Extreme E é a nova categoria de carros elétricos
(Extreme E)

Conheça a Extreme E, rali de elétricos que terá equipe de Hamilton

Há dois anos, está tomando forma uma nova categoria de carros elétricos offroad que irá competir em regiões extremas do planeta. A Extreme E foi criada pelo fundador da Fórmula E, o empresário espanhol Alejandro Agag, e promete fazer sua primeira temporada em 2021.

O campeonato ganhou manchetes na última semana quando Lewis Hamilton anunciou que irá criar uma equipe própria, a X44. O time do piloto da F1 se junta a outros sete que já anunciaram sua participação, incluindo nomes conhecidos do automobilismo: ABT, Andretti, Ganassi, HWA, QEV, Techeetah e Veloce.

O conceito é utilização de um carro que se parece com um SUV esportivo preparado para rali para andar nos diferentes ambientes que o planeta Terra possui, chamando a atenção para mudanças causadas pelo aquecimento global. Mas a ideia não é ficar apenas na plataforma ambiental, e sim tentar criar uma competição interessante, com um formato bastante inovador.

Além disso, a Extreme E busca se colocar como uma alternativa para o desenvolvimento de tecnologias automotivas elétricas. E aqui cabe a intenção de tentar desmistificar que modelos deste tipo não são tão eficientes e brutos quanto os que possuem motores a combustão.

O campeonato da Extreme E

Para a temporada de 2021, a Extreme E já tem cinco etapas confirmadas, cada uma representando um cenário diferente do planeta. A estreia está marcada para os dias 23 e 24 de janeiro nas praias de Lac Rose, em Dakar, Senegal, utilizando uma área costeira.  

Em 6 e 7 de março, a categoria enfrentará as areias do deserto de Al Ula, na Arábia Saudita. Depois, em 14 e 15 de maio, parte para a região do Himalaia para competir no Vale Kali Gandaki, no Nepal. Este evento, no entanto, está enfrentando problemas para sua realização, por isso, a organização já estuda opções, como a região dos Alpes, na Europa.

A quarta etapa terá o gelo do Ártico como principal desafio, em Kangerlussuaq, na Groenlândia. E finalmente, a primeira temporada termina no Brasil, usando a Floresta Amazônica como fundo, em Santarém, no Pará.

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Cada evento ter um percurso fixo de oito quilômetros. Cada equipe tem dois pilotos, obrigatoriamente um homem e uma mulher. Na primeira fase, acontecem duas rodadas em que cada equipe corre completa duas voltas no percurso (cada uma com um piloto), com quatro carros juntos em cada. Uma pontuação define as quatro equipes que passam à semi-final 1 enquanto as outras quatro piores terão que participar da semi 2.  

Da primeira, saem três finalistas em nova prova de duas voltas enquanto apenas o vencedor da segunda corrida chega à decisão, por isso, ela leva o apelido de “Corrida Maluca”. Mais uma corrida com quatro carros define o campeão da etapa.

O modelo Odyssey 21

O modelo utilizado pela Extreme E foi batizado de Odyssey 21. O chassi foi fabricado pela Spark Racing Technology, mesma empresa que constrói os monopostos da Fórmula E. As baterias são produzidas pela Williams Advanced Engineering. Ele tem capacidade de 400 kw (550hp) de potência, pesa 1.650 kg e tem 2,3 metros de largura, 4,51m de comprimento e 1,90m de altura. Ele acelera, segundo a categoria, de 0 a 100 km/h em 4,5 segundos. A estrutura tubular é de aço reforçado com nióbio.

Um dos maiores desafios para seu projeto é que ele irá enfrentar condições bastante extremas para todos os lados: calor, frio do ártico, secura do deserto, umidade da floresta, competição ao nível do mar e nas alturas das maiores montanhas do mundo.

Odyssey 21 foi desenvolvido especificamente para a gama de desafios impostos pela Extreme E
Odyssey 21 foi desenvolvido especificamente para a gama de desafios impostos pela Extreme E (Foto: Extreme E)

Na primeira temporada, as equipes poderão utilizar a carroceria padrão fornecida pela categoria, ou produzir sua própria, incluindo adaptações para parcerias com montadoras que deixem os veículos parecidos com modelos de rua. A ABT, por exemplo, já anunciou que terá uma versão do Cupra, da Volkswagen.

O Odyssey foi apresentado no Festival de Goodwood de 2019 e fez uma aparição no shakedown e em uma das especiais do Dakar de 2020, pilotado por Ken Block. A promessa é que uma frota de 21 veículos fique pronta e seja entregue para suas equipes ainda em setembro de 2020, porém, por conta da pandemia, esse cronograma pode sofrer algum atraso.

O modelo ainda terá um Hyperdrive, uma potência extra que será concedida ao carro que conseguir dar o salto mais longo na primeira plataforma de cada corrida. Após a medição, os pilotos poderão escolher o momento de acionarem o dispositivo. A distância dos saltos também contará pontos extras para o campeonato.

Os próximos passos da Extreme E

Não há dúvidas que o grande desafio para uma categoria nova e com tantas ambições como a Extreme E é de conseguir realizar sua primeira temporada sem grandes contratempos. A categoria já fechou parcerias de televisão para alguns países, e contratou uma equipe para produzir um documentário que irá acompanhar o campeonato, com uma minissérie de três capítulos sobre a preparação e depois um filme acompanhando cada etapa.

Além disso, existe uma grande preocupação em se fazer adaptações para diminuir ao máximo (e zerar no futuro) a pegada de carbono de seus eventos, algo que a Fórmula E ainda não consegue fazer. Paralelamente, um grupo de cientistas irá acompanhar a estrutura do campeonato com intuito de realizar pesquisas em cada região do globo que será visitada. A estrutura do evento irá viajar pelo mundo com o navio Santa Helena, que também servirá de paddock e para eventos relacionados à competição.

São todas ações importantes, que possuem seu lado de marketing, e que visam atrair patrocinadores e montadoras, em uma linha parecida com que a Fórmula E fez nos últimos anos, porém, com a chance de atrair um público ainda menos tradicional, mais ligado a esportes de aventura e que também se ligue na questão ambiental.

Entre os pilotos confirmados para 2021 estão, por exemplo, o campeão de 2009 da F1 Jenson Button pela JBXE, o sueco Mattias Ekström, pela ABT, a campeã da WSeries Jamie Chadwick, pela Veloce, o eneacampeão do WRC Sebastien Loeb, pela X44, entre vários outros.

Queira ou não, ter ainda uma equipe que utiliza a imagem de um piloto como Lewis Hamilton, mesmo que ele não entre na competição como piloto (pelo menos por enquanto), é uma enorme vitória para o evento.

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