7 pilotos que foram suspensos da F1 após infrações
A F1 passa por uma situação incomum no GP do Azerbaijão de 2024. Um dos pilotos do grid, Kevin Magnussen, recebeu uma suspensão da F1, e como punição, ficará de fora da corrida.
Magnussen acumulou infrações ao longo do ano, e por isso recebeu uma prova de gancho, abrindo espaço para a chegada de Ollie Bearman. Fazia muito tempo que a F1 não aplicava uma suspensão deste tipo a um de seus pilotos – mais precisamente há 12 anos.
Atualmente, a F1 conta com um sistema bem delimitado para aplicar punições aos seus pilotos. De acordo com o seu Regulamento Desportivo, um competidor pode acumular pontos em sua carteira sempre que comete algum tipo de infração. E, como diz o Artigo 4.2, se ele chegar a 12 pontos em um intervalo de 12 meses, este piloto receberá uma corrida de suspensão.
Nunca ninguém havia recebido esta punição mais severa desde que o atual sistema foi implementado. Em 2023, Pierre Gasly ficou perto, ao chegar a 10 pontos, mas espantou o risco quando alguns destes pontos expiraram depois de um ano. Magnussen não teve a mesma sorte.
Só em 2024, o dinamarquês da Haas recebeu: 3 pontos por colidir com Alexander Albon na Arábia Saudita; 2 pontos ao bater com Yuki Tsunoda na China; já em Miami foi em dose dupla, com 3 pontos por extrapolar os limites de pista repetidamente na corrida Sprint, e mais 2 por colidir com Logan Sargeant na prova principal.
A gota d’água veio no GP da Itália, quando um toque com Gasly lhe rendeu mais 2 pontos, chegando aos temidos 12 pontos em um espaço de seis meses. Curiosamente, o próprio Gasly defendeu Magnussen e tentou argumentar para que o colega não fosse punido pelo toque entre os dois, mas não teve jeito.
O banimento automático foi aplicado, e Magnussen fica de fora do GP do Azerbaijão para dar lugar a Ollie Bearman, que já foi confirmado como piloto da Haas para a temporada de 2025.
Este tipo de situação é rara hoje em dia, mas a F1 já teve momentos distintos nesse sentido, em que suspender um piloto era uma prática mais comum do que acontece nos dias de hoje.
Romais Grosjean – GP da Itália de 2012
Antes de Magnussen, o último piloto que havia sido oficialmente suspenso de um GP foi Romain Grosjean, em 2012. Mas, naquela época, não existia esse sistema de pontos que há hoje em dia, então o seu banimento foi, digamos, mais repentino do que o habitual.
A temporada de 2012 era a primeira completa de Grosjean desde o seu retorno à F1, e um problema que assombrou o seu ano eram os acidentes em largadas – inclusive, Mark Webber até chegou a chamá-lo de “maníaco da primeira volta”.
O auge disso aconteceu nos metros iniciais do GP da Bélgica. Grosjean, que largou em oitavo, primeiramente se enroscou com Lewis Hamilton logo após a largada, o que desencadeou uma batida múltipla (e potencialmente perigosa) que também envolveu Fernando Alonso, e as duas Sauber de Kamui Kobayashi e Sergio Pérez.
Inicialmente, Grosjean nem tinha certeza de que foi o real culpado da confusão toda, mas os comissários pensavam bem diferente. Eles imediatamente responsabilizaram o piloto da Lotus, e o suspendeu da corrida seguinte, o GP da Itália.
Segundo os comissários, “tratou-se de uma violação das regras extremamente séria, que tinha o potencial de causar lesões nos outros, gerada por uma ação de um piloto que cometeu um erro de julgamento extremamente sério”.
Assim, em Monza, o cockpit de Grosjean foi ocupado pelo reserva da Lotus, Jerome d’Ambrosio, que teve um rendimento discreto ao receber a bandeirada apenas na 13ª posição.
Eddie Irvine – GPs do Pacífico, Ímola e Mônaco de 1994
O ano de 1994 foi tão atípico para a F1 que nada menos do que três pilotos chegaram a ser suspensos de corridas. Vamos contar em ordem cronológica.
O primeiro foi Eddie Irvine, que tinha estreado na F1 somente no finzinho do ano anterior, e que herdou uma reputação de piloto-problema graças à confusão com Ayrton Senna no Japão. Já contamos essa história em detalhes no vídeo abaixo. ()
Mas na primeira corrida de 94, no Brasil, Irvine se envolveu em uma batida múltipla com Jos Verstappen, Martin Brundle e Éric Bernard, foi considerado culpado, e logo de cara suspenso da corrida seguinte, o GP do Pacífico. Mas podia piorar.
A Jordan, equipe que defendia na época, recorreu da decisão da FIA, só que a entidade não apenas manteve o gancho para o GP do Pacífico como também ampliou a punição para as corridas de Ímola e Mônaco, deixando Irvine de fora de três corridas no total.
Aguri Suzuki correu em seu lugar em Aida, e o veterano Andrea de Cesaris assumiu o cockpit nas provas de San Marino e Mônaco.
Michael Schumacher – GPs da Itália e de Portugal de 1994
No ano em que conquistou o seu primeiro título mundial, Michael Schumacher também passou por todo tipo de polêmica. Tanto que até hoje o motivo de sua suspensão naquele ano ainda gera muita confusão e mal-entendidos.
