material.
Vale destacar ainda que desde 2021, a F1 tem um teto orçamentário que limita quanto cada equipe pode gastar por temporada. Para 2025, o limite é de 140 milhões e 400 mil dólares. Por isso, os times estão investindo cada vez mais na capacidade de reaproveitar peças para diminuir o custo de fabricação de novas.
Além disso, os projetos estão evoluindo para facilitar a troca de apenas partes de alguns itens. Hoje, por exemplo, é possível trocar na própria pista algumas partes de um assoalho ou do difusor, sem a necessidade de descarte de toda a peça. A suspensão, porém, é algo um pouco mais complexo e que em caso de danos, normalmente tem alguma parte recuperável.
Peças trocadas entre adversários da F1
Uma curiosidade é que não é raro em caso de acidentes envolvendo mais de um carro que peças de outras equipes cheguem aos boxes dos adversários.
Essa situação gera uma oportunidade de estudar a construção da malha que os concorrentes usam nas peças. Assim, pode-se descobrir se a outra equipe conseguiu salvar peso ou construir alguma parte do carro de forma mais eficiente.
Em alguns casos de partes estratégicas, até se guarda a peça para levar depois para os projetistas nas fábricas para uma análise. Ou seja, perder partes de carro pelo caminho é sempre uma brecha para dar armas aos inimigos.
Danos nos circuitos pelas corridas de F1
Sobre os danos causados pelos acidentes nos circuitos, o prejuízo é do autódromo ou do promotor local, dependendo do contrato realizado. É um risco que está incluso na organização do evento.
Em casos de circuitos de rua, normalmente são feitos acordos com cláusulas bem específicas sobre essas questões entre as cidades e os promotores do Grande Prêmio para evitar dores de cabeça para os munícipes quando a F1 vai embora.
Assim, em caso de um dano na rua, calçada ou até fachada de algum prédio, existe desde o início um responsável indicado para arcar com os custos. E em vários casos, até mesmo uma seguradora já contratada para resolver a questão.
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