A nova especificação dos capacetes que deverá ser utilizado pelos pilotos da F1
(Foto: FIA)

A especificação “militar” que promete reforçar os capacetes da F1

A proteção à cabeça dos pilotos de F1 esteve no epicentro do debate na transição para a temporada de 2018 – tudo motivado, claro, pela introdução do halo. Entretanto, o tópico continua com uma relevância nos bastidores que vai além do controverso artefato, já que os capacetes serão alvo de uma significativa melhoria para o ano que vem.

A partir de 2019, todos os cascos utilizados na categoria deverão estar de acordo com as normas 8860-2018 da FIA, especificação que deixará as peças ainda mais fortes e resistentes.

A novidade é fruto de mais de uma década de pesquisa e refinamento por parte da entidade, mas sua obrigatoriedade em 2019 vem em um momento oportuno. A entrada do halo na F1 foi motivo de discussão não só por seu aspecto estético sem precedentes, mas também por conta de sua eficácia. Afinal, como uma peça “vazada” pode deixar os pilotos completamente imunes a objetos externos?

A própria FIA detalhou que o halo proporciona um aumento de proteção “significativo” contra detritos pequenos, mas concedeu que os números não são tão impressionantes como ocorre com os objetos grandes (como, por exemplo, uma roda). Para complementar isso, então, um capacete mais resistente a peças pequenas viria bem a calhar.

Capacetes de padrões militares

Para isso, a FIA deu continuidade a um conceito que está em vigor desde 2004, quando a especificação 8860 fez sua estreia na F1. De lá para cá, ela ganhou um adendo maior em 2011, com a instalação de uma faixa de Zylon entre a viseira e o casco como resposta ao acidente de Felipe Massa na Hungria, em 2009.

Desta vez, a nova especificação conta com melhorias mais profundas, que incrementam a proteção dos capacetes em setores distintos da peça. Mas pouca coisa será perceptível a olho nu – uma mudança significativa será justamente a eliminação desta película externa de Zylon, já que o reforço passará a ficar integrado ao casco.

Para proporcionar que a região da testa (onde há maior probabilidade de incidência de peças externas) seja fortalecida, a viseira será levemente encurtada na parte superior, em cerca de 10mm. A dimensão foi calculada de maneira precisa para que forneça o nível de proteção desejado, mas sem atrapalhar o campo de visão dos pilotos.

E as exigências na área serão altas, já que, como a FIA descreve, os capacetes terão de se adequar a “especificações balísticas militares”. Os testes na região contarão com um disco de metal, de 225 g, atirado a 250 km/h, atingindo o capacete 25 mm acima da viseira. O pico de desaceleração não deve ser maior do que 275 g, sendo que a medida de HIC (sigla em inglês para “critério de traumatismo craniano”) deve ser inferior a 1000 – a partir disso, há maior probabilidade de um acidente com consequências fatais.

Há também os tradicionais exames de impacto, que arremessam o capacete contra uma espécie de bigorna em velocidades e ângulos diferentes – há testes realizados a uma aceleração de 5,5, 6 e 9,5 m/s, tudo para saber como o capacete reage a choques de naturezas distintas.

Além de tudo isso, a fim de assegurar a resistência da peça, a FIA estabeleceu testes de impacto duplos e até triplos em um mesmo ponto. E, para a especificação 8860-2018, o setor lateral inferior ganhará uma atenção especial, a fim de deixar os cascos compatíveis com o suporte para cabeça de cockpit moderno dos carros, que estão cada vez mais altos. Em tudo isso, o capacete deve não só permanecer intacto, como também proteger a cabeça de desacelerações extremas.

As viseiras contarão com seus testes próprios: detritos menores, de 1,2 g, serão atirados, sendo que nada deve penetrá-la e invadir o interior do capacete. E, importante mencionar, o peso máximo do conjunto não deverá extrapolar 1,8 kg, o mesmo limite da especificação anterior.

A nova especificação do capacete da F1, na versão fabricada pela empresa Bell
A nova especificação do capacete da F1, na versão fabricada pela empresa Bell (Foto: FIA)

Os capacetes da especificação 8860-2018 já podem ser usados nas competições atuais, mas passarão a ser obrigatórios em atividades oficiais da F1 e F2 a partir de 1º de janeiro de 2019. A Fórmula E entrará na rota em sua sexta temporada (que deverá começar no segundo semestre de 2019), assim como o WEC para a supertemporada de 2020/2021.

O princípio da coisa é o mesmo de qualquer outro elemento de segurança no automobilismo: um único item não vai atuar como “salvador da pátria” e deixar os pilotos totalmente imunes ao perigo. Os novos capacetes, assim como o próprio halo, são eficazes somente até certo ponto; o trabalho da FIA, porém, é “cobrir” a segurança por diversas frentes, de modo que um artefato atue como complementar ao outro. Neste aspecto, o 8860-2018 representa mais um passo importante para uma corrida que nunca tem fim.

Comunicar erro

Comentários

Wordpress Social Share Plugin powered by Ultimatelysocial