Nascar irá correr em versão de terra do oval de Bristol
(Foto: Bristol Motor Speedway)

Mais mistos e prova na terra: Nascar prepara revolução no calendário

A Nascar já vinha estudando formas de dar uma chacoalhada na categoria para voltar a crescer antes mesmo da pandemia e prometia novidades. E na última semana, ela mostrou que não está com medo de tomar medidas ousadas ao anunciar seu novo calendário para 2021.

A mudança é a maior desde 1969, com pelo menos nove alterações importantes. Algumas remetem para hábitos que a Nascar tinha até o começo da década de 70, como corridas de meio de semana e uma prova em pista de terra, outras são novidades como o aumento de circuitos mistos.

O campeonato também decidiu insistir em uma rodada dupla, em Pocono, que já estava marcada em 2020 antes mesmo da pandemia e que com a obrigação de adequação de datas por conta da crise mundial de saúde, ganhou edições extraordinárias também em Michigan e Dover. Muitas dessas mudanças foram incentivadas pelo fechamento de um ciclo de contratos com alguns autódromos, que se iniciou em 2016 e termina em 20, o que incentivou novas negociações e a busca por uma reforma da programação.

A competição entre os circuitos vem aumentando cada vez nos últimos anos para receber a Nascar, o que também inflacionou os preços das taxas cobradas pelo campeonato, mesmo que diversas destas pistas sejam de propriedade da própria Nascar. Com tantas possibilidades, a categoria resolveu apostar.

Mais circuitos mistos

A tradição da Nascar sempre foi de competir em ovais, mas nos últimos anos tem acontecido uma grande discussão sobre o aumento de provas em mistos para que se tenha mais diversidade nos tipos de corrida. E os dirigentes da categoria resolveram colocar para frente este plano. Em 2021, das 36 etapas, seis acontecerão neste tipo de pista. É um crescimento considerável em relação as atuais três, sendo que até pouco tempo eram apenas duas.  

Sonoma, Watkins Glen e a versão de circuito misto de Charlotte, que recebe uma etapa dentro dos playoffs, seguem no calendário. E agora terão algumas novas companhias. A mudança já começa no evento de abertura da temporada, o Clash, que não conta pontos para o campeonato.

A prova continua em Daytona, mas será realizada agora no misto do autódromo, traçado que foi utilizado na Nascar Cup pela primeira vez em 2020. A data também sofreu uma modificação, passando do domingo anterior à abertura da temporada regular no oval da Flórida, com suas tradicionais 500 Milhas, para a terça-feira anterior.

Em maio, a Nascar irá correr pela primeira vez no Circuito das Américas, em Austin, que recebe a F1, WEC, IMSA e também já fez parte da programação da Indy. Depois, em quatro de julho, dia da independência americana, a categoria irá para o autódromo de Road America, em Elkhart Lake, algo que não acontece desde 1956, apesar do circuito atualmente receber a XFinity, segunda divisão da Nascar.

Circuito de Road America, em Elkhart Lake, volta ao calendário da Nascar após 65 anos
Circuito de Road America, em Elkhart Lake, volta ao calendário da Nascar após 65 anos (Foto: Divulgação)

No segundo semeste, em agosto, seguindo o que já aconteceu com a XFinity, a Nascar Cup também passa a correr no misto de Indianápolis. Essa mudança é bem importante, pois não existe outra data no tradicional circuito de Indiana para uma corrida no oval. O evento, assim como aconteceu em 2020, será realizado em conjunto com a Indy, que também fará uma etapa no misto de Indianápolis no mesmo final de semana.

Volta da corrida de terra na Nascar

A última vez que a Nascar realizou uma corrida em pista de terra foi em 1970, no circuito de Raleigh, que sequer existe mais. A prova irá acontecer na primeira das duas etapas da temporada realizadas no oval de Bristol, em março.

O traçado irá receber uma camada de terra sobre a superfície de concreto da pista. Essa conversão não é novidade para o autódromo, que já fez a operação para o evento World of Outlaws, em 2000 e 01. Assim, o pequeno circuito de 0,5 milha passa a ter uma grande novidade para seus fãs.

A escolha, porém, não deixa de ser curiosa, já que existem outros autódromos que possuem traçados de terra permanentes e que recebem grandes eventos, como Eldora, de propriedade do ex-piloto Tony Stewart. Este, inclusive, sediou provas da Truck Series, terceira divisão da Nascar, de 2013 até 19.

