(Foto: Matt Fraver/IndyCar)

Com 4 equipes nas 2 primeiras filas, Indy 500 aponta para luta parelha

O formato bastante único de classificação e da própria programação da Indy 500 faz da conquista da pole algo bastante especial, independente do seu peso maior ou menor para a vitória.

O piloto que consegue a honra enfrenta dois dias inteiros de batalhas. Um primeiro com quase sete horas de sessão e pista aberta e um segundo em que precisa passar por duas fases com apenas uma chance de marcar o seu tempo em cada. E depois de conquistar o resultado, ele tem agora uma semana para saborear o triunfo de ter sido o mais rápido em uma média de quatro voltas consecutivas.

Isso tudo foi bastante condensado na celebração de Alex Palou, que conquistou a pole para edição de 2023. O espanhol de 26 anos, que foi campeão na Indy em 2021, comemorou tanto que chegou na coletiva de imprensa, minutos depois do fim do decisivo “Fast 6”, quase sem voz.

“É incrível. Incrível”, exclamou o piloto da Ganassi antes de pedir um segundo por conta da voz. “Ano passado ficamos muito perto. Perdemos para o Dixon, que fez quatro voltas incríveis. Este ano, sabíamos que seria ainda mais apertado contra esses dois caras [apontando para Rinus VeeKay e Felix Rosenqvist, segundo e terceiro, respectivamente). Eles foram rápidos todo o tempo. Fomos agressivos. Valeu a pena desta vez. Estou muito orgulhoso”, declarou Palou.

O conjunto de quatro voltas do espanhol foi o mais rápido da história das 500 Milhas de Indianápolis neste formato, com uma média de 376 km/h. A diferença entre ele e o segundo colocado, Veekay, foi de 4 milésimos, a segunda menor da história.

O terceiro do grid, Rosenqvist, ficou a apenas 0s0676 do pole, o que mostra como, mesmo com carros de três equipes diferentes (Ganassi, Ed Carpenter e McLaren), o equilíbrio entre os líderes foi muito grande nesta classificação.

Alex Palou não conteve a comemoração pela pole para a Indy 500
Alex Palou não conteve a comemoração pela pole para a Indy 500 (Fotos: C Jones/IndyCar)

Para aumentar esta sensação, o quarto colocado do grid, Santino Ferrucci, pilotou o carro de outro time, a AJ Foyt, considerado pequeno na Indy e que vem surpreendendo em Indianápolis até o momento. O seu segundo piloto, Benjamin Pedersen, um dos novatos desta edição, também está mostrando bom desempenho e irá largar na 11ª posição.

O time ainda pertence a AJ Foyt, ex-piloto que é um dos recordistas de vitórias da Indy 500 com quatro vitórias. Fora do cockpit, ele assistiu, no entanto, a apenas um triunfo de sua equipe na pista, em 1999, com o sueco Kenny Brack. Nos anos 2000, a equipe ficou para trás. O último top 10 em um campeonato foi em 2011, com Ryan Hunter-Reay. Este ano, após cinco etapas, Ferrucci é o 22º e Pederson, 27º.  

Mas Ferrucci, que chegou a ter carreira na Europa passando pela F3 e F2 com muitas polêmicas, acredita que, apesar de todos os prognósticos, eles estão prontos para voltar à briga.

“O objetivo é conquistar a sexta vitória de AJ, a sexta vitória na Indy 500. Eu, na verdade, estou me sentindo mais confortável com a configuração de corrida do que na de classificação”, comentou o americano de 24 anos. “Nosso carro com certeza tem mais para dar”, continuou.

Quem está se destacando antes da corrida

Se por enquanto a AJ Foyt é a surpresa da Indy 500 de 2023, existem outros dois times que já estão mais acostumados com vitórias e que estão demonstrando força.

Um deles, claro, é a Ganassi, do pole position Palou. O time, que corre com motores da Honda, colocou seus quatro carros entre os 10 primeiros com Scott Dixon em sexto, Takuma Sato em oitavo, e Marcus Ericsson, atual vencedor da prova, em 10º.

O outro é a McLaren, uma força em ascensão na Indy que corre com motor Chevrolet e ficou com o vice-campeonato em 2022 com Pato O’Ward. Este ano, está na luta do campeonato novamente com o mexicano, que é segundo na classificação geral, seis pontos atrás de Palou.

Antiga Schmidt Peterson, a equipe passou a ter a McLaren como sócia em 2020. No ano seguinte, a organização britânica adquiriu 75% das ações e se tornou majoritária no comando, tirando, inclusive, o SP (sigla de Schmidt Peterson) do nome do time.

Depois de um bom campeonato em 2022, o time quer mostrar que pode voltar a vencer em Indianápolis, como já fez em diversas oportunidades na década de 70. E está mostrando força ao classificar seus quatro carros entre os nove primeiros colocados: Rosenqvist em terceiro, O’Ward em quinto, Alexander Rossi em sexto e Tony Kanaan em nono.

