Fernando Alonso
(Foto: Alpine)

7 polêmicas da carreira de Fernando Alonso na F1

Fernando Alonso é um dos pilotos mais talentosos de sua geração, mantendo a sua competitividade em alta mesmo com uma carreira na F1 que já dura mais de 20 anos, o que o torna um dos nomes mais celebrados de todos os tempos.

Porém, ao longo de toda esta trajetória, o espanhol mesclou momentos de enorme sucesso com algumas polêmicas, seja por lances controversos dentro da pista, como por escolhas ou declarações fora dela.

Para começar essa lista, vale lembrar do episódio mais recente: o anúncio de que ele vai trocar a equipe Alpine pela Aston Martin em 2023. No dia 1º de agosto de 2022, Fernando Alonso anunciou que vai fazer a mudança, com um acordo de múltiplos anos de duração.

No papel, não parecia nada de mais – afinal, o atual acordo de Alonso com a Alpine expirava ao fim desta temporada, e para o ano que vem ele estaria contratualmente livre para encontrar uma nova casa. No entanto, foram os detalhes da história que deixaram tudo mais confuso.

Alonso negociava uma renovação de contrato com a Alpine para 2023, mas as informações de bastidores davam conta de que as duas partes divergiam quanto à duração do acordo. De qualquer forma, a Alpine considerava que as conversas estavam adiantadas, quando de repente é feito o anúncio de que Alonso assinou com a Aston Martin.

O chefe da Alpine, Otmar Szafnauer, só ficou sabendo da notícia pela imprensa, sendo que Alonso tinha lhe dito um dia antes que ainda não havia assinado nada para 2023. Quando se deu conta, já estava feito: Alonso estava de saída para uma equipe rival, o que colocou a Alpine na correria para encontrar um substituto para o espanhol.

A primeira saída da Renault

A primeira saída de Alonso da Renault também não foi das mais simples. Em 2005, o espanhol bateu Kimi Raikkonen para conquistar o seu primeiro título mundial, se tornando na época o piloto mais jovem da história a se sagrar campeão da F1. Porém, pouco depois de garantir a taça, Alonso disse para a imprensa que “não sentia que a equipe estava com ele”, declaração que pegou todos de surpresa.

Pat Symonds, na época diretor de engenharia da Renault, comentou que aquela declaração de Alonso, no momento em que ela aconteceu, transformou o clima de festa em desânimo. E em dezembro, ainda no ano de 2005, veio um anúncio bombástico: Alonso assinou com a McLaren e trocaria de equipe em 2007. O timing do anúncio chamou atenção, já que Alonso teria toda uma temporada pela frente em 2006 com a Renault.

Na luta pelo bicampeonato, Alonso viveu momentos de tensão na reta final da campanha. No GP da China, quando perdeu a liderança na tabela para Michael Schumacher, o espanhol disse que “se sentia abandonado pela Renault”, indicando que a equipe estava mais focada em conquistar o título de construtores do que o de pilotos, uma vez que Alonso estava de saída.

Isso também causou um clima de estranheza. Apesar disso, Alonso levou a melhor na disputa, garantiu seu segundo título mundial consecutivo e terminou em alta a sua primeira passagem pela Renault, embora não tenha sido um desfecho tão tranquilo quanto poderia.

A caótica primeira passagem de Alonso pela McLaren

A história da primeira passagem de Alonso pela McLaren, em 2007, se tornou bastante conhecida, quando o bicampeão travou uma rivalidade ferrenha contra o estreante Lewis Hamilton na luta pelo título. Porém, aquela temporada teve controvérsias que transcenderam o esporte.

O ano de 2007 também foi marcado por um escândalo de espionagem, quando informações sigilosas da Ferrari vazaram e pararam nas mãos da rival McLaren. Você pode conferir detalhes deste caso no vídeo que produzimos abaixo:

Ao longo da temporada, a FIA investigava o assunto a fundo, mas a McLaren conseguia escapar de punição por haver dificuldades em provar que tais informações confidenciais foram de fato usadas pela equipe inglesa.

Foi quando a F1 chegou a Hungaroring para o GP da Hungria. Na classificação, Hamilton descumpriu uma ordem da McLaren e permaneceu à frente de Alonso na pista, garantindo, assim, a pole position provisória.

Quando os pilotos se preparavam para a segunda tentativa, Alonso foi ao box primeiro e segurou Hamilton no pitlane, de modo que o inglês não conseguiu abrir outra volta cronometrada. Alonso, então, andou rápido e conquistou a pole position de forma polêmica. No entanto, o espanhol acabou punido pelo ocorrido, perdeu cinco posições no grid e viu a pole ficar com Hamilton.

Mas a história não acabou ali. No dia seguinte, horas antes da corrida, Alonso ainda estava incomodado e decidiu dar um ultimato a Ron Dennis, chefe da McLaren: ou a equipe deixava Hamilton sem combustível na corrida, ou ele revelaria à FIA todos os detalhes do escândalo de espionagem.

