Mika Hakkinen em preparação para teste no DTM
(Foto: Daimler)

A trajetória do bicampeão Hakkinen no DTM e ralis | A vida pós-F1 #1

Um dos grandes desafios de qualquer esportista de alto rendimento é saber o momento certo de parar. No automobilismo, muitos pilotos tentam estender ao máximo sua permanência na F1, o que provoca ou uma aposentadoria forçada, ou um fim de carreira aos trancos e barrancos. No segundo caso, o competidor pode ficar desgastado com o esforço voltado à sua permanência na F1, o que faz com que o fim de carreira na categoria também represente o ponto final de sua trajetória no automobilismo.

Mas, para alguns grandes pilotos, a F1 não é o fim da linha. A saída da principal categoria do automobilismo mundial também representa uma oportunidade para iniciar um novo capítulo em demais tipos de corrida, seja em turismo, rali ou monopostos.

Por isso, o Projeto Motor vai relembrar os casos de grandes nomes da F1 que se mantiveram na ativa depois de abandonarem a categoria. Nesta primeira parte, contaremos o caso de Mika Hakkinen, campeão de 1998 e 1999.

A saída de Hakkinen da F1

A carreira de Hakkinen viveu seu auge no fim dos anos 1990, com dois títulos mundiais, além de um vice-campeonato em 2000. Contudo, a temporada de 2001 foi bastante apagada para o finlandês, que foi constantemente superado por seu colega de McLaren David Coulthard.

Hakkinen já apresentava sinais de desmotivação, além de divergências com Ron Dennis sobre seu salário em 2002. Assim, o bicampeão deu um tempo em sua carreira na F1 para poder passar mais tempo com sua família, especialmente por conta do nascimento de seu primeiro filho, Hugo, ainda em 2001.

Originalmente, Hakkinen planejava somente tirar um ano sabático, para então retornar à F1 em 2003. No entanto, ele admitia a possibilidade de nunca mais voltar para a categoria caso percebesse que não sentia falta. E foi o que aconteceu: em julho de 2002, Hakkinen anunciou que penduraria de vez o capacete na F1.

Hakkinen participou de seis edições do rali da Finlândia
Hakkinen participou de seis edições do rali da Finlândia

O bicampeão realmente ficou sem competir no ano que marcou o penta de Michael Schumacher, mas começava a sentir saudades das corrias. No início de 2003, Hakkinen fez sua estreia no Rali da Finlândia, válida pelo ERC2, uma espécie de segunda divisão do europeu da modalidade. A bordo de um Mitsubishi Lancer, Mika fechou a prova na 29º colocação, a pouco mais de 20 minutos do vencedor.

Na ocasião, Hakkinen afirmou que sua participação na prova seria algo isolado, apenas para matar a curiosidade e poder comparar, na prática, um carro de F1 com um carro de ponta do rali. No entanto, o finlandês alinhou na prova mais cinco vezes, obtendo um sétimo lugar como melhor resultado, em 2004, com um Toyota Corolla.

O retorno definitivo

Enquanto suas participações no rali eram esporádicas, Hakkinen viu seu nome ser envolvido em algumas especulações a respeito de um possível retorno à F1. Em 2004, o finlandês foi ligado a um assento na Williams para o ano seguinte, já que a equipe inglesa havia acabado de perder Juan Pablo Montoya para a McLaren.

O retornou definitivo às pistas, contudo, aconteceu pela Mercedes no DTM. Na verdade, quando deixou a F1, o piloto se manteve como embaixador da marca alemã, de modo que um acordo envolvendo competições se deu com certa naturalidade.

Mika Hakkinen celebra vitória na etapa de Spa do DTM em 2005
Mika Hakkinen celebra vitória na etapa de Spa do DTM em 2005 (Foto: Daimler)

O começo no certame alemã foi altamente animador. Hakkinen pontuou em suas duas primeiras corridas (oitavo em Hockenheim, terceiro em Lausitz) e venceu logo na terceira, em Spa-Francorchamps. Naquele ponto, parecia que o veterano seria um sério candidato ao título, mas uma sequência três corridas fora dos pontos o tirou do páreo. Hakkinen pontuou mais duas vezes, com um quarto lugar em Nurburgring e um segundo em Istambul, mas acabou na quinta posição na tabela geral, a distantes 54 pontos do campeão, Gary Paffett.

O objetivo de Hakkinen em seu segundo ano no DTM era o título, e novamente o começo de temporada não foi dos piores: quarto em Hockenheim, terceiro em Lausitz. Mas, mais uma vez, a inconsistência foi seu calcanhar de aquiles. Hakkinen pontuou somente em duas oportunidades nas oito provas restantes do campeonato, com dois pódios (Norisring e Le Mans), e ficou longe do topo nos pontos, com um sexto lugar no geral.

Já em 2007, Hakkinen parecia que estava ficando sem o pique de antigamente. Apesar de duas poles e duas vitórias (Lausitz e Mugello), o bicampeão mundial novamente mostrou inconsistência, ficando de fora dos pontos em seis de dez provas da temporada. Para piorar, o piloto cometeu uma verdadeira lambança na rodada de Barcelona, quando tentou uma ultrapassagem atrapalhada, tirou Martin Tomczyk da corrida, foi desclassificado, multado e recebeu uma punição no grid da etapa seguinte. Era o momento de dizer chega.

Depois disso, Hakkinen nunca mais competiu em um campeonato completo. Ele chegou a participar de uma corrida da International Le Mans Cup, embrião do WEC, na China. No circuito de Zhuhai, o finlandês, ao lado de Cong Fu Cheng e Lance Arnold, abandonou com um Mercedes SLS GT3.

A trajetória de Hakkinen pós-F1 não teve o sucesso de seus anos de ouro. Mas houve uma tendência em ambas as partes de sua carreira: mesmo buscando o sucesso quando ainda tinha fôlego, o finlandês soube reconhecer o momento em que a chama se apagou, e deixou as pistas de maneira proativa em vez de ser colocado para fora. Que ele tenha se sentido realizado com seus feitos.

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