Entenda as diferenças entre um protótipo Hipercarro do WEC e um F1

Apesar de visualmente muito diferentes, será que o Hipercarro do WEC (Mundial de Endurance) e os modelos de F1 têm algumas semelhanças? Essas dúvidas são bastante comuns entre os fãs principalmente por conta de algumas características técnicas e novas tecnologias que são utilizadas em ambos.

Como já explicamos em um vídeo da série “WEC em 5 minutos”, a temporada de 2023 marca o começo de uma nova era para o endurance mundial. O WEC e IMSA (campeonato americano de endurance) estão fazendo uma convergência de regulamentos que permite que protótipos corram pela vitória geral em ambas categorias.

Isso impulsionou as novas classes principais das dias séries (Hipercarros e GTP). No WEC, que chegou a ter a Toyota correndo praticamente sozinha no fim da era dos LMP1 (antiga classe principal), 13 carros foram inscritos para a temporada de 2023, incluindo a participação de grandes marcas como Cadillac, Porsche, Ferrari, Peugeot, Vanwall, além de Toyota e Glickenhaus, que já estavam no último campeonato. E outros estão chegando para 2024, como Lamborghini, BMW e Alpine.

Mas afinal? Em termos de desempenho, como a nova Hipercarro se compara com um F1. Para começar, a série de endurance tem hoje um regulamento bem aberto em termos de aerodinâmica e até motorização.

A FIA preferiu seguir um caminho bem diferente da F1, dando liberdade para as montadoras e mantendo a competitividade entre os vários participantes através de um balanço de performance. Isso fica claro pela diferença de visual nos hipercarros que seguem o modelo FIA da Toyota, Glickenhaus, Peugeot, Ferrari e Vanwall.

Versão em vídeo desse artigo com participação do piloto da Alpine no WEC, André Negrão

Já no novo regulamento da F1, a ideia para aproximar os times foi de padronizar diversas partes dos carros. Os motores seguem um padrão de arquitetura, com apenas algumas áreas específicas livres para desenvolvimento. Além disso, também foi imposto um teto de gastos.

Na subclasse LMDh, que segue o padrão da IMSA, os carros são um pouco mais parecidos por utilizarem a base dos LMP2. Porém, existem várias áreas da carroceria em que as montadoras possuem grande liberdade para trabalhar, como podemos ver, por exemplo, na parte frontal dos modelos da Cadillac, Porsche, BMW e Acura.

A FIA, no entanto, controla o coeficiente aerodinâmico dos carros. Ou seja, você pode trabalhar com o desenho que quiser, porém, para evitar grandes vantagens, a eficiência aerodinâmica dos modelos precisa ser parecida.

Outra diferença entre os hipercarros e os modelos de F1 nesta parte é que, enquanto a categoria de monopostos deixa o desenvolvimento livre, com novas peças quando quiserem, no WEC, os modelos são homologados. A partir do momento em que eles vão para a pista para uma corrida, eles não podem mais ser modificados até o final da temporada de 2027.

O peso mínimo de um hipercarro é de 1.030 quilos, contra 798 dos carros de F1. Porém, para balancear a performance dos carros do WEC, a FIA observa o tempo de volta dos modelos e pode alterar o peso mínimo de cada equipe. Assim, os modelos precisam ser projetados para terem lugar para receber até 50 quilos extras de lastro. Isso aconteceu, por exemplo, com a Toyota em 2022, diminuindo a vantagem dos japoneses para os rivais.

Motores da Hipercarro e da F1

Uma das partes mais interessantes dessa história são os motores. Na F1, todas as fabricantes devem seguir a arquitetura de um propulsor de seis cilindros em V, com 1,6 litro de deslocamento, equipado com turbo e dois sistemas híbridos. O MGU-K recupera energia cinética nas freadas, enquanto o MGU-H, dos gases do escape trabalhando junto com o turbo.

A energia total recuperada na F1 vai para uma bateria que dispara um motor elétrico que fica instalado no eixo traseiro. Desta energia que fica armazenada na bateria, o piloto pode usar até 120 quilowatts por volta, o equivalente a 160 cavalos de potência extra, durante 32 segundos. A potência total das unidades de potência é uma informação confidencial das fabricantes, mas estima-se que eles estão gerando em torno de mil cavalos.

Já os motores do WEC possuem arquitetura livre. Inclusive, os modelos podem ou não ser híbridos. Mas existem algumas restrições importantes. A primeira é que os motores a combustão não podem funcionar com o diesel. A segunda é o limite de potência de 500 quilowatts, ou 670 cavalos.

(Foto: Harry Parvin/WEC)

No caso dos protótipos híbridos, o motor a combustão gira o eixo traseiro enquanto o elétrico, que também utiliza um sistema de recuperação de energia cinética, fica instalado no dianteiro. Assim, esses modelos possuem tração integral. O limite por volta da potência extra gerada pelo sistema elétrico é de 200 quilowatts, ou 268 cavalos.

Só que mais uma vez, o balanço de performance pode entrar aqui. Assim como aconteceu com o peso do carro, a Toyota também teve os parâmetros de sua unidade de potência modificados para segurar seu desempenho em relação aos rivais.

Diante de todas essas questões, temos resultados de desempenho bastante específicos para cada tipo de competição. A velocidade final do hipercarro da Toyota em 2022 e do F1 campeão da Red Bull foi muito próxima. Ambos alcançaram aproximadamente 325 km/h.

Porém, o carro de F1 possui uma aerodinâmica mais refinada para o contorno das curvas e retomada de velocidade mais rápida. Por isso, no total de uma volta, seus tempos acabam sendo bem melhores. A pole da Toyota em Spa em 2023 foi com o tempo de 2minutos e 812 milésimos. No mesmo circuito, a Red Bull fez na classificação com Max Verstappen em 1 minuto, 46 segundos e 168 milésimos.

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