Campeões da Indy 500 explicam preparação técnica e mental para a prova

A programação da Indy 500 no atual formato tem duas semanas bem diferentes. Na primeira, os pilotos realizam vários treinos de muitas horas e no sábado e domingo enfrentam uma longa classificação para o grid. Na segunda, são apenas duas curtas sessões e muitos dias sem atividade de pista até chegar o grande dia da corrida.

Como entre os treinos mais intensos e a corrida existe um grande tempo, o foco principal de equipes e pilotos fica nas previsões do tempo para temperatura e vento, fatores externos que possuem grande influência no comportamento dos carros. E assim, as equipes vão aos poucos projetando o que irão enfrentar.

Os pilotos ficam quatro dias sem poderem andar na pista (terça, quarta, quinta-feira e sábado), com o último treino, de duas horas, sendo realizado na tarde de sexta-feira, dois dias antes da corrida.

E assim, as principais atividades ficam mais ligadas ao lado promocional da corrida e conversa com engenheiros não só sobre acerto, mas também sobre estratégias e como os principais adversários estão.

Na cobertura in loco direto de Indianápolis, o Projeto Motor conversou com cinco dos sete campeões da Indy 500 que estarão na pista no próximo domingo (28), quando irá acontecer a 107ª edição da prova.

Todos admitiram que durante os últimos dias antes da corrida, os pilotos acabam com poucas atividades relacionadas ao lado mais técnico. Os mecânicos das equipes, por outro lado, precisam desmontar e remontar os carros para uma revisão completa e instalação de peças e motores novos.

Scott Dixon, que venceu a Indy 500 de 2008, explicou que gosta paralelamente de estudar vídeos para entender o que ele pode melhorar e o que os rivais estão fazendo de certo ou errado.

“Assistimos a vários vídeos. Vários vídeos dos companheiros de equipe. Das possibilidades de onde os outros carros estão com dificuldades, de como os concorrentes estão. É sempre divertido se aprofundar nisso”, explicou o hexacampeão da Indy ao Projeto Motor.

Já Will Power valorizou o lado estratégico principalmente no Carb Day, o último treino que acontece dois antes da prova, em que são realizadas análises bastante específicas visando a corrida tanto dentro quanto fora pista.

“Acho que tentar executar todas essas pequenas coisas no treino de duas horas. Fazer [simulação dos] pit stops, das voltas de entrada e saída do pit. Tentar entender como será a condição de domingo, e como você vai querer o seu carro. Por exemplo, qual será a direção do vento, qual será a temperatura da pista e ambiente. Essa é chave”, analisou o vencedor da edição de 2018.

Um dos recordistas de vitórias da Indy 500 com quatro triunfos, o brasileiro Helio Castroneves pontuou também o lado de planejamento para a corrida. Ele explicou que este é o momento das reuniões em que os mais variados cenários possíveis durante a prova são simulados, para que algumas soluções possam ser previamente preparadas.

“Temos que ser rápidos [nas decisões]. Todas as decisões que se toma, são questões de segundos. Não dá para esperar duas ou três voltas, que aí já é tarde demais”, comentou o piloto.

Situações dentro da Indy 500

O Projeto Motor também questionou os pilotos campeões sobre questões externas e da dinâmica de prova que devem sempre ser observadas durante a corrida pelas equipes para garantir que as estratégias possam dar certo no final.

Tony Kanaan, que faz sua prova de despedida da Indy neste domingo, explicou que os engenheiros ficam de olho principalmente no vento e na temperatura. E que os pilotos também aos poucos vão entendendo o que está acontecendo não só com seus próprios carros, mas com os dos rivais.

“No meio da corrida, você já vai sabendo quem vai estar no final, quem não vai estar. Às vezes, o cara que você achou que ia estar, acontece alguma coisa. Você já vai tentando marcar o seu território para ver com quem você vai ter que disputar e como você vai passar essa pessoa no final da corrida”, disse o vencedor de 2013 da Indy 500.

Já Takuma Sato, que ganhou duas vezes a prova, pondera que o mais importante é ter paciência na primeira metade das 500 Milhas, e tentar se posicionar entre os cinco primeiros na segunda parte para um ataque final nas últimas 15 voltas.

Para isso, ele afirma que, por ser uma prova muito longa em que dificilmente as condições de pista serão as mesmas do começo ao final, o piloto precisa estar sempre prestando atenção no comportamento do carro e trabalhando com as ferramentas que possui para acompanhar as mudanças de cenário e ter um carro bem acertado no trecho antes da bandeira quadriculada.

“Você precisa estar preparado para o trecho final da prova. Todo o trecho tem uma evolução. A forma como você tem um pico [de desempenho], é extremamente importante analisar. Quando a corrida começa, existem poucas coisas que você pode fazer. Basicamente pressão dos pneus e asa dianteira. Em casos extremos, você mexe na asa traseira também. Mas, de novo, é uma questão da pista e do balanço da pressão aerodinâmica”, contou o japonês.

“Mas você deve sempre estar aprendendo algo. E então estar preparado”, continuou.

Confira as entrevistas completas realizadas pelo Projeto Motor no vídeo acima.

Comunicar erro

Comentários

Wordpress Social Share Plugin powered by Ultimatelysocial