Histórias de Gil de Ferran que todo fã de automobilismo precisa conhecer

Gil de Ferran é amplamente conhecido como um dos principais nomes do automobilismo brasileiro, além de ser considerado um dos maiores pilotos de todos os tempos a nunca terem competido na F1, independentemente da nacionalidade. O piloto morreu no último 29 de dezembro de 2023, aos 56 anos.

Em seu currículo, De Ferran possui como destaque os dois títulos na era de ouro da CART, em 2000 e 2001, e a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis de 2003, com a Penske. Porém, além de todas estas conquistas, o brasileiro tem uma vasta história nas pistas pelo mundo, o que o torna uma figura carimbada.

Então, o Projeto Motor relembra de seis histórias sobre Gil de Ferran que todo fã de automobilismo precisa conhecer. Para começar, vamos falar de seus testes na F1, que chegaram perto de se tornarem contratos, mas que por questões das mais diversas, nunca se tornaram uma chance real para o brasileiro no Mundial.

Por exemplo, no início dos anos 90, Gil de Ferran competiu na forte F3 Britânica, categoria que revelou diversos nomes de sucesso na F1. Em 1991, foi o terceiro colocado na tabela, atrás do campeão, Rubens Barrichello, e de David Coulthard. Já em 92, Gil foi campeão com sobras, com sete vitórias em 16 etapas.

Assim, o seu próximo passo natural foi a F3000 Internacional, que era na época a principal categoria de base da F1. Ele foi o quinto colocado em 93, com uma vitória, e terminou em terceiro no ano seguinte, com dois triunfos. Com isso, o brasileiro se tornou um nome muito bem cotado na Europa, o que lhe rendeu alguns flertes bem fortes com a F1.

Neste período em que despontou na Europa, Gil teve a oportunidade de fazer testes importantes com a F1, sendo que estas ocasiões também se tornaram históricas. Em 1992, recebeu um convite para testar pela Williams, que era simplesmente a equipe que dominava com sobras a categoria na época. Isso aconteceu em Silverstone, a bordo do carro com o qual Nigel Mansell havia se tornado campeão naquele ano.

Um ano depois, em 1993, ele fez o teste que representava sua maior chance, com a Footwork, no circuito do Estoril, em Portugal. Ali, teve uma espécie de tira-teima com outro nome promissor da época, Jos Verstappen, em uma avaliação que potencialmente poderia render uma vaga na equipe para 94. Mas este teste não correu tão bem assim.

Versão vídeo do artigo com declarações exclusivas do Gil de Ferran

Estreia meteórica de Gil de Ferran na Indy

Sem grandes possibilidades na F1, Gil de Ferran seguiu um caminho que muitos pilotos brasileiros tomaram em meados dos anos 90. Ele assinou com o lendário Jim Hall para competir na Indy, que em 95 estava em seu último ano antes da famosa divisão entre CART e IRL. Se tratava de uma categoria forte, repleta de estrelas, e mesmo assim o estreante Gil de Ferran deixou um impacto imediato.

Mesmo que ele tenha tido alguns momentos de frustração e aprendizado em 95, o seu grande dia chegou ainda naquela temporada de estreia, justamente na prova de encerramento do campeonato, em Laguna Seca.

Aquela foi a primeira de 12 vitórias que Gil de Ferran conquistou em sua passagem pela Indy, o que inclui os períodos de CART e IRL. Era só o começo de uma carreira que entraria para a história das pistas americanas.

O auge de Gil de Ferran na CART aconteceu logo em seus primeiros anos com a Penske. Ali foi considerada a sua era de ouro, em um conjunto com chassi Reynard e os potentes motores da Honda. Em 2000 e 2001, últimos anos antes de migrar para a IRL, Gil conquistou quatro vitórias e emendou os seus dois títulos consecutivos.

Recorde de velocidade

Mas um episódio específico simboliza o que foi aquele período de excelência para Gil de Ferran. Isso aconteceu na classificação da etapa final da temporada de 2000, no superspeedway de Fontana.

Se tratou de algo tão impressionante que seu parceiro de equipe na época, o seu amigo Hélio Castroneves, se lembrou por anos do que aconteceu, como ele comentou em conversa com o Projeto Motor em 2015.

Em Fontana, Gil teve o conjunto ideal para poder exibir toda a sua velocidade. Ele cravou a pole position alcançando, em média, 241 milhas por hora, ou 388 km/h. Isso de média. O feito rendeu a Gil de Ferran um recorde que dura até hoje: foi a volta mais rápida da história realizada em um circuito fechado.

Entrevista exclusiva do Projeto Motor realizada em 2015 com Gil de Ferran

Passagens de Gil de Ferran na F1 como dirigente

Gil de Ferran nunca competiu na F1 como piloto, mas teve uma relação íntima com a categoria, inclusive depois de ter pendurado o capacete. O brasileiro teve duas passagens no Mundial como dirigente, e em duas fases completamente diferentes.

Gil sempre teve uma forte conexão com a Honda, e isso se estendeu para a F1. Em 2005, foi contratado para ser diretor esportivo da BAR, equipe que, de 2006 em diante, se tornou Honda. Ali, viveu alguns momentos de sucesso, mas também de dificuldades, e ele deixou o posto durante o ano de 2007.

Mais de 10 anos depois, em 2018, fez o seu retorno com a McLaren, graças à próxima relação que tinha com Zak Brown. E, na McLaren, também foi diretor esportivo, e trabalhou no processo de reestruturação do time sob a gestão de Brown.

Oficialmente ele ocupou o cargo até o início de 2021. Já em 2023, passou a integrar o corpo de consultores da McLaren, em um posto “não executivo e não operacional”, colaborando com o chefe, Andrea Stella.

Mentor de Alonso em Indianápolis

Durante a sua relação com a McLaren, Gil de Ferran foi personagem chave de uma das histórias mais interessantes do ano de 2017. Quando Fernando Alonso deixou de competir no GP de Mônaco para disputar as 500 Milhas de Indianápolis, foi Gil a pessoa encarregada a auxiliar o espanhol no processo de transição, orientando sobre todos os aspectos da mudança dos circuitos mistos para os ovais.

Alonso se destacou pela rápida adaptação, se classificando em quinto para a largada, liderar por 27 voltas, até abandonar com um motor quebrado quando ocupava a sétima posição nas voltas finais. Depois, o bicampeão da F1 agradeceu a Gil de Ferran, por ter sido a pessoa que “o ensinou a correr em ovais”.

Em todos esses anos, Gil de Ferran deixou uma forte marca nas competições, seja por sua vitoriosa atuação dentro da pista, seja fora, como dirigente, o que o tornou uma das figuras mais notáveis do automobilismo brasileiro de todos os tempos.

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