Jos e Max Verstappen
(Foto: Mark Thompson/Getty Images/ Red Bull Content)

Jos the Boss: como foi a carreira do pai de Max Verstappen na F1

Com os resultados que obteve desde que chegou à Red Bull, Max Verstappen se estabeleceu como o piloto holandês mais bem sucedido da história da F1.

Curiosamente, quem ocupava este posto até então era justamente o seu pai, Jos Verstappen. No início dos anos 90, Verstappen pai surgiu como uma grande promessa da base, o que até lhe rendeu o apelido de “Jos the Boss”, ou “Jos o Chefe”.

Porém, sua trajetória na F1 foi conturbada desde o início, com uma rápida chance em um time de ponta, lampejos por diversas equipes do pelotão intermediário, e alguns lances que ficaram marcados. Para bem e para o mal.

As carreiras de Verstappen pai e filho tiveram uma pequena semelhança no momento de transição da base para a F1. Assim como Max, Jos Verstappen também subiu de forma bem rápida das categorias de menores para o Mundial.

A sua primeira temporada nos carros de fórmula foi em 1992, na F-Opel Lotus, e em 1993 ele já subiu para a F3. Naquele ano, ele conquistou o título alemão da modalidade, além de vencer o Masters de F3 em Zandvoort.

Com isso, Verstappen, aos 21 anos, já começava a atrair os olhares da F1. Em setembro de 93, o holandês foi convocado a fazer seu primeiro teste na categoria, quando experimentaria um carro da Footwork no circuito do Estoril.

E, na atividade, Verstappen impressionou, já que em poucas voltas ele já estava no mesmo ritmo que os titulares da Footwork tiveram na classificação para o GP de Portugal, realizado poucos dias antes.

Com o forte desempenho, Verstappen se tornou figura cobiçada no meio da F1, pois, segundo ele, houve sondagens de todas as equipes exceto Ferrari e Williams. Então, ele assinou um contrato de seis anos de duração com a Benetton, e em 1994, seria piloto de testes e passaria por um ano inteiro de aprendizado.

Estreia precipitada de Verstappen e início da peregrinação

O destino acabou mudando os planos da Benetton, que se viu obrigada a antecipar o projeto Verstappen.  Na pré-temporada de 94, um dos titulares da Benetton, J.J. Lehto, fraturou duas vértebras em um acidente em Silverstone, e precisou ficar afastado das pistas.

Isso promoveu Verstappen às corridas de forma prematura, sendo que ele ficou com a vaga em definitivo devido ao mau rendimento de Lehto em seu retorno. Mas a experiência não foi das melhores para Verstappen. O jovem holandês não teve uma fácil adaptação ao carro, e andava longe do parceiro, Michael Schumacher, que caminhava rumo ao primeiro título mundial.

O ponto alto de Verstappen foram os seus dois terceiros lugares, na Hungria e na Bélgica, mas, de resto, foi uma campanha para esquecer. No geral, o ano foi mais lembrado pelo acidente no Brasil, sua corrida de estreia, ou o impressionante incêndio durante um pitstop no GP da Alemanha, talvez a cena mais marcante de toda sua carreira.

Ao longo dos anos Verstappen até insinuou que o carro de Schumacher usava recursos eletrônicos, coisa que nem ele, nem a FIA conseguiram comprovar. Ainda nas últimas corridas de 94, Verstappen perdeu a vaga na Benetton e foi substituído por Johnny Herbert, o que selou um fim traumático à sua primeira real experiência como piloto de F1.

Verstappen ainda foi mantido sob contrato com a Benetton para 1995, voltando a ser seu piloto de testes. Mas, para ganhar mais experiência, ele também foi emprestado para correr na Simtek, uma das equipes com menos recursos do grid.

E, ali, conseguiu desempenhos que surpreenderam, quando conseguia colocar o fraco carro da Simtek no pelotão intermediário. Acontece que a Simtek faliu depois do GP de Mônaco, então Verstappen mais uma vez se viu sem vaga.

Ao fim de 95, o longo contrato de Verstappen com a Benetton foi rompido, mas ele conseguiu selar seu retorno ao grid em 96 com a Footwork, time onde realizou seu primeiro teste na F1. Na nova equipe, mostrou velocidade, com destaque para um sexto lugar na Argentina, o único ponto da Footwork naquele ano.

Em contrapartida, em 96 Verstappen também adquiriu uma reputação de se envolver em muitos acidentes. Como o campeão Damon Hill estava livre no mercado, a Footwork conseguiu contratar o inglês para 97, quando voltaria a se chamar Arrows.

Assim, Verstappen ficou sem espaço no time, e teve de encontrar refúgio na Tyrrell, tradicional time que já vivia uma situação precária. Na nova casa, Verstappen não conseguiu arrumar muita coisa, pois a Tyrrell já havia se tornado uma equipe do fundo do pelotão.