Um dos fatores que fizeram Bristol ser escolhido, no entanto, foi a vontade tanto de parceiros de TV para esta prova (a temporada da Nascar tem diferentes transmissões durante o ano) como dos dirigentes da própria pista em fazer algo novo, já que os ingressos de sua prova na primavera não foram totalmente vendidos nos últimos anos. Assim, os fãs da Nascar terão que se acostumar ao ver um dos quatro eventos em pistas de 0s5 milha ser realizado em um novo formato.

Outras novidades do calendário

Entre as provas mais tradicionais, também aconteceram mudanças e novas aquisições para o calendário da categoria. O All-Star, que acontecia em Charlotte até 2019 e que em 2020 foi realizado em Bristol, passa a acontecer no Texas Motor Speedway, em junho.

Nashville, que entre 2001 e 11 recebeu a XFinity e a Truck Series, irá sediar uma corrida Nascar Cup pela primeira vez em sua história, em junho, entrando na vaga de uma das provas de Dover, que fica com apenas um evento. Por outro lado, Atlanta ganhou uma segunda prova, em julho, tirando a data de Kentucky. Chicogoland também perdeu sua etapa.

Confira o calendário completo:

Clash
09/02 – Daytona International Speedway

Temporada regular
14/02 — Daytona International Speedway
21/02 — Homestead-Miami Speedway
28/02 — Auto Club Speedway
07/03 — Las Vegas Motor Speedway
14/03 — Phoenix Raceway
21/03 — Atlanta Motor Speedway
28/03 — Bristol Motor Speedway
04/04 — Easter holiday
10/04 — Martinsville Speedway
18/04 — Richmond Raceway
25/04 — Talladega Superspeedway
02/05 — Kansas Speedway
09/05 — Darlington Raceway
16/05 — Dover International Speedway
23/05 — Circuit of The Americas
30/05 — Charlotte Motor Speedway
06/06 — Sonoma Raceway
13/06 — Texas Motor Speedway, All-Star Race
20/06 — Nashville Superspeedway
26/06 — Pocono Raceway
27/06 — Pocono Raceway
04/07 — Road America
11/07 — Atlanta Motor Speedway
18/07 — New Hampshire Motor Speedway
08/08 — Watkins Glen International
15/08 — Indianapolis Motor Speedway Road Course
22/08 — Michigan International Speedway
28/08 — Daytona International Speedway

Playoffs
05/09 — Darlington Raceway
11/09 — Richmond Raceway
18/09 — Bristol Motor Speedway
26/09 — Las Vegas Motor Speedway
03/10 — Talladega Superspeedway
10/10 — Charlotte Motor Speedway Roval
17/10 — Texas Motor Speedway
24/10 — Kansas Speedway
31/10 — Martinsville Speedway
07/11 — Phoenix Raceway

Preparação para novo carro da Nascar

As mudanças do calendário não são o último passo da revolução da Nascar. Em 2022, a categoria terá um novo carro, batizado de Next Gen (Próxima Geração, em tradução livre). O modelo, na verdade, era para estrear em 21, porém, por conta da pandemia, os testes foram prejudicados e a categoria resolveu adiar sua introdução.

O carro é uma evolução do atual Geração 6, com novidades importantes que serão introduzidas após conversas com montadoras. A ideia é atrair novas participantes para se juntarem a Chevrolet, Ford e Toyota. O pacote, no geral, tem um desenvolvimento importante na aerodinâmica, que deve aumentar a pressão aerodinâmica.

Isso será feito atrás de um novo splitter frontal avançado, saias laterais redesenhadas e, pela primeira vez na história da Nascar, a adoção de difusores traseiros. O carro também terá componentes aerodinâmicos ajustáveis para cada tipo diferente de circuito. A estrutura do Next Gen será em fibra de carbono, e a posição do piloto terá um ajuste para ficar um pouco mais longe da porta por questões de segurança.

O câmbio de quatro marchas será substituído por um de seis velocidades sequencial, mantendo, no entanto, o acionamento manual. O eixo também receberá agora um sistema de suspensões independentes.

No pit stop, veremos mudanças por conta do novo desenho da roda, que passa da atual 15 polegadas para 18 com uma porca central, o que deve deixar as trocas mais rápidas. Além disso, o tradicional tanque de reabastecimento no ombro de um dos mecânicos será trocado por um sistema em que o combustível chega por um tubo, como acontece em diversas outras competições.

Com tudo isso, devemos ver uma Nascar bastante diferente a partir de 22, com novos carros em um calendário bastante atualizado.

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