(Foto: Joe Skibinski/IndyCar)

Entre confusões contratuais, Palou massacra em 2º título na Indy

Com a vitória da etapa de Portland, Alex Palou conquistou no último domingo (04) o seu segundo título da Indy. E não foi de qualquer maneira. O espanhol passou por cima da concorrência em 2023 e levou a taça com uma facilidade que não é muito usual na categoria americana.

Faltando ainda uma etapa para o final da temporada, o espanhol da Ganassi já soma 91 pontos de vantagem para o segundo colocado da classificação geral, seu companheiro de equipe Scott Dixon. O máximo de pontos que um piloto pode fazer em uma etapa da Indy é 54.

Palou venceu cinco das 16 provas realizadas até o momento na temporada e chegou entre os cinco primeiros em 12 delas. E mesmo nas quatro que ficou fora do top 5, não teve prejuízo enorme considerando o sistema de pontuação da Indy, já que teve dois oitavos e dois sétimos lugares. Sua posição média até o momento da temporada é 3,75.

De todos os pontos possíveis no campeonato da Indy entre a primeira e a 16ª etapa, Palou conquistou 71,5% deles. Ou seja, uma regularidade muito grande para qualquer adversário chegar perto em uma categoria que tem estilos de circuitos tão diferentes a cada final de semana (ovais de alta, ovais curtos, mistos, circuitos de rua…).

E olha que ele ainda deu alguns azares. Entre o de maior destaque, nas 500 Milhas de Indianápolis, em que largou na pole e liderava a prova quando foi acertado por Rinus VeeKay dentro do pit lane. E mesmo assim, ele se recuperou na corrida e ainda terminou em quarto.

Palou mais uma vez foi dominante em Portland para vencer a corrida e o título da Indy de 2023
Palou mais uma vez foi dominante em Portland para vencer a corrida e o título da Indy de 2023 (Foto: Joe Skibinski/IndyCar)

É difícil fazer comparativos com a história da Indy por conta das mudanças enormes que a categoria passa com certa frequência em seu formato, organização, calendário e sistema de pontos.

Mas para tamanho domínio, neste século, podemos voltar até 2005, quando Dan Wheldon também conquistou a taça de forma antecipada e terminou as 17 corridas daquela temporada com 80 pontos de vantagem para o seu vice, Tony Kanaan (na época, a distribuição máxima por corrida era de 53 pontos). Wheldon ainda venceu seis provas e terminou 12 vezes entre os cinco primeiros.

Sonho da F1 quase fez Palou sair da dominante Ganassi

É curioso pensar que uma grande confusão fora da pista quase colocou tudo a perder para a Palou em uma decisão que ele mesmo tinha tomado para sua carreira. Campeão de 2021 da Indy pela Ganassi, o espanhol assinou um contrato para correr pela equipe na Indy da McLaren em 2023.

Só que o contrato do piloto de 26 anos com a Ganassi previa uma opção de renovação por parte da equipe para 23. E o time acionou a cláusula mesmo a contragosto de Palou, que chegou a colocar advogados no caso para livrá-lo do acordo.

A Ganassi anunciou nas redes sociais a renovação e o piloto reagiu no mesmo dia dizendo que não tinha autorizado o comunicado e que não pretendia correr em 2023 pelo time. Algum tempo depois, ele ainda noticiou que estava se transferindo para a McLaren.

Palou publica postagem em que diz que não autorizou comunicado sobre renovação com a Ganassi para 2023, de que a declaração no anúncio não era sua e que não pretendia continuar correndo no time (Reprodução)

O time britânico estava tentando seduzir o espanhol com uma possível oportunidade de se transferir para a F1, o que Palou nunca escondeu que era seu grande sonho. E até mesmo o colocou para participar de um treino livre no GP dos EUA de 2022 na vaga de novato da categoria, reforçando essa possibilidade.

A Ganassi entrou com um processo contra o piloto, mas, ainda em 22, as três partes entraram em acordo e o espanhol seguiria na atual equipe em 23 para se transferir para a McLaren em 2024, quando ficaria definitivamente livre.

Só que o cenário mudou de novo. Em agosto de 2023, Zak Brown, CEO da McLaren, informou os funcionários do time na Indy da marca que Palou tinha informado que não iria mais se juntar à equipe na próxima temporada. Assim como fez a Ganassi um ano antes, alegando o investimento de dinheiro e tempo investido, a McLaren também entrou com um processo contra o piloto.

Um dos fatores que teria mudado a cabeça do piloto seria o horizonte de poucas oportunidades de competir na F1, visto que a McLaren já tinha Lando Norris até o final de 2025 e depois contratou o jovem Oscar Piastri até o final de 24, mas com boas chances de ficar por mais tempo por ser bastante promissor.

Como uma transferência para a F1 começou a parecer difícil, ainda mais levando-se em conta sua idade, 26 anos, ele teria olhado para o que tinha na Indy: a possibilidade de seguir na equipe que venceu 10 dos últimos 16 títulos de pilotos.

Durante as celebrações do título em Portland no último final de semana, Chip Ganassi, dono da equipe que leva seu nome, disse para jornalistas: “Palou estará no nosso carro ano que vem, posso te dizer isso”.

O piloto não confirmou o destino, dizendo que iria pensar na questão apenas após a última etapa do campeonato, em Laguna Seca, no próximo domingo (10). Ele pode estar aguardando se novas oportunidades na F1 surjam ou apenas querendo se garantir de conseguir um negócio com a Ganassi que não lhe dê novas dores de cabeça no futuro.

Palou e Chip Ganassi celebram o segundo título da parceria na Indy
Palou e Chip Ganassi celebram o segundo título da parceria na Indy (Foto: Joe Skibinski/IndyCar)

A ascensão meteórica na Indy

Alex Palou fez uma carreira bastante tímida na base sem títulos em categorias importantes desde que pulou do kart para os carros, em 2014. Sem chance em equipes de ponta, ele teve passagem sem muito brilho na GP3 (que ocupava o lugar da atual FIA F3) com uma vitória pela equipe Campos em duas temporadas e apenas quatro corridas na F2.

Seus melhores momentos foram no automobilismo japonês com o terceiro lugar na F3 Japonesa de 2017, resultado que ele repetiu na Superfórmula Japonesa de 19. No país asiático, ele fez boas conexões e foi levado para competir na Indy a partir de 2020 pelo empresário e ex-piloto Roger Yasukawa.

A primeira experiência de Palou na categoria americana foi com a equipe Dale Coyne Racing. Com uma campanha regular pelo pequeno time, que incluiu um terceiro lugar em Road America, ele conseguiu uma vaga em uma das duas melhores equipes do grid, a Ganassi, para 2021. E não fez feio.

Palou venceu três corridas em 2021 pela nova equipe e mostrou uma de suas principais forças, a regularidade em diversos tipos diferentes de circuitos, para sagrar-se campeão. No ano seguinte, manteve-se como um dos principais pilotos da categoria, apesar de ter se metido na confusão contratual entre Ganassi e McLaren.

O título de 23 coroa sua ótima fase na Indy, aproveitando do ótimo carro e estrutura que a Ganassi lhe proporciona, o que parece que está contando muitos pontos para novas decisões sobre seu futuro.

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