E, depois de uma campanha zerada em pontos, o holandês mais uma vez esteve em situação vulnerável no mercado. Ao fim de 97, a Tyrrell foi vendida ao grupo British American Tobacco, então 98 seria um ano de transição, até a operação mudar de identidade em 99. E, para a última temporada da Tyrrell na F1, os novos donos optaram por dispensar Verstappen e contar com pilotos que traziam um maior aporte financeiro.

Se pelo lado profissional as coisas estavam complicadas, no âmbito pessoal havia motivos para celebrar: em setembro de 97, Jos e sua esposa, a ex-kartista Sophie Kumpen, se tornaram pais com a chegada do pequeno Max.

Busca por vagas sem chances competitivas

O ano de 98 foi mais um período de transição para Verstappen. No primeiro semestre, ele se dedicou a testes realizados com a Benetton, mas a chance de retornar às corridas veio em junho, quando substituiu Jan Magnussen para correr ao lado de Rubens Barrichello na Stewart.

De uma forma geral, o holandês sofreu na nova equipe, com um carro pouco veloz e confiável, e com dificuldades para acompanhar o ritmo de seu parceiro brasileiro. Então, para 99, Verstappen foi substituído por Johnny Herbert, e novamente ficou sem uma vaga.

Foi quando surgiu uma possibilidade que parecia bastante promissora. A Honda estava de olho em voltar à F1 em 2000, e planejava fazê-lo com uma nova equipe 100% própria. Mais do que isso: parte do estafe que estava tocando as operações era formado por ex-membros da Tyrrell, em quem Verstappen deixou boas impressões em 97.

Desta forma, o holandês foi contratado para ser para ser piloto da Honda em 99, de olho em uma vaga na F1 com a nova equipe para 2000. Nos testes que realizou, Verstappen teve um ritmo encorajador com a Honda, e tudo indicava que ele teria a oportunidade mais promissor de sua carreira. Só que a marca japonesa abortou o plano, como já detalhamos no vídeo abaixo, o que deixou Verstappen mais uma vez a ver navios.

Para continuar na F1, Verstappen mais uma vez precisou recorrer ao pelotão intermediário, e novamente encontrou na Arrows uma chance. A equipe vinha se fortalecendo tecnicamente e chegou a ser uma das grandes surpresas da pré-temporada de 2000.

Em algumas ocasiões, Verstappen e seu parceiro, Pedro de la Rosa, flertaram com posições mais fortes. Para o holandês, o que se salvou foram um quinto lugar no Canadá e um quarto na Itália, seus melhores resultados deste os tempos de Benetton.

Com isso, Verstappen foi mantido pela Arrows para 2001, o que era, de forma surpreendente, a primeira vez em sua carreira que ele competiria pelo mesmo time em duas temporadas seguidas. Só que, desta vez, a Arrows perdeu terreno na relação de forças.

Verstappen até chegou a chamar atenção com um bom rendimento na Malásia, quando escalou o pelotão, mas, de uma forma geral, conseguiu salvar apenas um pontinho, na Áustria.

O lance que marcou a sua temporada foi um momento infeliz, quando tirou da prova o líder Juan Pablo Montoya em Interlagos no momento em que levava uma volta. Naquele ano, Verstappen chegou a renovar seu contrato com a Arrows para 2002, mas de última hora foi demitido para abrir vaga para Heinz-Harald Frentzen, o que até fez o holandês entrar na justiça contra o time.

O piloto negociou para fazer testes com a Sauber, mas o negócio não saiu do papel, e de novo Verstappen ficou a pé. Por incrível que pareça, Verstappen mais uma vez conseguiu retornar ao grid depois de uma temporada ausente.

Para 2003, ele juntou o apoio financeiro para garantir vaga na Minardi, que era na época a equipe menos competitiva na F1. Então, Verstappen não tinha muitas possibilidades de sonhar alto.

O único ponto de destaque naquele ano veio na pré-classificação do GP da França, quando pegou a pista mais seca no sistema de voltas lançadas e terminou a sessão com a primeira posição, feito bastante celebrado pela Minardi.

Ao fim da temporada, Verstappen deixou a equipe e tentou se juntar à Jordan, mas sem sucesso nas negociações. E foi assim, sem muita gente perceber, que a carreira de Jos Verstappen na F1 chegou ao fim.

No total, ele participou de 107 corridas, anotou 17 pontos e dois pódios, em um curioso caso de quem estreou pelo time campeão mundial e terminou a carreira na equipe lanterna.

Mesmo assim, Verstappen foi, por muitos anos, o piloto holandês mais bem sucedido da história da F1, algo que seria superado apenas décadas mais tarde por seu filho. E sua participação nisso foi muito maior do que uma passagem de genes. Após sua aposentadoria, ele assumiu pessoalmente a carreira do filho desde as primeiras aceleradas no kart. Os detalhes dessa jornada, já contamos aqui no Projeto Motor em outro artigo.  

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