Destaque dos sidepods da Red Bull em 2022

O que são sidepods da F1 e por que eles são tão importantes

Quem acompanha a F1 mais de perto e se interessa por questões técnicas com certeza já ouviu a expressão “sidepods”. Em uma tradução livre do inglês, a palavra significa “cápsula lateral”.

Basicamente o sidepod é aquela parte lateral do carro de F1, que começa onde está posicionada a entrada de ar, logo atrás das rodas dianteiras, e vai até próximo da traseira, terminando normalmente pouco antes das rodas de trás. É algo bem característico dos modelos “fórmula”.

Os sidepods começaram a aparecer no final dos anos 60 e ganharam mais importância e atenção durante a década de 70, quando o avanço da aerodinâmica exigiu a mudança de posição de algumas peças e equipamentos, em especial o sistema de refrigeração.

Claro que cada equipe e projetista trabalha o posicionamento das partes internas de seus carros de uma forma diferente, mas, normalmente, nos sidepods atuais ficam o radiador com água para resfriamento do motor a combustão, as baterias dos sistemas de recuperação de energia e seus sistemas de refrigeração, e refrigeração de óleo do motor, caixa de câmbio e sistema hidráulico. Sim, é bastante coisa.

O desenho e encaixe de todo esse equipamento na parte interna é essencial no projeto para que os projetistas possam desenhar a parte externa dos sidepods e deixá-los aerodinamicamente mais eficientes. Por isso se fala tanto da importância de um trabalho próximo das equipes de projeto aerodinâmica, sistemas mecânicos e motor. Uma coisa influencia na outra.

Por que os sidepods ganham mais importância a partir de 2022

Com o novo regulamento técnico que entra em vigor em 2022, os sidepods ganharam uma importância aerodinâmica ainda maior do que nos últimos anos. Isso acontece muito por conta do banimento de apêndices aerodinâmicos nesta região e especialmente a proibição de utilização das bargeboads.

Já explicamos em outro artigo no Projeto Motor o que eram as Bargeboards e porque elas eram tão importantes. Basicamente, eram as responsáveis por direcionar o fluxo de ar que vinha da parte frontal do carro em direção aos sidepods e assoalho. Com elas fora do jogo, os projetistas tiveram que quebrar a cabeça em 2022 para criar novas formas de gerar mais pressão aerodinâmica na parte de cima do carro.

Reparou que usamos a expressão “parte de cima do carro”? Isso é importante em 2022, pois o efeito solo ganhará importância a partir dessa nova era da F1, com a liberação dos “Túneis Venturi”, espécie de caminhos que aceleram o ar que passa por baixo do assoalho. Dessa forma, com a simplificação dos dispositivos como asas dianteira e traseira, proibição de apêndices e das Bargeboards, a maior parte da aerodinâmica dos carros passa a ser gerada pelo assoalho (ou parte de baixo) do carro.

Ok, mas onde os sidepods entram nisso? Mesmo com efeito solo, os projetistas continuam perseguindo mais pressão aerodinâmica, e as restrições do novo regulamento deixaram boa parte da liberdade deles direcionada para os sidepods. Além de direcionar o fluxo que chega à parte traseira dos modelos, eles também são muito importantes na utilização do fluxo por cima da beirada do assoalho para potencializar ainda mais o efeito solo.  Assim, os engenheiros foram bastante criativos, como pudemos ver na pré-temporada, com diversos desenhos diferentes surgindo.

Diferentes ideias em busca das mesmas soluções.

Sidepod da Ferrari F1-75 (Foto: Ferrari)

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Algumas equipes, como a Ferrari, partiram para o caminho de uma entrada de ar mais larga e alta, deixando mais espaço para uma passagem por baixo, o que direciona o ar para passar ao lado dos sidepods e por cima do assoalho, levando assim o fluxo para o difusor traseiro.

A Red Bull levou esse conceito de forma ainda mais adiante. A entrada de ar também é alta, um pouco menor e com entrada esculpida. Por baixo dela, no entanto, existe um rasgo muito mais profundo que leva o ar por cima do assoalho até o difusor e às pequenas aletas abaixo da asa traseira.

Além disso, os projetistas da equipe austríaca, liderados pelo multicampeão Adrian Newey, ainda fizeram um desenho na parte superior do sidepod em que parte dele desce para a lateral enquanto a área mais central segue até a traseira.

Claro que neste quesito, quem mais chamou a atenção nos testes, porém, foi a Mercedes com o seu conceito “zero sidepod”. A equipe conseguiu encaixar os equipamentos internos de uma forma que a permitiu diminuir ao máximo os sidepods de seu modelo W13. A equipe, assim, espera aumentar a eficiência aerodinâmica do carro com mais espaço para trabalhar o direcionamento do ar por cima do assoalho.

Só que o mais importante aqui é entender que os sidepods fazem parte de um projeto maior do carro. Ou seja, o desenho de cada equipe não é uma parte separada do resto do modelo e não pode ser copiado de forma isolada. Ele funciona para um determinado conceito imaginado de asa dianteira e, principalmente, da beirada do assoalho, ao lado dos sidepods.

Durante teste na chuva, vórtices gerados pelo carro da Ferrari ao lado do assoalho ficam aparentes (Foto: Zak Mauger / LAT /Pirelli)

Como não foram permitidas as saias, utilizadas na primeira era do efeito solo da F1 e que selavam a parte de baixo do carro para o ar não escapar, esta parte lateral do assoalho, em conjunto com os sidepods, são responsáveis por criar o direcionamento que irá fechar as saídas de forma aerodinâmica. Isso é feito gerando vórtices com o fluxo de ar que passa por ali e que vão segurar o ar que passa mais rápido por baixo do assoalho naquela região.

Como os carros de 2022 são completamente novos e pouco carregam dos modelos antigos, já que o regulamento é uma total mudança do que a F1 tinha antes, ainda devemos ver muito desenvolvimento durante os próximos meses, e até semanas. E novos desenhos de sidepods devem ser experimentados. Por isso, não se espante se essa parte tão visual dos modelos da F1 seguirem nos surpreendendo durante a temporada.

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