(Foto: Sam Bagnall/Fórmula E)

Salvar energia x temperatura bateria: decisão da Fórmula E em SP

A Fórmula E é uma categoria bastante estratégica em que os pilotos passam boa parte da prova economizando energia para poderem fazer o ataque nas voltas finais.

Como já explicamos aqui no Projeto Motor, a pista de São Paulo, entre outras que possuem trechos de longas retas, é uma das que mais exige dos pilotos atenção com a economia de energia usando vácuo e evitando andar por muito tempo sem ninguém à frente, o que aumenta o gasto por conta da resistência do ar.

Só que as altas temperaturas na capital paulista, que chegaram aos 35°C no momento da prova no Anhembi de 2024, trouxeram outros problemas. A bateria dos carros da Fórmula E precisam de atenção especial neste cenário, pois elas aquecem durante seu uso. Por isso, as equipes projetam sistemas de refrigeração especiais.

As baterias precisam trabalhar abaixo dos 80 °C, caso contrário, elas perdem potência independente de ainda possuíram energia armazenada. Nestes casos, os carros sofrem uma queda de desempenho mesmo que o piloto tenha guardado energia para um ataque no final da prova.

E essa diferença pôde não só ser vista como foi um fator importante na decisão do ePrix de São Paulo de 2024, em que Mitch Evans parecia partir para vitória nos quilômetros finais com sua Jaguar, mas foi superado por Sam Bird, da McLaren, na penúltima curva.

Evans explicou ao Projeto Motor depois da prova que enfrentou sérios problemas com a perda de desempenho por conta do superaquecimento nos metros finais e que isso lhe custou o que poderia ter sido sua segunda vitória em São Paulo.

“Quando eu recebi os avisos faltavam poucas voltas. Mas nas últimas duas voltas, eu não tinha mais potência, pois a bateria estava apenas tentando sobreviver. E na última volta parecia que eu estava guiando um carro da primeira geração da Fórmula E. Então, isso permitiu que o Sam [Bird] me ultrapassasse muito fácil”, afirmou o neozelandês.

“Sabíamos que provavelmente seria perto do limite. Mas estava tudo bem até que nas últimas cinco ou quatro voltas começou a virar um pequeno problema. Só que se transformou em um grande problema muito rápido. Temos que ver o que podemos fazer melhor. Parece que a Porsche também sofreu com isso enquanto a McLaren administrou melhor. É frustrante, pois se tivesse acontecido três voltas depois, teria sido ok”, continuou o piloto da Jaguar.

Problema poderia ter sido pior

Um dos pilotos mais experientes do grid, Lucas di Grassi explicou ao Projeto Motor depois da corrida que as equipes já estavam sob alerta sobre o potencial problema do superaquecimento da bateria em São Paulo. A grande questão era quando ele aconteceria e se poderia ser administrado.

Isso porque além da temperatura ambiente, outros fatores como vácuo, quantidade de energia recuperada, quantidade de energia gasta, capacidade de refrigeração do radiador de cada carro e unidade de potência influenciam diretamente nesta dificuldade. Assim, cada time e piloto teriam que administrar de forma diferente a temperatura.

Sam Bird, da McLaren, à frente de Mitch Evans, da Jaguar, durante o ePrix de São Paulo, no circuito do Anhembi (Foto: Simon Galloway/Fórmula E)
Sam Bird, da McLaren, à frente de Mitch Evans, da Jaguar, durante o ePrix de São Paulo, no circuito do Anhembi (Foto: Simon Galloway/Fórmula E)

O brasileiro da equipe Abt, campeão em 2017 da Fórmula E, acredita ainda que o problema poderia ter sido mais grave se tivesse acontecido mais cedo, já que durante a prova os pilotos tiveram a chance de esfriar um pouco seus equipamentos ao andarem devagar atrás do safety car.

“Para falar a verdade, tivemos até um pouco de sorte porque era para superaquecer ainda antes. Mas teve safety car, o que ajuda a esfriar a bateria. A bateria não pode chegar a mais de 80 graus, e terminou com 80”, apontou o piloto, que terminou a prova de São Paulo na 13ª colocação.

A próxima etapa da Fórmula E, quinta da temporada acontece daqui duas semanas, em 30/03, em Tóquio, que faz a sua estreia no calendário da categoria de carros elétricos.

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