Da Copse a Chapel: Silverstone tem um dos trechos mais legais da F1
Desde sua abertura em 1948, o circuito de Silverstone já passou por diversas reformas que modificaram de forma substancial o seu traçado. De uma pista de altíssima velocidade com poucas curvas, o circuito ganhou com os anos novas tomadas e se tornou mais seletivo e técnico.
É verdade que as velocidades em Silverstone continuam bastante altas. Mas se compararmos os mapas de sua versão mais clássica que, com algumas pequenas adaptações com o tempo – foi utilizada entre os anos 50 e 80 – com a da década de 90 e depois com a de 2010, fica bastante evidebte a mudança de característica básica do circuito.
E se os mais nostálgicos podem ter alguma saudade daquele traçado em que a F1 voava até 1990, algo que veio com a grande reforma de 1991 e que foi mantido depois é a incrível sequência de curvas que começa na Copse e passa por Maggots, Becketts e Chapel.
Essas curvas, que até 2009 eram as primeiras do traçado, sempre existiram. Só que foram redesenhadas em 1991 e desde então se tornaram um ponto simbólico de Silverstone e um dos mais elogiados por pilotos. Com a reforma de 2010, esta parte do percurso foi mantida intacta, porém, a mudança do ponto da largada fez com que ela passasse a ser do setor intermediário do circuito: das curvas 9 a 14.
O trecho se tornou um dos mais legais tanto para os competidores quanto para os fãs pelo visual dos carros cruzando a sequência em alta velocidade, sempre acima dos 260 km/h (e passando dos 300 km/h e vários momentos). E em um setor em que os carros tentam se manter juntos pela boa possibilidade de ultrapassagem na reta seguinte, do Hangar.
Os nomes das curvas do setor
Silverstone, assim como a maioria das pistas mais tradicionais da Europa e da América Latina, possui curvas com nomes que remetem a histórias do circuito e da região em que ele fica localizado, da própria curva ou curiosidades locais e homenagens.
Copse, em inglês, significa bosque. O arredor do circuito de Silverstone é de verdes campos, com alguns bosques. Um deles fica exatamente perto da curva, por isso ela recebeu esse nome. Já a curva Maggotts foi batizada com o nome justamente do campo cheio de colinas que fica no arredor daquela região.
As próximas curvas são a Becketts e Chapel, referência à Capela de São Tomás Becket, que existia naquele local e tinha sido construída em memória a um arcebispo local que foi assassinado. A capela foi demolida em 1943 para abrir espaço para uma pista de pouso que foi construída para uso da força aérea britânica antes da instalação do autódromo.
Por que a famosa sequência de Silverstone é tão desafiadora
Estamos considerando a Copse como parte do trecho por também ser uma curva lendária, extremamente veloz e técnica, e logo antes da sequência seguinte. Mas é verdade que o complexo de curvas mais famoso de Silverstone é entre a Maggotts e a Chapel, que realmente formam uma trajetória quase que única.
Os carros que já vem em alta velocidade na Copse, feita apenas com uma leve aliviada no acelerador graças principalmente ao atual nível de pressão aerodinâmica nos carros. Foi nesse ponto em que Max Verstappen e Lewis Hamilton protagonizaram um forte acidente em 2021, que resultou em uma batida forte que levou o holandês ao hospital. O inglês da Mercedes conseguiu seguir em frente e vencer a prova.
Depois deste ponto, os pilotos chegam a mais de 300 Km/h para uma sequência de curvas que varia o tempo todo para os dois lados com tomadas de raios distintos. A velocidade em nenhum momento cai abaixo dos 260 km/h.
Este trecho, inclusive, foi o que passou por mudanças para 1991. Antes, eram três curvas rápidas, mas mais isoladas. A Becketts foi a mais alterada, já que era uma curva um pouco mais fechada em meio a um percurso de muita velocidade. Foi nela em que Senna sofreu com um problema para encaixar uma marcha e rodou quando liderava o GP da Grã-Bretanha de 1989, o que resultou em seu abandono quando liderava a prova.
Com a reforma, a Becketts se tornou um “esse” entre a Maggotts e a Chapel, o que criou a incrível sequência que conhecemos hoje e que formou toda uma geração de pilotos nos anos 90, uma das últimas da era em que as categorias de base britânicas eram as mais fortes e importantes na escada para a F1.
Além do desafio de buscar tempo de volta neste ponto, o bom contorno de todo o complexo da Maggotts, Becketts e Chapel é primordial para uma boa entrada na longa reta do Hangar. É preciso carregar boa velocidade para conseguir atacar ou se defender nesta decida que leva para um dos principais pontos de ultrapassagem de Silverstone.
Desta forma, não levar o carro ao limite da pressão aerodinâmica ou aderência dos pneus ali simplesmente não é uma opção. Um carro bem equilibrado e sem qualquer tipo de problemas é essencial para que o piloto esteja confortável e confiante.
Por isso, toda vez que os pilotos chegam na Copse, fique atento, pois os metros seguintes têm um peso enorme no tempo de volta dos pilotos, podem acabar em um erro importante ou em uma situação de ultrapassagem.
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