A McLaren não cai na armadilha e decide ela mesma contactar a FIA, porém, a entidade já tinha conhecimento de tudo. Isso deu início a uma nova investigação, o que resultou na desclassificação da McLaren no Mundial de Construtores, mais uma multa histórica de US$ 100 milhões.

No fim das contas, a McLaren implodiu com a disputa interna entre Alonso e Hamilton e viu o título parar nas mãos de Kimi Raikkonen, da Ferrari. O espanhol ainda tinha mais dois anos de contrato com a equipe inglesa, mas o acordo foi rescindido, e Alonso deixou o time já para 2008.

“Fernando is faster than you”

Quando chegou à Ferrari, em 2010, Alonso carregou a responsabilidade de levar a Scuderia de Maranello novamente ao título mundial. Só que as coisas não estavam fáceis: após dez etapas disputadas, o espanhol estava 47 pontos atrás do líder do campeonato. Mas no GP da Alemanha, a Ferrari reagiu e vinha nas duas primeiras posições, com Felipe Massa à frente de Alonso.

Pensando no campeonato, a Ferrari ordenou a Massa que deixasse Alonso passar, por meio da famosa frase “Fernando is faster than you”, ou “Fernando está mais rápido que você”. Isso pode até parecer algo relativamente comum na F1, mas a diferença é que, na época, ordens de equipe eram proibidas por regulamento.

Alonso venceu, teve de ouvir críticas e questionamentos, e sequer podia admitir que de fato houve uma ordem de equipe. Nós detalhamos esta história em um outro vídeo aqui no Projeto Motor:

O pedido inusitado de presente feito por Alonso

Alonso bem que tentava, mas não conseguia levar a Ferrari ao topo. Ele bateu na trave tanto em 2010 como em 2012, quando lutou até o fim pelo título com um carro que tinha suas limitações. Em 2013, a temporada mais uma vez parecia perdida, sem que a Ferrari conseguisse fazer frente à Red Bull.

No GP da Hungria, que tem data tradicionalmente próxima ao aniversário de Alonso, o espanhol foi questionado sobre o que gostaria de receber de presente. Sua resposta foi: “Um carro como o dos outros”, referindo-se à Red Bull.

Isso não pegou nada bem com a Ferrari. O então presidente da Scuderia, Luca di Montezemolo, reforçou que os pilotos deveriam colocar os interesses da equipe acima dos deles próprios, e que “era o momento de manter a calma, evitar polêmicas e mostrar humildade”.

Mas a parceria nunca trouxe os frutos esperados. Alonso nunca mais venceria uma corrida com a Ferrari, e deixaria a equipe ao fim de 2014, quando ainda tinha dois anos de contrato pela frente.

A rixa de Alonso com a Honda na volta à McLaren

Quando deixou a Ferrari, Alonso apostou suas fichas novamente na McLaren. A equipe iniciaria em 2015 uma parceria de fábrica com a Honda, com o objetivo de reviver todo o sucesso que obtiveram em conjunto nas décadas de 80 de 90. Mas, a aliança não emplacou, e resultou em um período de falta de competitividade e de confiabilidade.

E as queixas de Alonso ficaram marcadas, como quando comparou as unidades japonesas a “motores de GP2” em pleno GP do Japão, ou quando disse que parecia um “amador” devido ao mau rendimento no Canadá. E isso só para citar alguns exemplos.

A parceria entre McLaren e Honda não deu certo e foi rompida após três anos, e o posicionamento firme de Alonso é um dos pontos mais lembrados do período.

O escândalo do GP de Singapura de 2008

Por fim, um dos maiores escândalos da história da F1, que já foi tema de um vídeo à parte aqui no Projeto Motor.

No GP de Singapura de 2008, Alonso largou do fundo do grid depois de problemas na classificação. No entanto, a intervenção do safety car, causada por uma batida de seu então companheiro de equipe, Nelsinho Piquet, casou perfeitamente com a estratégia adotada por Alonso na corrida, o que jogou o espanhol para a primeira posição, e resultou na primeira vitória da Renault naquela temporada.

Mas foi quase um ano depois que a realidade dos fatos veio à tona. Nelsinho foi demitido da Renault durante o campeonato de 2009, e pouco depois denunciou à FIA que sua batida em Singapura havia sido proposital para beneficiar Alonso.

O caso foi investigado e julgado, o que resultou em punições a Flavio Briatore e Pat Symonds, que na época compunham o alto escalão da Renault. Porém, Alonso não recebeu punição alguma, já que não foi possível comprovar que ele sabia dos planos. Mesmo assim, a vitória o espanhol em Singapura, um dos momentos mais celebrados por Alonso em 2008, só foi possível graças a um episódio claro de manipulação.

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