Max Verstappen durante o GP da Alemanha de 2019 (Foto: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull Content Pool)

Para que servem as luzes traseiras dos carros de F1?

Um carro de F1 possui vários detalhes que podem passar batido para olhares desatentos. Porém, há componentes que parecem de importância secundária, mas que ajudam a entender o que se passa na pista. Um exemplo disso é o conjunto de luzes na parte traseira.

Você já parou para pensar para que elas existem? Elas são usadas basicamente em três ocasiões diferentes.  

Se você achava que se tratavam de luzes de freio, assim como acontece nos carros de rua, já adiantamos que não é isso. Mas de fato é para servir como uma sinalização para o carro que vem atrás. Segundo estipula o regulamento técnico da F1, os carros precisam contar com três conjuntos de luzes de LED na parte traseira: o maior deles tem de ter 118mm de altura por 90mm de largura, e deve ser montado a cerca de 300mm de altura em relação ao que o regulamento chama de “plano de referência”, que usa como parâmetro a prancha de madeira usada nos assoalhos.

luzes F1 regulamento
Plano de referência (em amarelo, no assoalho do carro) estabelece diretrizes do regulamento técnico da F1

As outras duas luzes se tornaram obrigatórias somente em 2019. Elas precisam ter 120mm de altura por 30mm de largura, e posicionadas nas asas traseiras, entre 650mm e 870mm acima do plano de referência.

As três luzes normalmente são de cor vermelha. Mas, caso o piloto que estiver guiando não tenha uma Superlicença, usa-se a cor verde.

luzes verdes F1
Pilotos que ainda não possuem Superlicença utilizam luzes verdes (Foto: Peter Fox/Getty Images/Red Bull Content Pool)

As determinações do regulamento

O artigo 14.5 do regulamento técnico da F1 estabelece que todos os carros tenham três luzes traseiras em funcionamento durante todo o evento do GP. Para isso, elas precisam:

  • Terem sido fornecidas por uma fabricante designada pela FIA
  • Que sejam “claramente visíveis” para quem vem atrás
  • Que possam ser acionadas manualmente pelo piloto quando este estiver sentado normalmente dentro do cockpit.

Os pilotos devem ligar suas luzes obrigatoriamente em condições de pista molhada, para facilitar a visibilidade de um carro para outro no meio de todo o spray d’água. Assim, toda vez que um carro utilizar pneus intermediários ou de chuva forte, as luzes precisam ser acionadas. Mas e se por acaso elas apresentarem defeitos e não ligarem? Aí fica a critério do diretor de provas se o carro pode continuar na pista sem as luzes, ou se é preciso parar nos boxes para fazer os devidos reparos. 

Um outro uso das luzes traseiras é durante os pitstops. Quando vão aos boxes, os pilotos apertam um botão do volante para ativar o limitador de velocidade, destacado na foto abaixo. Com o limitador ligado, os pilotos podem pisar fundo no acelerador e mesmo assim, o carro não irá extrapolar a velocidade limite do pitlane, que via de regra é de 80 km/h.

Quando o limitador de velocidade está ativado, as luzes traseiras ficam piscando para avisar o carro de trás, e as luzes são apagadas quando o limitador é desligado. 

Volante da Mercedes de 2018 mostra o botão do limitador de velocidade (Foto: Steve Etherington/Mercedes)

Luzes e o significado para os motores

E ainda há uma outra função para as luzes traseiras, esta que é vista de maneira constante durante os treinos e as corridas. Para entender, precisamos explicar o funcionamento das unidades de potência da F1. 

O conjunto conta com o motor V6 a combustão, um motor elétrico que entrega mais potência, e dois sistemas de recuperação de energia que devolvem a potência às baterias, chamados de ERS.

Quando o motor entra em processo de recuperação de energia, o conjunto como um todo perde velocidade – e é aí que as luzes se acendem, para avisar o carro de trás sobre a diminuição do ritmo. O sistema detecta automaticamente os pontos da pista onde o carro deve começar a recuperar energia, dependendo do modo que está selecionado pelo piloto ao volante.

Episódios notáveis

Já houve ocasiões em que estes modos diferentes de motor, sinalizados pelas luzes traseiras, foram fatores determinantes para lances polêmicos. Foi o que aconteceu no famoso acidente entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg no GP da Espanha de 2016. Rosberg ultrapassou Hamilton, mas instantes depois seu motor começou recuperar energia, e isso ficou evidente quando suas luzes começaram a piscar.

luzes Rosberg Barcelona 2016
Luz de Rosberg começa a piscar logo após a largada em Barcelona, 2016 (Foto: Reprodução)

Percebendo que havia selecionado um modo errado no motor, o alemão tentou fazer ajustes na hora, mas era tarde demais. Hamilton, que estava com o modo certo selecionado, estava muito mais rápido naquele momento e tentou ultrapassá-lo, e foi aí que toda a confusão aconteceu.  

Já em 2020, no mesmo GP da Espanha e no mesmo ponto da pista, Esteban Ocon bateu durante um treino livre ao tentar desviar de Kevin Magnussen, que havia reduzido bruscamente sua velocidade.

Mas a direção de prova analisou a telemetria e concluiu que a redução de Magnussen não se deu devido ao uso do freio, e sim ao sistema de recuperação de energia, o que fez com que o carro baixasse de 200 para 125 km/h, e as luzes davam o recado de que a velocidade cairia. 

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Acidente de Ocon no TL3 em Barcelona marcou o fim de semana (Foto: Reprodução)

É apenas um detalhe dos carros, mas ainda assim vale ficar de olho. Afinal, as luzes traseiras podem passar mensagens importantes sobre o funcionamento dos motores, o que afeta diretamente a dinâmica da corrida. 

Confira mais detalhes em nosso vídeo especial:

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