O banimento de Schumacher teve origem no GP da Grã-Bretanha, a oitava corrida do ano. Durante a volta de apresentação, o alemão repetidamente ultrapassou o pole position, Damon Hill, que era quem deveria puxar o pelotão e controlar o ritmo. Por conta disso, Schumacher recebeu da direção de prova uma punição de um Stop & Go.
O problema é que a Benetton orientou Schumacher a não cumprir a penalidade. Primeiro, porque a equipe disse que nem ela mesma entendeu qual era a punição, que foi, em suas palavras, “comunicada de maneira confusa”.
Além disso, a Benetton alegava que qualquer infração cometida no procedimento de largada tinha, por regulamento, um prazo de 15 minutos para resultar em punição. A direção de prova, segundo a equipe, teria comunicado a decisão depois de 22 minutos, o que a tornaria ilegítima.
Como ele não cumpriu o Stop & Go, Schumacher acabou sendo desclassificado da corrida em Silverstone. Aí a Benetton continuou discutindo com a direção de prova, Schumacher só então foi pagar o seu Stop & Go e ficou na pista até o fim da corrida, terminando no segundo lugar.
Mas é claro que não ficou por isso mesmo. A FIA reprovou a postura da Benetton em Silverstone, desclassificou Schumacher, aplicou ao time uma multa de US$ 500 mil, e ainda por cima suspendeu o piloto alemão de duas provas, o que seria nos GPs da Alemanha e da Hungria.
A Benetton recorreu da decisão, o que permitiu a Schumacher continuar competindo normalmente. O protesto só foi revisto pela FIA no fim de agosto, e a punição original foi mantida, de modo que Schumacher não correu nos GPs da Itália e de Portugal. Em seu lugar esteve JJ Lehto, que não conseguiu pontuar nestas duas provas a bordo do carro de número 5.
Mika Hakkinen – GP da Hungria de 1994
1994 também colocou em apuros um outro futuro campeão mundial. E Mika Hakkinen também ficou nos holofotes naquele mesmo controverso GP da Grã-Bretanha. O finlandês disputou a quarta posição até os metros finais contra Rubens Barrichello, e os dois acabaram batendo, o que deixou a FIA irritada com ambos, que foram convocados a depor na reunião do Conselho Mundial. Ali ficou por isso mesmo, mas a vigilância em cima de Hakkinen começava a aumentar.
Aí, na prova seguinte, na Alemanha, logo na largada houve dois acidentes múltiplos, o que eliminou um total de 10 pilotos logo de cara. E, segundo a FIA, Hakkinen foi o principal responsável por uma dessas colisões.
Incomodada com os acontecimentos recentes e com a potencial gravidade do acidente em Hockenheim, a entidade decidiu suspender Hakkinen da corrida seguinte, na Hungria. Quem correu em seu lugar foi Philippe Alliot, piloto protegido da Peugeot, que acabou abandonando a corrida com problemas mecânicos.
Nigel Mansell – GP da Espanha de 1989
O GP de Portugal foi considerado um momento crucial na disputa pelo título de 1989. E, naquela corrida, quem se intrometeu na disputa entre Ayrton Senna e Alain Prost foi Nigel Mansell, que nem sequer estava no páreo pelo campeonato.
O inglês, na época na Ferrari, foi fazer o seu pitstop para trocar pneus, mas passou do ponto onde deveria parar e quase atropelou os mecânicos. Não satisfeito, Mansell então engatou a marcha à ré para poder posicionar o seu carro no lugar certo.
No entanto, o regulamento proibia o uso da ré dentro do pitlane, o que fez com que Mansell recebesse a bandeira preta e fosse desclassificado da corrida.
Só que o inglês ainda estava com a cabeça em modo de corrida, determinado a partir para cima de Senna, naquela que seria uma luta pelo segundo lugar. E, ao chegar ao fim da reta do Estoril, os dois batem e são eliminados da prova, em uma das cenas que mais marcaram aquele ano de 89.
Isso, claro, deixou a FIA furiosa. Como que Mansell, que já havia sido desclassificado, parte para cima de um rival e ainda se envolve em um acidente? Em sua defesa, o inglês disse que não viu a bandeira preta, pois estava focado na batalha com Senna, e que a Ferrari não lhe transmitiu a informação de nenhuma outra maneira.
Mas não teve jeito. Mansell recebeu uma multa de US$ 50 mil pela infração, e foi suspenso da corrida seguinte, na Espanha, quando a Ferrari competiu apenas com Gerhard Berger.
Riccardo Patrese – GP dos EUA de 1978
O GP da Itália de 1978 contou com um acidente grave em seus metros iniciais, que eliminou da disputa logo de cara cinco nomes, incluindo o vice-líder do campeonato, Ronnie Peterson. Os primeiros relatos sobre a saúde do sueco pareciam até encorajadores, mas, no dia seguinte, Peterson faleceu aos 34 anos de idade, por conta de uma embolia.
Na busca de um culpado pelo acidente múltiplo, os pilotos chegaram a um nome: Riccardo Patrese, que tinha 24 anos e fazia apenas sua segunda temporada na F1.
A situação chegou a tal ponto que a GPDA, a Associação de Pilotos de GP, fez um pedido para que os organizadores da prova seguinte da F1, nos Estados Unidos, não aceitassem a inscrição de Patrese, como uma espécie de punição pelo acidente fatal de Peterson. E o pedido foi aceito.
Assim, o italiano acabou de fora da corrida em Watkins Glen como uma forma de castigo, em um capítulo que marcou de forma intensa a fase inicial de sua longa carreira.
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