“Acho que a equipe está ficando madura”, apontou Rosenqvist durante as sessões classificatórias. “Somos ainda uma equipe razoavelmente nova com a atual estrutura. Mas você ainda sente a diferença. Temos muitas pessoas jovens. Quando entrei na equipe, tinha muitos caras novos que agora estão ficando bem experientes, andando na frente por muitos anos. Ainda não tem um campeonato, mas estamos nos aproximando o tempo todo. Realmente sinto que a confiança está crescendo na equipe, tanto no lado dos engenheiros como no dos pilotos”, continuou.

 Felix Rosenqvist  tem sido constantemente rápido com sua McLaren para a Indy 500 de 2023
Felix Rosenqvist tem sido constantemente rápido com sua McLaren em Indianápolis (Foto: James Black/IndyCar)

Kanaan, que participa exclusivamente da etapa de Indianápolis em um quarto carro montado para ele para sua despedida da Indy, concorda com o companheiro sobre o trabalho de crescimento da estrutura da McLaren.

“Acho que desde a escalação dos pilotos, temos uma combinação incrível. Temos dois jovens que estão animados. Alex [Rossi] está lá com sua experiência, então, eu cheguei. É um ambiente realmente bom. Eles estão conseguindo fazer isso. Não é uma surpresa. Olha como eles começaram bem a temporada. É um trabalho em progresso. Não é fácil, especialmente adicionando um quarto carro”, disse.

O piloto brasileiro de 48 anos, que venceu o campeonato da Indy em 2004 e as 500 Milhas de Indianápolis de 2012, tenta aproveitar o momento bom da McLaren para o que poderia ser um encerramento de seu ciclo de 25 anos na Indy de forma histórica.

Ao final da classificação, ele analisou em entrevista ao Projeto Motor que mesmo partindo na nona colocação, ele está bastante confiante no ritmo de seu carro com o acerto de corrida.

Confira no vídeo:

Penske está em apuros?

Se a Ganassi se mantém entre os mais fortes como sempre faz há quase 30 anos e a McLaren confirma sua evolução dos últimos tempos, a tradicional Penske sai do final de semana de classificação com pouco a comemorar.

A tradicional equipe conseguiu colocar apenas um de seus três pilotos na segunda fase da tomada de tempos, Will Power, que vai largar em 12º. Scott McLaughlin é apenas o 14º e Josef Newgarden, 17º. Importante destacar que o time não passa por uma crise na temporada, pois até já venceu duas das cinco corridas de 2023, mas ainda não se encontrou especificamente em Indianápolis.

Segundo Newgarden, os problemas surgiram principalmente na configuração de classificação, o que mantém seu otimismo para uma boa corrida, apesar de entender que hoje em dia é difícil escalar o pelotão pelas dificuldades de seguir os carros de perto.

“Obviamente não estamos vendo algo. Não sei o que é. Estamos trabalhando forte. Não tem ego sobre isso. Apenas não demos o bastante. Acho que está faltando algo. A parte estranha é que achava que estávamos no bolo nos treinos. Acho que o vento foi um fator importante [na classificação]. Talvez não percebemos algo nessas condições”, admitiu o bicampeão da Indy.

“O mais importante é que vamos focar na corrida. Acredito que se você está no grid, você tem uma oportunidade de vencer essa corrida. Vamos colocar todo nosso foco para nos recompormos e vermos o que podemos fazer melhor. Tenho uma grande confiança que temos ótimos carros e que estaremos na briga no domingo [da corrida]”, completou.

Castroneves tem chance de buscar o recorde da Indy 500?

Além de Tony Kanaan, o público brasileiro também tem Helio Castroneves para acompanhar na Indy 500 de 2023. O piloto de 48 anos tenta se isolar como o maior vencedor da história da prova. Hoje, ele tem quatro vitórias, junto com os outros recordistas AJ Foyt, Al Unser e Rick Mears.

Esta é a terceira vez que Castroneves compete em Indianápolis pela Meyer Shank Racing, time que se não está entre os maiores da Indy, foi o que lhe levou ao seu histórico quarto triunfo, em 2021.

Os sinais desta primeira semana em Indianápolis, porém, não são dos mais otimistas. Tanto o brasileiro como seu companheiro, Simon Pagenaud, campeão da Indy de 2016 e das 500 Milhas de 2019, não apareceram entre os melhores nos treinos. Na classificação, eles ficaram apenas com as 20ª e 22ª posições do grid, respectivamente.

Mas o sempre otimista Castroneves explicou em entrevista ao Projeto Motor que em se tratando de 500 Milhas, ele ainda acredita na chance de buscar uma melhora com um carro mais equilibrado para a corrida.

“Corrida, tudo muda. No treino é uma coisa. Você não sabe o quanto de combustível o pessoal está andando. Tem o tipo de pneu. Achei bem promissor o nosso acerto, mas ainda não está 100%. Mas nós vamos chegar lá!”, disse.

Confira a entrevista completa no vídeo:

Os pilotos voltam aos treinos para as 500 Milhas de Indianápolis durante a semana na segunda (22) e sexta-feira (26). A corrida acontece no próximo domingo (28) com transmissão para o Brasil da ESPN, TV Cultura e do serviço de streaming Star+.

O Projeto Motor cobre in loco o evento durante toda a semana com conteúdo no site e redes socais.

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