(Foto: GEPA/Red Bull Content)

Seis campeões que penaram no ano seguinte aos seus títulos na F1

Conquistar um título mundial de F1 coloca um piloto na principal vitrine do automobilismo. Além de dar a opção para o competidor usar o número 1 em sua carenagem, o troféu de campeão também representa uma grande responsabilidade, já que isto eleva as expectativas para o rendimento dali em diante. 

Mas houve pilotos que, por uma série de motivos, não puderam ter um desempenho à altura em temporadas em que competiram como atuais campeões mundiais. Seja por má fase técnica ou por um equipamento pouco competitivo, alguns nomes tiveram campanhas complicadas depois de conquistar o título no ano anterior.

Entre os diversos exemplos da história, separamos nesta lista seis casos bastante específicos de temporadas conturbadas de pilotos que corriam com o status de “atual campeão mundial”. 

Jody Scheckter – 1980

Depois de conquistar um título mundial, Jody Scheckter vivenciou uma das maiores quedas que a F1 já viu. O sul-africano se juntou à Ferrari para a temporada de 1979, quando formaria dupla com o arrojado Gilles Villeneuve. Naquela época, a equipe italiana apoiava seu sucesso nos modelos da linha 312T, idealizados pelo projetista Mauro Forghieri e que haviam levado Niki Lauda aos títulos de 75 e 77, além de ter visto o austríaco bater na trave em 76. Assim, em 79, Scheckter e Villeneuve guiariam o 312T4, a quarta atualização do modelo. 

No duelo interno da Ferrari, Scheckter derrotou Villeneuve e se tornou o primeiro (e até hoje único) piloto do continente africano a se sagrar campeão da F1. O problema é que a Scuderia de Maranello tomou uma decisão que a deixaria imediatamente defasada. 

Naquela época, a F1 passava por duas revoluções ao mesmo tempo. Por um lado, havia o desenvolvimento dos motores turbo, o que se tornaria uma tendência para os anos seguintes. Por outro, as equipes apostavam nos carros-asa a fim de explorar toda a aerodinâmica do efeito solo. De primeira, a Ferrari não foi nem por um caminho, nem por outro. Para 1980, a equipe apostou em mais uma atualização dos desgastados 312T, na versão 5, o que resultou em um carro pouquíssimo competitivo. Scheckter pontuou em apenas uma prova e terminou a temporada na 19ª colocação, o que foi suficiente para que ele anunciasse sua aposentadoria ao término do ano.

Nelson Piquet -1988

Na temporada de 1987, Nelson Piquet levou a melhor sobre o parceiro, Nigel Mansell, e conquistou um dramático tricampeonato mundial no Japão. Acontece que, meses antes de garantir a taça, o brasileiro já havia decidido sair da Williams para se juntar à Lotus, onde esperava dar continuidade à sua trajetória no topo do pelotão. 

Em seu novo time, Piquet encontrou uma realidade diferente. O carro projetado por Gerard Ducarouge não era competitivo, sendo que a F1 viu a McLaren impor um domínio avassalador com Ayrton Senna e Alain Prost. Piquet fez o que pôde com o conjunto que tinha em mãos, incluindo três pódios, mas acabou longe da disputa pelas vitórias. Em sua última temporada com o número 1 estampado em sua carenagem, o brasileiro ficou em sexto na tabela, atrás das duplas de McLaren e Ferrari, além de Thierry Boutsen, da Benetton.

Nelson Piquet, campeão da F1 em 87, sofrendo com a Lotus em 88
Nelson Piquet, campeão da F1 em 87, sofrendo com a Lotus em 88

Damon Hill – 1997

Damon Hill foi um dos pilotos dos anos 90 que deixaram a Williams logo depois de conquistar o título mundial. Mas, ao contrário do que aconteceu com Nigel Mansell em 92 e Alain Prost em 93, Hill permaneceu no grid da F1, e acabou tendo uma temporada complicada na posição de atual campeão do mundo. 

Em 96, mesmo com Hill caminhando a passadas largas rumo ao título, a Williams decidiu não renovar o contrato do inglês para 97. Assim, o piloto explorou o mercado e entrou em conversas com equipes como Jordan, Stewart e McLaren. Porém, ele acabou fechando com a Arrows, liderada pelo veterano Tom Walkinshaw e que contaria com motores Yamaha e pneus Bridgestone. 

