O que acontece com carro de F1 quando é aposentado das corridas?
Devido ao acelerado desenvolvimento da F1, é comum que os carros participem das competições por apenas uma temporada, e em seguida já sejam aposentados das pistas.
Mas o que acontece com estes carros e peças que não são mais usados? O destino pode ser o mais variado. As equipes de F1 produzem alguns dos carros de corrida mais modernos do mundo.
Mas com os anos, por conta da velocidade do desenvolvimento e produção de atualizações, os chassis foram ficando com sua vida cada vez mais curta. Então, é comum que um carro participe das competições por apenas um ano, e em seguida já seja aposentado das pistas.
E o que acontece com esses carros e peças que não são mais usados pelas equipes para competição? O destino pode ser o mais variado, com os modelos mantendo sua atividade na pista por mais algum tempo, ou definitivamente se tornando uma valiosa peça de museu e de coleção.
Até o começo dos 90, era normal que carros fossem aproveitados por mais de uma temporada, com apenas algumas adaptações quando o regulamento não tinha mudanças muito profundas. Só que essa prática começou a ficar inviável, devido à enorme evolução que as equipes conseguem obter lançando novos modelos de um ano para outro.
Assim, praticamente a cada temporada, os times lançam um projeto diferente. E, mesmo durante um campeonato, os carros utilizados pelos pilotos dificilmente sobrevivem ao ano todo.
Por exemplo, em 2021, o campeão Max Verstappen usou três chassis diferentes na temporada. Uma famosa exceção recente a essa regra veio em 2009, quando Jenson Button conquistou o título utilizando exatamente o mesmo carro durante todas as 17 corridas. Isso aconteceu principalmente porque sua equipe, a Brawn GP, não tinha mais dinheiro para construir um novo carro.
E, curiosamente, Button precisou ameaçar de processo a Brawn e sua proprietária a partir de 2010, a Mercedes, para ficar com o carro que lhe deu o título. Acontece que, antes do início da temporada, Button aceitou uma grande redução de seu salário para correr pelo time, mas colocou no contrato que, se conquistasse o título, poderia ficar com o chassi.
Depois de se sagrar campeão, lhe foi oferecida uma réplica, o que não foi bem recebido por ele. Após certa discussão, Button enfim conseguiu o seu prêmio e levou o carro campeão para casa.
Button não foi um caso isolado de piloto que ficou com seu velho carro. Muito pelo contrário: Fernando Alonso criou uma enorme coleção de seus modelos, alguns adquiridos por ele, outros emprestados pelas equipes. Os carros ficam em exibição em seu museu aberto ao público na cidade de Oviedo, na Espanha.
No Brasil, está guardado na entrada do Instituto Ayrton Senna a McLaren com a qual o brasileiro venceu o GP da Itália de 1990. E há um folclore por trás disso: Senna teria conseguido arrancar o modelo de Ron Dennis em uma aposta que fez de que ganharia aquela prova, o que o dirigente achava pouco provável diante do desempenho da rival Ferrari.
Já Felipe Massa tem uma Ferrari e uma Williams que utilizou em sua carreira, enquanto Rubens Barrichello recebeu um chassi da Honda, que está guardado na Inglaterra, e uma Jordan de 94, armazenada em São Paulo. Outro souvenir do veterano veio da Ferrari, quando ganhou um pedaço de escapamento de um de seus carros quando completou 300 GPs na F1.
Carros de F1 em eventos de clássicos e públicos
Mesmo com todos estes exemplos, não é fácil os pilotos ficarem em posse de seus carros. E, quando a equipe decide não utilizar mais aquele chassi, vários são os outros possíveis destinos.
Algumas equipes mantém modelos intactos para eventos promocionais. A Red Bull é uma das que mais faz esse tipo de show, levando seus carros para exibições em cidades ao redor do mundo, onde aceleram, fazem zerinhos e dão um pequeno gosto para o público local do que é ver um carro de F1 em movimento de perto.
É possível também ver muitos destes carros em eventos de modelos históricos, como acontece com o famoso Festival de Goodwood, na Inglaterra, onde os pilotos ganham a chance de reviver os momentos de glória do passado.
Mas uma das opções mais comuns é que as equipes retirem toda a parte mecânica dos carros e usem os chassis como peças de exibição. E, por muitas vezes, isso pode acontecer dentro da própria casa das escuderias. Por exemplo, a McLaren acumulou modelos ao longo dos anos e formou uma das maiores coleções privadas da atualidade.
A maioria fica em um galpão do time, enquanto que os mais especiais são exibidos na sede. E, se você visitar o museu da BMW, em Munique, também conseguirá ver a Brabham com a qual Nelson Piquet conquistou seu segundo título mundial, além de um modelo que a fabricante teve em seus dias como equipe oficial.
A Ferrari também mantém um museu em Maranello, onde exibe vários de seus modelos mais importantes. Só que a Scuderia também possui uma outra forma de manter seus carros antigos em funcionamento: o programa Corse Clienti.
Desde 2003, a equipe oferece a um pequeno grupo de entusiastas a chance de comprar um carro de F1, e andar com ele em algumas pistas selecionadas pelo mundo. A Ferrari é responsável pelo armazenamento, manutenção e assistência técnica em pista, inclusive utilizando antigos mecânicos que trabalharam na F1.
E, para se ter uma ideia da importância da operação, quando Michael Schumacher fez testes com a Ferrari em 2009, sondando a possibilidade de voltar a competir pela equipe de Maranello, o modelo de 2007 que ele usou foi emprestado de um destes colecionadores do programa Corse Clienti.
Aliás, o atual regulamento da F1 que proíbe o uso de carros contemporâneos para testes obrigou as equipes a manterem modelos antigos em pleno funcionamento. É comum que equipes utilizem chassis de dois anos ou mais em perfeitas condições, prontos para rodar, para que jovens pilotos façam testes sem restrições e possam adquirir quilometragem e experiência.
Colecionadores de carros
E muitos modelos da categoria acabam indo parar no mercado de leilões, e aí surgem dois grupos diferentes de compradores. Alguns, que conseguem modelos com a parte mecânica em dia, passam a andar em eventos de colecionadores.
Por exemplo, Sebastian Vettel comprou em 2019 um dos chassis Williams do modelo FW14B, com o qual Nigel Mansell conquistou o título de 1992. Ele mesmo pôde reviver esta icônica máquina em exibição no GP de Silverstone, em 2022.
Outra possibilidade acontece com as escolas de pilotagem, que permitem que o público pague uma determinada quantia para ter a experiência de guiar um carro de F1.
Já outros modelos não possuem mais suas partes mecânicas. Um famoso caso no Brasil é do apresentador Otávio Mesquita, que adquiriu a Jordan com a qual Giancarlo Fisichella venceu o GP do Brasil de 2003. O modelo até hoje está pendurado em uma das paredes de sua casa.
E a própria F1 mantém um site oficial em que carros completos e peças podem ser comprados pelos fãs em leilões virtuais. Todos os itens são acompanhados de um certificado de autenticidade.
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