Entenda a acomodação dos GPs para o maior calendário da história da F1
Na última terça-feira (20), a FIA aprovou o calendário de 2023 da F1 com 24 etapas. É a programação com o maior número de corridas da história da categoria.
A F1 já namora com esse aumento de provas há algum tempo. Principalmente depois da aquisição dos direitos comerciais da categoria pela empresa americana Liberty. O Grupo, inclusive, nunca escondeu que tem o número de 25 provas como uma referência para o futuro.
O número de corridas já vinha em crescimento contínuo durante a década de 2010, chegando a 21 por temporada em 2019. Com a pandemia, a F1 teve que superar um 2020 com cancelamento de etapas e circuitos repetidos para chegar a um mínimo possível de eventos para cumprir contratos de transmissão e de patrocínios. Mas já em 2021, o projeto de expansão voltou com tudo.
Os últimos dois campeonatos (incluindo o atual de 2022) são os mais rechegados da história, com 22 provas cada. E agora, a F1 parte para um novo aumento em 2023. Isso acontece por conta do retorno de algumas provas que ficaram de fora nos últimos anos em decorrência da pandemia e a chegada de um novo evento.
O GP da China estava fora desde a pandemia de 2020. A prova de Xangai está marcada para 16/04, porém, com o governo local mantendo sua política de “Covid Zero”, o que ainda gera lockdowns e restrições, é possível que esta data precise ser empurrada. Os próprios promotores locais não escondem que preferiam ter mais tempo para a organização da etapa, com uma data em outubro.
A outra prova que retorna é a do GP do Catar, que fez sua estreia em 2021. A corrida no circuito de Losail fica fora este ano porque o pequeno país do Oriente Médio recebe a Copa do Mundo de futebol entre os meses de novembro e dezembro. Na visão dos dirigentes, receber os dois eventos no mesmo ano poderia prejudicar a organização.
Em 2021, o Catar entrou no calendário de última hora como uma forma de substituir outras provas canceladas por conta da pandemia. Em 23, a corrida passa a fazer parte da programação de forma fixa, iniciando um contrato de 10 anos de duração.
A pista construída em 2004 está passando por uma remodelação total de paddock e outros prédios de apoio para receber a F1 com mais conforto nesses próximos anos. Com essa corrida, a F1 tem agora quatro etapas no Oriente Médio, junto com Bahrein, Abu Dhabi e Arábia Saudita.
E, finalmente, a F1 tem ainda a inclusão de uma corrida nova: o GP de Las Vegas. A corrida, na verdade, já aconteceu nos anos 80, e agora retorna ao calendário totalmente remodelada, com um circuito de rua que passará pelas principais ruas da cidade conhecida por seus hoteis e cassinos. A F1 passa assim a fazer três corridas nos Estados Unidos, já que mantém sua presença em Austin e Miami.
Renovações de contrato da F1
As novidades no calendário da F1 estão aos poucos ocupando o lugar de corridas mais tradicionais. Mas nesses últimos anos, muito do crescimento da programação acontece também pelo fato da categoria resolver manter algumas corridas europeias. A maioria dessas não consegue pagar as mesmas taxas de suas novas concorrentes ou precisa se modernizar em termos de entretenimento no evento.
Barcelona conseguiu renovar em 2021 seu contrato para receber a F1 até pelo menos 2026. No mesmo ano, São Paulo também conseguiu estender sua presença no calendário até 2025.
Em 2022, outras três corridas europeias também anunciaram a renovação de seus contratos. Ímola, que retornou ao calendário durante a pandemia, conseguiu um novo acordo para permanecer até o final de 2025.
A lendária Spa-Francorchamps também conseguiu mais um contrato, porém, sua situação ainda é complicada no médio prazo. O acordo foi estendido apenas por mais uma temporada, de 2023, mesmo depois de uma enorme reforma na pista belga. Os promotores locais precisarão sentar-se novamente com os dirigentes da F1 no ano que vem para tentar uma nova renovação. Uma remodelação no evento fora da pista, com mais atrações durante o final de semana para o público, estaria sendo cobrada por parte da categoria.
Outra situação que parecia dramática era a do GP de Mônaco. A corrida de 2022 foi realizada sem um novo acordo ser fechado e a renovação do contrato da tradicional pista de rua foi anunciada apenas em setembro, junto da divulgação do calendário de 2023. A corrida de Monte Carlo está garantida agora até pelo menos 2025.
A logística da temporada de 2023
Equipes e a F1 em geral vão precisar de uma logística bastante apurada para não terem problemas em 2023. Quem acompanha o “circo” da F1 na estrada vai precisar se acostumar a ficar longos períodos longe de casa. Este supercalendário também levanta questionamentos quanto aos objetivos ambientais da F1, que promete zerar sua pegada de carbono até 2030. Críticos apontam que com a quantidade de voos de carga e pessoas, é bastante difícil chegar à meta.
Serão 24 corridas em um período de 38 semanas entre a primeira etapa, o GP do Bahrein, em 5 de março, e a última, o GP de Abu Dhabi, em 26 de novembro. Isso sem contar a pré-temporada, que também acontece no circuito barenita de Sakhir, entre os dias 23 e 25 de fevereiro.
Entre as primeiras etapas nos meses de março e abril, a F1 vai manter o ritmo de uma corrida a cada duas semanas, todas na Ásia e Oceania (Austrália). Só a partir da quinta prova, o GP do Azerbaijão, as sequências mais duras irão começar. Ao total, serão seis dobradinhas com duas corridas seguidas, e duas sequências de três provas em semanas consecutivas.
A F1 fará uma longa viagem entre Baku e Miami para corridas seguidas na semana entre 30 de abril e 7 de maio. Depois, terá uma sequência em pistas europeias com Imola, Mônaco e Barcelona entre 21 de maio e 4 de junho.
Em julho, acontecem mais duas dobradinhas: entre os dias 2 e 9 no Red Bull Ring e Silverstone, e depois entre 23 e 30 em Hungaroring e Spa-Francorchamps.
Após do GP da Bélgica, todos terão um respiro com uma parada de quatro semanas para as férias de agosto. Porém, o circo retorna com mais duas dobradinhas. Em 27 de agosto e 3 de setembro em Zandvoort e Monza, respectivamente, e a primeira sequência fora da Europa, entre 17 e 24 de setembro, em Singapura e Suzuka.
A reta final do campeonato de 2023 também será recheada de corridas em sequência com uma passagem pelas Américas e o final do ano no Oriente Médio. Entre 22 de outubro e 05 de novembro, a F1 fará três corridas com as etapas de Austin, México e Interlagos. Depois, as últimas duas corridas acontecem em Las Vegas e Abu Dhabi, em 18 e 26 de novembro, respectivamente.
Essa arrumação significa para os brasileiros que a etapa de São Paulo segue acontecendo na reta final do campeonato, permanecendo como uma das possíveis decisões de título e com peso grande nos últimos momentos da briga.
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