O contraste foi imediato. De protagonista do grid, Hill foi rebaixado ao pelotão intermediário, com raríssimas chances de sequer pontuar. Demorou muito para o projeto trazer frutos, e o ponto alto certamente foi a dramática quase vitória da Hungria, quando ainda assim Hill conseguiu terminar na segunda posição. Mas não passou daquilo. Hill pontuou em apenas duas provas e terminou o campeonato em 12º na tabela.

Jacques Villeneuve – 1998

Jacques Villeneuve viveu o último momento real da Williams como a grande potência da F1. Para conquistar o título da temporada de 97, o canadense precisou levar a melhor em um duelo eletrizante com Michael Schumacher, em um dos episódios mais famosos da história. 

O ponto é que, depois disso, a Williams passaria por um momento de transição – e não apenas em sua identidade visual com a adoção do vermelho. Para 98, a equipe inglesa havia perdido o apoio oficial da Renault, e correria com os motores da fabricante francesa preparados pela Mecachrome. Além disso, Adrian Newey havia trocado a Williams pela McLaren, e o carro de 98 seria o primeiro da equipe sem o toque do projetista. 

Em um momento de maior fragilidade e com McLaren e Ferrari em alta, a Williams virou coadjuvante, sendo que Villeneuve conseguiu anotar apenas dois pódios, na Alemanha e na Hungria. Foi a gota d’água. Ciente de que a Williams teria pela frente um longo processo de reestruturação, Villeneuve deixou a equipe para se juntar à iniciativa da BAR em 99. 

Após título de 1997, carreira de Villeneuve na F1 desceu ladeira abaixo
Após título de 1997, carreira de Villeneuve na F1 desceu ladeira abaixo

Lewis Hamilton – 2009

Depois de se tornar o mais jovem da história até então a conquistar um título da F1, em 2008, Lewis Hamilton enfrentou muita dificuldade em seus primeiros meses como campeão do mundo. A F1 passou por uma grande mudança de regulamento para 2009, o que proporcionou a ascensão de forças surpreendentes como a Brawn GP, e fez com que a McLaren inicialmente perdesse muita competitividade. Assim, Hamilton teria de viver uma realidade nova na F1, lutando por posições no pelotão intermediário.

Algumas corridas simbolizaram este momento. Em seu primeiro GP com o número 1 na carenagem, na Austrália, Hamilton largou em 18º e se envolveu no polêmico “escândalo da mentira”, que já detalhamos em um outro vídeo. Já em Silverstone, sua corrida de casa, largou em penúltimo e recebeu a bandeirada apenas em 16º. Mas houve tempo para reação, já que a McLaren melhorou no segundo semestre e possibilitou que Hamilton retornasse à disputa pelas principais posições, tendo conquistado duas vitórias e outros três pódios. Foi uma recuperação notável, mas 2009 ainda assim representou uma freada na ascensão meteórica de Hamilton na F1.

Sebastian Vettel – 2014

Sebastian Vettel havia conquistado não apenas um, mas sim quatro títulos consecutivos, entre 2010 e 2013. Mas, a partir de 2014, sua situação mudou drasticamente, inclusive dentro da própria Red Bull. Em 2014, a F1 teria um novo regulamento com a introdução dos motores V6 turbo híbridos, o que provocou uma mudança de forças, com o crescimento da Mercedes e a queda da Red Bull, que usava unidades da Renault. 

Ainda por cima, Vettel teria ao seu lado um novo companheiro de equipe, Daniel Ricciardo, que substituiria Mark Webber. Assim, quando a temporada começou, Vettel se via em desvantagem não apenas em relação à Mercedes, mas também ao próprio Ricciardo, que pouco a pouco tomava as rédeas e se tornava o principal piloto da Red Bull naquele ano. 

O australiano foi o responsável pelas três vitórias da Red Bull em 2014, sendo que Vettel fazia temporada pouco competitiva e repleta de problemas mecânicos. Ao fim daquele ano, o alemão ficou com a quinta colocação no campeonato, a distantes 71 pontos de Ricciardo, o terceiro. Aquilo foi um balde de água fria para Vettel, que se mudou para a Ferrari em 2015 na busca de novos ares. 

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